O papa Francisco permanece internado no Hospital Policlínico Universitário Agostino Gemelli, em Roma. Na terça, 18, após passar por exames, ele foi diagnosticado com pneumonia bilateral.
Neste sábado, 22, o Vaticano informou que o pontífice teve uma crise respiratória asmática prolongada, precisou fazer transfusões de sangue e que seu quadro de saúde é crítico.

Histórico
O pontífice foi internado na sexta-feira, 14, após uma semana de bronquite. Conforme a agência de notícias italiana Ansa, ele chegou ao Gemelli na sexta-feira sem muito fôlego devido à dificuldade respiratória ligada a um excesso de muco, e um tratamento “caseiro” para bronquite não havia dado os resultados esperados.
Na segunda-feira, 17, o porta-voz do Vaticano, Matteo Bruni, disse que o Papa apresentava uma “infecção respiratória polimicrobiana”. Em entrevista ao Estadão, o pneumologista Elie Fiss, do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, em São Paulo, explicou que esse quadro indica a presença de múltiplos agentes patológicos. “Pode ser uma infecção viral seguida de uma bacteriana, ou até uma infecção causada por dois vírus. É possível ainda termos até a ação de duas bactérias”, disse o especialista.
O que é pneumonia bilateral
De acordo com Gabriel Santiago, coordenador nacional de Pneumologia da Rede D’Or, quando se fala em pneumonia bilateral, significa que a infecção afeta os dois pulmões. Esse quadro pode ser mais grave do que uma pneumonia “comum”, que acomete apenas parte de um pulmão, sobretudo no caso do Papa.
O médico lembra que o pontífice teve uma infecção pulmonar grave quando era jovem, o que levou à remoção de parte do seu pulmão direito, além da evolução para alterações chamadas de bronquiectasias, que são alargamentos dos brônquios e dificuldade de expectorar a secreção.
“Essa condição faz com que ele tenha uma capacidade respiratória menor, o que pode deixá-lo mais vulnerável a infecções respiratórias e complicações, especialmente com o avanço da idade”, explica Santiago.
Ainda de acordo com o especialista, o mais importante nesses casos é garantir um tratamento adequado, escolhendo antibióticos específicos para as bactérias envolvidas, com o apoio de testes de sensibilidade desses micro-organismos. O objetivo é controlar a infecção e evitar a evolução do quadro com complicações ainda mais graves.
Saúde fragilizada
O Papa tem enfrentado problemas de saúde há muito tempo, incluindo episódios prolongados de bronquite. Durante a Santa Missa do Jubileu das Forças Armadas, no último domingo, 9, o pontífice pediu para um assistente ler o discurso por conta de dificuldades respiratórias.
Ele usa um andador ou bengala para se mover. Em janeiro, sofreu uma queda em sua casa e machucou o braço direito. Na ocasião, teve de imobilizar o braço por precaução.
Antes disso, o Papa já havia aparecido com um hematoma após bater o queixo em sua mesinha de cabeceira. Eventualmente, ele também tem utilizado cadeira de rodas para se movimentar. / Com informações da AP e Victória Ribeiro