Prefeitos de sete cidades do Grande ABC, na região metropolitana de São Paulo, enviaram pedido ao governador João Doria (PSDB) para que seja adotado um lockdown em toda a região como medida para conter a disseminação do novo coronavírus. Prefeitos de outras doze cidades do Alto Tietê também pediram medidas mais restritivas do que as implementadas atualmente.
Os pedidos são feitos em um momento em que as cidades paulistas assistem a uma piora na disponibilidade de leitos para tratamento de pacientes com covid-19. Em ao menos nove desses municípios, a ocupação de UTI está em 100%. Na avaliação do prefeito de Santo André, Paulo Serra (PSDB), um “lockdown total” se faz necessário para estabilizar e reverter a pressão sobre o sistema de saúde.
“Em situações normais, nunca defendi o lockdown. Mas o momento que a gente vive é de exceção, de guerra. As sete cidades do ABC solicitaram ao governador que avalie essa possibilidade em toda a região metropolitana, incluindo a capital”, disse Serra.
A nova escalada da pandemia de covid-19 em São Paulo levou o Ministério Público do Estado a questionar o governo estadual e a prefeitura da capital sobre os critérios estabelecidos para não adotarem lockdown total.
O prefeito de Santo André defende que o lockdown envolva todos os 39 municípios da região metropolitana em razão do fluxo de pessoas entre as cidades. “Praticamente não tem fronteira. Tem que haver uma coordenação estadual nesse sentido. Já estamos no limite de restrições que individualmente podemos adotar”, acrescentou Serra.
Um dos pontos defendidos é que o transporte de trens e de ônibus intermunicipais seja completamente interrompido por um período de sete dias. Na avaliação do prefeito de Santo André, medidas mais rigorosas implementadas por um curto período de tempo trazem menos estragos sociais e econômicos do que medidas flexíveis que se prolongam por semanas ou meses.
Ele disse esperar que Doria avalie com bons olhos o pedido, apesar de reconhecer a dificuldade envolvida no processo para tomar uma decisão dessa grandeza. “Situações extremas pedem medidas extremas”, apontou o prefeito, que lidera o consórcio composto por Santo André, São Bernardo, São Caetano, Diadema, Rio Grande da Serra, Ribeirão Pires e Mauá.
O Consórcio de Desenvolvimento dos Municípios do Alto Tietê (Condemat) informou nesta quinta-feira, 18, que enviou ofício ao governador João Doria declarando apoio a medidas mais restritivas na região metropolitana. O documento não cita o termo lockdown.
“A situação é caótica em toda a região, com os sistemas de saúde já colapsados, inclusive com registro de óbitos de pacientes que aguardavam vagas em leitos de UTI e o aumento contínuo nos novos casos e óbitos por coronavírus”, declarou em nota o consórcio composto por 12 cidades: Arujá, Biritiba Mirim, Ferraz de Vasconcelos, Guararema, Guarulhos, Itaquaquecetuba, Mogi das Cruzes, Poá, Salesópolis, Santa Branca, Santa Isabel e Suzano.
O prefeito de Suzano, Rodrigo Ashiuchi disse que as cidades da região já estudam medidas mais rígidas, mas destacou que é necessário adoção conjunta pela região metropolitana para que elas funcionem, “haja visto que uma decisão isolada não surtiria o efeito desejado, entre outras razões, pela conurbação existente entre as cidades e a circulação do transporte público comum, em especial, o sistema estadual de trens e ônibus, que interliga as cidades”.
“Nestas duas últimas semanas estamos vendo que todo o nosso esforço em ampliar os leitos e aplicar medidas restritivas não está sendo suficiente para conter o avanço do vírus na região e que a nossa principal arma continua a ser o distanciamento social. Fazemos o máximo para evitar o recrudescimento das restrições, pois sabemos o quanto afeta a economia de milhões de famílias, no entanto, com o cenário atual, restam poucas alternativas”, declarou Ashiuchi em nota divulgada pelo Condemat.
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