Com a chegada do frio, muitas pessoas percebem um maior desejo de consumir alimentos mais calóricos. Apesar de alguns pensarem que se trata de algo puramente psicológico e sem explicação clara, especialistas afirmam que essa mudança nos hábitos alimentares é resultado de uma combinação de fatores fisiológicos, emocionais e sazonais.
O presidente da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia de São Paulo (SBEM-SP), Felipe Henning, explica que, com a chegada do frio, nosso corpo precisa gerar mais calor para manter a temperatura adequada, o que acelera o metabolismo e aumenta a demanda por energia. Essa necessidade extra de energia, mesmo que discreta, leva nosso organismo a buscar alimentos que forneçam mais calorias.
Além disso, o nutrólogo da Rede de Hospitais São Camilo de São Paulo, Daniel Magnoni, afirma que, durante o frio, a queima de gordura e de reservas energéticas pode gerar a sensação de emagrecimento, levando à percepção de que precisamos repor a composição corpórea. “O nosso organismo é um sensor de necessidades constantes. Essa sensação de emagrecimento nos faz pensar que precisamos nos alimentar mais. Isso, aliado à busca pelo bem-estar proporcionado por alimentos quentes, que dão prazer, faz com que o consumo hipercalórico aumente nessa época”, ensina.
Apesar das explicações fisiológicas, Henning lembra que, no frio, as pessoas também costumam sair menos de casa e tendem a substituir atividades ao ar livre por momentos de lazer em ambientes fechados, como restaurantes. Esse cenário — ainda mais quando inclui os indivíduos mais ansiosos — se une à demanda fisiológica, contribuindo para o maior consumo calórico nos dias mais gelados. “A explicação é fisiológica, mas uma parte significativa também parte do contexto do próprio indivíduo”, afirma.
Como evitar o abuso calórico nos dias frios?
Segundo Magnoni, há várias estratégias para reduzir o consumo de alimentos hipercalóricos nos dias frios, a começar pela ingestão de fibras e proteínas, que são substâncias capazes de causar uma maior sensação de saciedade.
O nutrólogo também sugere fracionar mais a alimentação, mantendo a quantidade total habitual, mas dividindo-a em porções menores ao longo do dia – outra tática para prolongar a sensação de saciedade. De acordo com ele, a prática de atividade física merece atenção redobrada. Isso porque, à medida em que existe uma maior ingestão de alimentos, também há um aumento de gasto energético.
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Por sua vez, Henning acrescenta que evitar o acesso fácil a alimentos calóricos pode ajudar a reduzir o consumo excessivo nessa época do ano. “Isso significa evitar ter esse tipo de alimento em casa, pois quando estão ao alcance, especialmente em momentos de ansiedade e desejo por prazer alimentar, é mais provável ceder e consumi-los”, afirma.
Outra estratégia envolve aumentar o consumo de líquidos quentes, sendo uma boa opção optar por bebidas não calóricas, o que não inclui os famosos cappuccino ou chocolate quente açucarados. Segundo Henning, os chás são uma ótima pedida (especialmente o verde, porque estimula levemente o metabolismo). “Os líquidos quentes não apenas ajudam a manter a temperatura corporal, mas também promovem uma sensação de saciedade devido ao volume de líquido no estômago”, explica o especialista.
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