BRASÍLIA - O governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), determinou o fechamento de todos os serviços não essenciais a partir da 0h deste domingo, 28, para conter o avanço do novo coronavírus. A medida é mais rigorosa do que a anunciada na quinta-feira, de lockdown apenas entre 20h e 5h a partir da próxima segunda.
A decisão foi tomada após a ocupação dos leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) específicos para pacientes com a covid-19 beirar o limite. O índice estava em 98% no fim da tarde desta sexta.
O governo prepara um decreto com detalhes sobre a nova medida preventiva. A expectativa inicial, de lockdown noturno, duraria pelo menos 14 dias, segundo Ibaneis.
Nesta sexta, o governador esteve em Samambaia, cidade satélite do DF, para anunciar a abertura de sete novos leitos. Ele prometeu mais 60 no Hospital de Campanha de Ceilândia (20) e no Hospital Regional de Santa Maria (40).
O presidente da Câmara, Arthur Lira (Progresistas-AL), informou por meio da sua assessoria ter sido informado por Ibaneis, por telefone, de que haveria o fechamento total no DF. Segundo ele, o governador recomendou a restrição à circulação de visitantes na Casa, o que deverá ser atendido por Lira. O mesmo deve ocorrer com o Senado Federal.
O governador foi o primeiro entre os 27 do País a adotar medidas de isolamento para restringir a circulação de pessoas. Antes mesmo da confirmação do primeiro caso da doença no Distrito Federal, Ibaneis decretou emergência, no dia 28 de fevereiro. No dia 11 de março, suspendeu aulas e proibiu eventos.
Em junho, porém, o governador mudou radicalmente de postura e antecipou, em entrevista ao Estadão, que faria ampla reabertura de serviços. À época ele disse que "restrições" já não serviam para nada, pois havia se esgotado o "limite" da população. “(A covid-19) Vai ser tratada como uma gripe, como isso deveria ter sido tratado desde o início.”
Em dezembro, o governador promoveu uma confraternização em sua casa em Brasília, com a presença do cantor sertanejo Zezé Di Camargo e o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello. Em plena pandemia, os três posaram para fotos, sem máscara.
O decreto publicado pelo governador Ibaneis Rocha suspende todas as atividades e estabelecimentos comerciais e industriais do Distrito Federal. Entre os locais alcançados, salões de beleza, museus e academias.
A lista dos serviços suspensos:
- eventos, de qualquer natureza, que exijam licença do Poder Público; - atividades coletivas de cinema e teatro; - atividades educacionais em todas as escolas, universidades e faculdades, das redes de ensino pública e privada; - academias de esporte de todas as modalidades; - museus; - zoológico, parques ecológicos, recreativos, urbanos, vivenciais e afins; - boates e casas noturnas; - atendimento ao público em shoppings centers, feiras populares e clubes recreativos; - estabelecimentos comerciais, de qualquer natureza, inclusive bares, restaurantes e afins; - salões de beleza, barbearias, esmalterias e centros estéticos; - quiosques, foodtrucks e trailers de venda de refeições; - oficinas de lanternagem e pintura; - comércio ambulante em geral; - construção civil;
O decreto permite o funcionamento normal de supermercados, farmácias e postos de combustíveis. Igrejas também podem continuar funcionando.
A lista de serviços e estabelecimentos dispensados do lockdown:
– supermercados; – hortifrutigranjeiros; – minimercados; – mercearias e padarias; – postos de combustíveis; – comércio de produtos farmacêuticos; – hospitais, clínicas e consultórios médicos e odontológicos, laboratórios e farmacêuticas; - clínicas veterinárias - comércio atacadista; - lojas de medicamentos veterinários ou produtos saneantes domissanitários; - funerárias e serviços relacionados; - lojas de conveniência e minimercados em postos de combustíveis exclusivamente para a venda de produtos; – serviços de fornecimento de energia, água, esgoto, telefonia e coleta de lixo; – lojas de material de construção; - cultos, missas e rituais de qualquer credo ou religião;
Serviços de delivery também podem funcionar, sem atendimento ao público. A venda de bebidas alcoólicas após as 20 horas será proibida. O decreto não faz menção ao funcionamento da estrutura administrativa da Esplanada dos Ministérios e da Praça dos Três Poderes. /COLABOROU MATEUS VARGAS
Correções
Assessoria do governo informou inicialmente sábado, mas decreto diz domingo
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