Pernilongos: eles preferem certos tipos de pele? Vitamina B impede as picadas? Tire dúvidas

Conversamos com especialistas para esclarecer essas e outras perguntas clássicas a respeito do assunto

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Por Thais Szegö
Atualização:

As altas temperaturas e a umidade, características típicas do verão, criam um ambiente propício para a proliferação de pernilongos, também conhecidos como muriçocas. Embora seja minúsculo, ele tem capacidade de provocar grande incômodo – de dificuldade para dormir em decorrência do barulho que faz até picadas que coçam sem parar.

Devido à popularidade do inseto – ainda que nada positiva –, sempre ouvimos histórias sobre ele e dicas para evitar sua aproximação. Investigamos o que de fato faz sentido e o que não tem comprovação científica.

Proliferação de pernilongos no verão é maior. Foto: raisondtre/Adobe Stock

É verdade que pernilongos têm preferência por alguns perfis de pessoas?

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Sim, eles têm lá suas predileções, e elas estão ligadas sobretudo a fatores como transpiração e temperatura corporal. “Algumas substâncias expelidas na transpiração, como ácido lático, ácido úrico e amônia, são atrativas para os mosquitos”, explica Júlio Onita, infectologista do Hospital IGESP, em São Paulo. “Além disso, estudos mostram que os alvos preferidos são os homens adultos, o que acontece devido ao odor característico expelido pela sua pele”.

Flávia Virginio, pesquisadora e curadora da coleção entomológica do Instituto Butantan, em São Paulo, acrescenta: “Mosquitos são atraídos por dióxido de carbono (CO2) e ácido lático. Por isso, quem respira de forma mais ofegante, emitindo mais CO2 por minuto, ou transpira mais, liberando mais ácido lático por minuto, é o principal alvo das fêmeas, que picam para sugar o sangue”.

Segundo Flávia, existem alguns estudos ainda muito incipientes que vêm desvendando o maior interesse dos pernilongos por determinados tipos sanguíneos – mas ainda não é algo que possa ser tido como um consenso. “Talvez daqui alguns anos, com estudos mais robustos, possamos demonstrar que, de fato, a atração dos mosquitos também tenha alguma relação com essa característica.”

Tomar vitaminas do complexo B ajuda a evitar as picadas?

Muita gente defende tal teoria, mas não existem evidências científicas de que essas substâncias sejam capazes de afastar os pernilongos.

Até porque cada organismo processa as vitaminas de um jeito – e não dá para garantir que esses compostos vão chegar ao sangue a ponto de serem expelidos por meio da pele.

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Soluções naturais para aplicar na pele são eficazes contra os mosquitos?

Os óleos de citronela, manjericão, lavanda, cravo-da-índia e melaleuca e o vinagre de maçã, entre outros, são muito citados pela sabedoria popular para manter a pele a salvo das picadas.

Alguns desses produtos até podem auxiliar no combate aos pernilongos quando usados na composição de repelentes industriais efetivos. Entretanto, não há comprovação científica de que a aplicação isolada e de maneira caseira surtirá o mesmo efeito. Isso porque, nesses casos, não há produção padronizada nem testagens.

Isso sem falar que muitos repelentes caseiros não garantem eficiência em longo prazo e ainda podem desencadear alergias e irritações na pele.

Repelentes caseiros, à base de ingredientes naturais, não são indicados contra os pernilongos, já que a formulação não costuma ser padronizada e eles não passam por testes. Foto: Chalabala/Adobe Stock

Faz sentido recorrer a velas ou repelentes que liberam aromas?

De acordo com Flávia, as velas até podem ajudar em ambientes fechados e sem corrente de vento, assim como repelentes eletrônicos que liberam aromas, como os de citronela e cravo.

“Mas é sempre bom ler os rótulos dos produtos para ter certeza de que eles foram testados de forma séria, garantindo que não se trata de algo tóxico para nós, as crianças e os animais que vivem conosco”, alerta.

O que de fato ajuda a evitar as picadas?

As barreiras físicas, como roupas mais longas e de preferência claras, além de telas nas janelas, são ótimas aliadas.

O uso de repelentes adequados também é muito importante. “Existem três substâncias utilizadas nesse tipo de produto que são aprovadas pela Anvisa: a DEET (N,N-dietil-3-metilbenzamida), a icaridina e a IR3535 (etilbutilacetilaminopropionato). Por isso, é importante checar o rótulo antes da compra”, diz Denis Miyashiro, dermatologista do Hospital Alemão Oswaldo Cruz.

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“Agora, é preciso ficar atento ao fato de que alguns repelentes têm restrições para o uso em crianças menores de 2 anos e gestantes”, adverte.

Os repelentes de tomada também são boas opções. O mesmo vale para aqueles em forma de spray para borrifar no ambiente. Mas, nesse caso, o ideal é retirar as pessoas e animais de estimação na hora da aplicação e não utilizar onde há alimentos, plantas, chamas ou coisas muito quentes. De acordo com Flávia, não há evidências científicas de que os repelentes ultrassônicos, que emitem ondas sonoras, sejam efetivos contra os pernilongos.

Como amenizar os sintomas após tomar picadas?

Em casos mais leves, como acontece com a maioria das pessoas, não há necessidade de muitas ações, pois a picada tende a regredir espontaneamente. “Se a coceira estiver muito intensa, indica-se passar uma pedra de gelo ou uma pomada antialérgica no local”, ensina Onita.

“Para casos mais intensos, com múltiplas picadas ou lesões muito sintomáticas, é indicado fazer o tratamento com medicamentos tópicos (cremes e pomadas) e sistêmicos (via oral) que aliviam a inflamação e a sensação de coceira”, recomenda Miyashiro.

Nessas situações mais sérias, o ideal é consultar um médico para que ele prescreva o melhor tratamento para cada caso, principalmente diante de sintomas como urticária e problemas respiratórios que podem surgir em casos extremos em pessoas alérgicas.

Uma consulta com um especialista também é muito bem-vinda se estiver planejando viajar para locais com alta incidência de pernilongos e você ou alguém da sua família for alérgico. O recado é válido também se a viagem for para locais com muitos registros de doenças transmitidas por meio das picadas, como dengue, zika, chikungunya ou malária.

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