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Planos de saúde: Polícia Civil deflagra operação contra fraude milionária

‘Clínicas fantasmas’ contratavam serviços e simultaneamente pediam reembolso; prejuízo pode passar de R$ 2,5 milhões

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Por Bárbara Giovani
Atualização:

A Polícia Civil de Guarulhos deflagrou nesta quinta-feira, 15, a Operação Efeito Colateral, que investiga fraudes milionárias contra planos de saúde.

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O esquema consistia na criação de “clínicas fantasmas” em que os sócios contratavam serviços das operadoras e, ao mesmo tempo, figuravam como beneficiários dos planos. Dessa forma, forjavam pedidos médicos e, depois, solicitavam o reembolso para procedimentos que nunca foram realizados. O prejuízo, segundo a Polícia Civil, pode passar de R$ 2,5 milhões.

Foram cumpridos 49 mandados de busca e apreensão na capital paulista e em Guarulhos. Os policiais apreenderam quatro simulacros de armas de fogo, 45 celulares, 56 cartões bancários, sete notebooks, duas CPUs e R$ 4,4 mil. Ninguém foi preso.

Em comunicado, a Polícia Civil afirmou que dará continuidade às investigações para descobrir qual a participação de cada suspeito no esquema criminoso.

Policiais mobilizados para a Operação Efeito Colateral Foto: Polícia Civil/Divulgação

Perda milionária

Para Rodolpho Heck Ramazzini, diretor de comunicação da Associação Brasileira de Combate a Falsificações e Fraudes (ABCF), embora a operação investigue um grupo específico, o esquema é elaborado e envolve algumas organizações criminosas. “Tem, infelizmente, muita gente fazendo isso”, diz.

Ele afirma que as denúncias feitas pelos planos de saúde à associação se intensificaram nos últimos seis meses. Após as devidas checagens, a entidade encaminha essas queixas às autoridades para a tomada de providências como a operação policial.

Ao Estadão, a SulAmérica confirmou ser uma das vítimas do esquema desmontado nesta quinta-feira, mas não cedeu mais informações por se tratar de um caso em investigação.

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A fraude por pedido de reembolso é somente um dos tipos de atos criminosos cometidos contra planos de saúde. Outros exemplos incluem a emissão de boletos falsos, a falsificação de laudos de exames e o fracionamento de recibo.

Apenas em 2023, o pagamento de reembolso sem desembolso custou R$ 10 bilhões às operadoras, segundo a Associação Brasileira dos Planos de Saúde (Abramge). Todas as empresas do setor foram prejudicadas, de acordo com a ABCF.

Somadas, as fraudes no ano passado custaram aproximadamente R$ 34 bilhões às operadoras, segundo o Instituto de Estudos da Saúde Suplementar (IESS). Isso representa cerca de 12,7% dos R$ 270 bilhões faturados no ano passado pelas 14 maiores empresas do setor.

“Se trata de uma fraude que causa prejuízos milionários, lava dinheiro da criminalidade e deixa os consumidores honestos que têm plano de saúde sob risco de terem algum problema”, afirma Ramazzini, lembrando que o cálculo do reajuste anual da mensalidade dos planos de saúde é feito com base no que foi gasto no ano anterior.

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