Pilates: conheça os benefícios da prática para o corpo

A pandemia agravou problemas como estresse e má postura, mas a técnica não é restrita a esse grupo: qualquer um pode praticar pilates

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Durante a pandemia, o estresse e o trabalho remoto – muitas vezes com menor ergonomia do que nos escritórios – colaboraram para que mais pessoas sentissem dores e incômodos no corpo. Por isso, ao buscar exercícios físicos, muitos acabam se decidindo pelo pilates.

O método utiliza o peso do próprio corpo para executar os movimentos, e é recomendado por médicos principalmente para quem sofre com problemas de coluna. Mas não se restringe apenas a esse grupo. O pilates é baseado em seis princípios: concentração, centralização, precisão, respiração, controle e fluidez. Os exercícios são executados de forma que o aluno consiga se concentrar para controlar o ritmo, manter o equilíbrio e realizar os movimentos de maneira correta e fluida.

A instrutorade pilates Amanda Carvalho: 'A pessoa vem na primeira semana e na segunda a gente já vê que a postura dela melhorou' Foto: Taba Benedicto/Estadão

“A pessoa vem na primeira semana e na segunda você já percebe que a postura dela melhorou. O posicionamento, a força”, explica Amanda Carvalho, de 35 anos, educadora física e dona de um estúdio na região da Avenida Paulista, em São Paulo. Para ela, apesar dos diferentes objetivos dos alunos, o principal é ter um corpo mais saudável.

O corpo ideal deve ser aquele que é forte e alongado

Amanda Carvalho, instrutora de pilates

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“Com 10 sessões você perceberá a diferença. Com 20, os outros vão perceber a diferença, e com 30 sessões você terá um novo corpo” é uma das frases atribuídas a Joseph Pilates, “pai” do método. O pilates foi criado com 32 exercícios realizados no solo. Depois, Joseph idealizou os aparelhos que são utilizados em estúdios. Segundo Amanda, as aulas de solo são mais pesadas do que as de aparelhos, mas estas também podem ter a dificuldade ampliada.

Ela conta que a maior procura pela prática é de pessoas que têm problemas na coluna ou no joelho, e que sofreram piora durante a pandemia. “O encurtamento muscular é um fator determinante para quem tem dor nas costas. Quem passa muito tempo sentado fica com toda a cadeia posterior encurtada, o que gera desequilíbrio e lesão.” 

“Quem fez fisioterapia precisa continuar fazendo um fortalecimento (muscular), e o pilates é excelente para esse complemento”, explica o dr. Pedro Baches, ortopedista e médico do esporte na clínica SO.U, em São Paulo. No entanto, segundo ele, o método é um exercício completo até para quem não tem nenhuma lesão. “O pilates trabalha muito bem os músculos do ombro e da cintura pélvica (core), além dos músculos do abdômen, das costas e do quadril.”

Segundo o médico, no entanto, há um equívoco na crença de que o pilates é um exercício mais leve do que a musculação. Por isso, é sempre importante respeitar os limites do corpo. “Cada um deve praticar no seu nível. Por ser um exercício pesado e cansativo, é importante ter uma instrução adequada e uma progressão da carga”, diz.

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Para todas as idades

“Enquanto eu estiver fazendo o meu exercício regular, as minhas dores são controláveis”, explica a bacharel em Direito Deyse Carnelós, de 36 anos. Ela foi diagnosticada com fibromialgia, doença reumática que afeta a musculatura e causa dores. A mãe dela, já falecida, que também sofria do mesmo mal, foi quem indicou o pilates. “Minha mãe encontrou a salvação da vida dela no pilates, ele ajudou muito nas dores que ela sentia.”

Aluna de pilates há sete anos, Deyse acabou levando o marido, os dois filhos, o pai, a irmã e o cunhado para o estúdio. Mesmo durante a pandemia, eles fizeram aulas online e os benefícios foram mantidos. “Contamos com um carinho especial de nossos instrutores durante a quarentena e tivemos aulas online para não perder o ritmo”, afirma Waldir, de 65 anos, pai de Deyse. Ele conta que, além dos benefícios físicos, também sentiu uma melhora na qualidade do sono e redução do estresse. “Sempre procuro me superar.”

