Paciente que morreu por coronavírus em SP não estava em lista de casos confirmados

Governo de São Paulo só confirmou covid-19 em vítima um dia após a morte; equipe estadual estuda ampliar testes

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SÃO PAULO – A primeira morte pelo novo coronavírus no Brasil foi de uma pessoa que estava fora da contagem oficial de infectados, que é informada diariamente pelo Ministério da Saúde. O governo de São Paulo, que assim como os demais Estados repassa a Brasília os dados locais, não tinha confirmado a contaminação do paciente até as 10h30 desta terça-feira, 17.

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O óbito ocorreu na segunda, 16. A Secretaria Estadual da Saúde, agora, diz que estuda formas de ampliar os centros de diagnóstico para mapear melhor o crescimento do surto de coronavírus no Brasil. 

A vítima, um paulistano que não havia viajado para o exterior, ficou seis dias internado em um hospital de uma rede particular de São Paulo. O resultado do teste só foi recebido após o óbito. Essa rede teve mais quatro mortes em que há suspeita de infecção pelo novo coronavírus. 

Passageiro é visto com máscara no metrô de São Paulo Foto: REUTERS/Rahel Patrasso

De acordo com informações divulgadas pelo jornal O Globo, parentes da vítima também apresentaram sintomas semelhantes aos do coronavírus, mas ainda não foram submetidos ao teste. Segundo a reportagem, a vítima teve convívio próximo com o pai, de 83 anos, a mãe, de 82, o irmão, de 61, e duas irmãs, de 60 e 55.

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O irmão disse que procurou atendimento e pediu pelo teste, mas disseram que não tinha. Agora, ele está evitando sair de casa. Uma das irmãs chamou o Samu e teria sido internada, segundo relato dos parentes à reportagem. "A gente tentando sempre tomar cuidado, indo no médico direto. Agora não sei mais o que vai ser. Pegou uma família inteira. Estamos na mão de Deus", disse o irmão da vítima. 

Sem exames em massa, que é uma recomendação da Organização Mundial de Saúde (OMS), o governo de São Paulo não tem o dado exato de quantos pacientes em estado grave (com risco de morte) estão internados no Estado neste momento.

Até esta terça-feira, o País tinha 291 casos confirmados de coronavírus, segundo o Ministério da Saúde. Em São Paulo, há 162 casos confirmados, mas não há dado exato sobre quantos correm risco de morrer. A estimativa das autoridades, baseada em pesquisas já publicadas sobre o coronavírus, é de que 8% dos pacientes infectados evoluam para estado grave, segundo o infectologista David Uip, que coordena a equipe de combate à pandemia no Estado. 

Até segunda-feira, Uip se mostrava contrário à ampliação dos exames, dizendo que a massificação de testes era “ideal”, mas não “real”. Ontem, ele disse que seu grupo de trabalho irá fazer a recomendação ao governador João Doria (PSDB) para ampliação do centro de diagnóstico do Estado. 

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Uip disse que há “a missão de arquitetar essa possibilidade de ampliação dos centros de diagnóstico em todo o Estado” para, depois, buscar recursos para operá-lo. “Vamos aguardar também a orientação do Ministério da Saúde, que é o órgão maior que deve fazer a política e disponibilizar recursos”, disse Uip.

O secretário estadual da Saúde, José Henrique Germann, também sinalizou nesse sentido. “Entendemos que é adequado tentar ampliar os centros de diagnóstico”. Ele destacou, entretanto, que o centro de diagnósticos público não é voltado para análises e entregas de resultados individuais para pacientes, mas sim para orientar com dados as políticas públicas. 

“O laboratório de saúde público tem que ampliar a sua rede mas a finalidade dele é ampliar a vigilância para o controle da epidemia. Nós já temos informação suficiente para ver que a epidemia está subindo rapidamente, os números crescem a cada dia”, disse o coordenador do Centro de Doenças (CCD) de São Paulo, Paulo Menezes. 

Nesta segunda, depois da orientação da OMS sobre massificação dos testes, o Ministério da Saúde já havia sinalizado a possibilidade de ampliar os exames, embora sem ações concretas. O entendimento anterior era que os exames em pacientes internados só deveriam ser feitos até a constatação de transmissão comunitária (quando o vírus já circula em determinada região). Constatada essa transmissão, segundo o ministério, já não haveria sentido em testar todo caso suspeito, pois já se saberia da circulação do vírus no território, o que seria o fator determinante para o planejamento das ações públicas. 

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