Exercício físico depois dos 50 anos: dicas para mulheres que querem começar a treinar

Exercícios físicos podem aliviar sintomas da menopausa e contribuem para um envelhecimento com mais saúde. Mas é preciso iniciar com calma

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Foto do author Ana Carolina Sacoman

É sempre muito bom começar uma atividade física, em qualquer momento da vida. Mas, antes de mergulhar no mundo fitness e sair levantando peso por aí, é preciso ter alguns cuidados. Veja o que dizem os médicos:

É possível começar a praticar exercícios a qualquer momento?

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Luciana Janot, cardiologista e referência médica do Centro de Reabilitação do Hospital Israelita Albert Einstein: É possível, mas é necessário ter alguns cuidados, especialmente para as mulheres mais velhas. É preciso, no entanto, fazer uma diferenciação. Se você é sedentário e quer começar a fazer uma caminhada, não é preciso muito, não vamos burocratizar. Mas, para quem quer começar a fazer treinos intensos, aí é recomendado fazer uma avaliação clínica. Pode ser com um clínico, um cardiologista ou um médico do esporte.

Joaquim Grava, ortopedista do Hospital São Luiz Morumbi, da Rede D’Or: Sim, desde que de forma gradativa. O problema é que muita gente começa afoita, se machuca e aí desanima. É possível começar aos poucos, com aquecimento em uma bicicleta, no elíptico, na esteira ou até com uma caminhada no parque e depois fazer o trabalho muscular. Se você consegue levantar dois quilos, resolve levantar 10, você vai parar em uma semana, porque não vai conseguir e ficará desmotivado.

Quais cuidados é preciso ter antes de começar?

Joaquim Grava: Primeiro, procurar um médico. O médico de esportes vai fazer uma avaliação cardiorrespiratória, vai ver se está tudo bem, porque nem todo mundo sabe, mas pode-se enfartar levantando peso. Depois, é indicado procurar um nutrólogo ou nutricionista para ver a necessidade de suplementação.

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Quais exames são necessários antes de começar?

Joaquim Grava: Um exame cardiológico e uma avaliação física. O educador físico, ou personal, pode usar um aparelho que mostra quanto peso a pessoa suporta. É uma boa máquina para os sedentários, que ainda não têm essa noção, pois isso, claro, é muito individual. No futebol, por exemplo, temos aparelhos que medem a força dos membros inferiores. Então, para quem está começando, faça uma avaliação física, veja qual o tipo de exercício que pode fazer e a quantidade de peso que pode levantar. É um risco fazer musculação sem saber se tem algum problema cardiovascular, pode ser fatal.

Para a mulher isso é ainda mais necessário?

Luciana Janot: Cerca de 35% das mulheres no mundo têm doenças cardiovasculares. E nas mulheres mais velhas tem a menopausa, quando se perde a proteção hormonal. Uma avaliação clínica leva em conta os fatores de risco clássicos, como diabete, excesso de peso e hipertensão. Mas, na mulher, é interessante investigar se ela teve menopausa prematura, como foi esse período para ela, se faz terapia de reposição hormonal, se teve diabete gestacional, se tem doença autoimune. A mulher também tem propensão a outros fatores de risco, como ansiedade e depressão. Então, no caso das mulheres mais velhas, não é só olhar para os fatores de risco que a gente já conhece.

Quais cuidados tomar durante a prática de exercício?

Luciana Janot: Seguir o que foi prescrito pelo profissional de educação física e, se perceber algum desconforto, cansaço, ver que ficou difícil executar um exercício que fazia normalmente, sente tontura ou dor, é indicado procurar um médico e passar por uma reavaliação. É preciso ficar atento aos sinais do corpo. Se não tiver nada disso, é bom passar por uma avaliação física uma vez por ano.

E a parte musculoesquelética?

Joaquim Grava: Se tiver algum sintoma, uma dor no joelho, no tornozelo, na lombar, é bom procurar um ortopedista para fazer uma avaliação se a sua atividade é adequada. Quem tem problema na patela, por exemplo, não pode fazer o leg press nem agachamento com peso, duas atividades que as mulheres adoram, porque são boas para os glúteos, mas tem gente que não pode fazer e nem sabe.

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Por que a dor passa quando nos exercitamos?

Joaquim Grava: Porque estamos nutrindo nossas articulações com movimentos e a musculatura também. A inatividade leva à dor. E tem pessoas que começam a envelhecer precocemente e a ter mais dores.

A menopausa afeta o rendimento?

Luciana Janot: As mulheres mais ativas vão usar o exercício físico como forma de melhora na menopausa. Muitos dos sintomas podem ser amenizados com os exercícios. Sobre rendimento, é possível continuar a ser esportista após a menopausa, sem problemas.

Joaquim Grava: Só se a mulher não fizer a reposição hormonal. Mas, aí, não é só na atividade física, mas na saúde em geral. A menopausa não diminui a força nem a resistência. Pelo contrário, quem está na menopausa é que tem de começar a se movimentar porque com ela podem vir problemas como a osteoporose, por exemplo. Fazer exercícios físicos previne esse tipo de coisa.

Por que a constância é importante?

Luciana Janot: Porque é ela que vai adaptar o seu organismo para cargas maiores. No caso dos chamados atletas de fim de semana, por exemplo, se ele tem um risco, ele vai acontecer nesse momento em que está praticando exercícios com mais intensidade. O exercício é um estressor fisiológico, ele aumenta a frequência cardíaca, aumenta a pressão e com isso vai adaptando o organismo para exigências maiores.

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Por que é importante ganhar massa muscular para envelhecer bem?

Luciana Janot: Porque é o músculo que vai nos manter caminhando, ele dá suporte para os nossos ossos. Nosso esqueleto precisa do músculo, ele é fundamental para nos sustentar. Ele também ajuda na parte metabólica.

A genética ajuda?

Luciana Janot: O que ajuda é a motivação de executar o exercício e ter o benefício. Após os 50 anos, a execução é o fator-chave.

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