Maria Sandra Gajos, de 70 anos, passou a praticar pilates online na pandemia: 'Recomendo para todos' Foto: Werther Santana/Estadão

Deyse também fez questão de que os filhos Gilberto e Olívia, de 7 e 10 anos, respectivamente, fizessem pilates desde cedo. Olívia é aluna de pilates kids no estúdio da fisioterapeuta Marcella Contursi há dois anos. A necessidade surgiu quando Gilberto, o mais novo, foi diagnosticado com uma rotação no quadril. “O pilates os ensinou a sentar, a se movimentar. Eles gostam que a professora brinque com eles, a aula fica divertida. E ao mesmo tempo ela passa exercícios de adulto.”

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Solução online

Com o fechamento dos estúdios pelo País, a prática se adaptou ao meio virtual. Apesar da distância, a instrutora Amanda garante que os alunos continuaram a evoluir. Para aqueles que ainda não se sentem confortáveis em voltar aos estúdios ou academias, ela recomenda manter ao menos o online. “Entre você fazer online ou ficar parado, é melhor fazer online. Em vez de gastar em medicamentos, fisioterapia e massoterapia, você está investindo em sua saúde.”

A aposentada Maria Sandra Gajos, de 70 anos, também transformou a sala de casa em um estúdio de pilates durante a pandemia. “A vantagem é que usamos materiais que temos em casa, como cadeira, parede, pesos, entre outros”, explica. 

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Segundo ela, depois de anos de trabalho e vivendo uma vida sedentária, o corpo passou a pedir mudanças. “Eu ainda estava trabalhando na época em que comecei. Tinha muitas dores na lombar e a coluna sempre ficava travada”, conta. Com os treinos, Sandra se sente renovada. 

“Recomendo o pilates para todos. Serve para todas as idades, independentemente de ser um atleta de alto nível ou um sedentário que quer mudar de vida”, conta. Entre os benefícios da prática ao longo dos anos, ela destaca a maior força muscular, resistência física e diminuição do atrito nas articulações. Além disso, ela ressalta, é importante ter o apoio e o acompanhamento dos instrutores.

DICAS PARA COMEÇAR A PRATICAR PILATES

  • Buscar um estúdio com profissionais formados em Educação Física ou em Fisioterapia. Não tenha medo de tirar dúvidas ou fazer uma aula experimental antes de se matricular: essa é uma forma de você entender a metodologia e criar confiança.
  • Exames médicos ou uma avaliação física para que o instrutor possa entender que tipo de exercício é o mais recomendado são importantes, especialmente se você sente dores.
  • O pilates é um exercício que exige muita mobilidade. Então, é importante usar roupas leves e que se ajustem ao seu corpo.
  • A prática nos estúdios é feita sem sapatos: para facilitar. Fique descalço ou use uma meia antiderrapante.
  • Comunicação é essencial: tire dúvidas com o instrutor e avise caso sinta alguma dor durante os exercícios.

Pilates ensinou técnica para presos na Primeira Guerra

Método criado por Joseph Pilates utiliza o peso do corpo para fazer os movimentos e pode contar com a ajuda de aparelhos Foto: Taba Benedicto/Estadão

O criador do método é Joseph Pilates, um alemão nascido em 1883, em Monchengladbach. Quando criança, ele sofria de asma, raquitismo, bronquite e febre reumática. Filho de um ginasta e de uma naturopata, especialista em remédios naturais, ele se aprofundou em estudos de anatomia, medicina tradicional chinesa, musculação, ioga, ginástica, circo, dança e outras práticas, até desenvolver a sua própria técnica.

Detido na Inglaterra durante a Primeira Guerra Mundial, Joseph passou a ensinar os seus exercícios a outros prisioneiros para que eles se mantivessem saudáveis. Após a guerra, ele voltou para a Alemanha e passou a trabalhar com a reabilitação de bailarinos machucados, além de treinar policiais e membros do exército.

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Em 1923, mudou-se para os Estados Unidos. Ao lado da esposa, passou a dar aulas para o público em geral, popularizando a prática. Pilates morreu em 1967, aos 83 anos, e seus ensinamentos ganharam o mundo, incluindo celebridades como Madonna, Adele e Lady Gaga. No Brasil, Isis Valverde, Grazi Massafera, Giovanna Antonelli e Carolina Dieckman estão entre as adeptas do exercício criado por ele. 

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