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Preta Gil: Por que o câncer pode ‘voltar’ em outro local? Médicos explicam

Cantora informou aos fãs que tumor reapareceu “em quatro lugares diferentes”

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Foto do author Leon Ferrari
Atualização:

“O meu câncer voltou. Ele voltou em quatro lugares diferentes”, informou a cantora Preta Gil aos fãs por meio das redes sociais, no domingo, 25.

A artista foi diagnosticada com um tumor colorretal (intestino) no início de 2023, passou por sessões de radioterapia e, depois, tratamento cirúrgico.

“Fui liberada pelos médicos completamente para seguir uma vida perto da normalidade, obviamente com a minha reabilitação. Estava indo muito bem. Faço exames periódicos”, contou.

Cantora retomou tratamento no Hospital Sírio-Libanês Foto: @pretagil via Instagram

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Médicos ouvidos pelo Estadão explicam que, após o tratamento primário, Preta entrou em uma fase que os médicos chamam de “sem evidência da doença”.

Em outras palavras, o câncer não era mais detectável por exames físicos, de imagem, tomografia e/ou sangue. Alguns usam a palavra “remissão” nessas situações, embora o termo seja mais utilizado para cânceres hematológicos (como leucemia, linfoma e mieloma).

O termo cura é de difícil caracterização para a oncologia. Segundo os médicos, após um período de cinco anos sem evidências da doença, os profissionais costumam usá-lo.

No entanto, em alguns casos, mesmo após esse período de tempo o câncer pode “voltar”, o que é chamado de recidiva. “É uma situação em que existem sinais claros do retorno do tumor”, resume o oncologista Artur Ferreira, da Oncoclínicas São Paulo.

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Por que um tumor pode ‘voltar’?

A recidiva significa que parte das células tumorais não foi adequadamente erradicada no momento inicial do tratamento, explica Ferreira.

Segundo a Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica (SBCO), trata-se de “micro metástases” indetectáveis por exames de imagem, mesmo os mais modernos. Com o passar do tempo, elas podem se multiplicar indiscriminadamente, levando ao desenvolvimento de um “novo” câncer.

Oren Smaletz, oncologista do Hospital Israelita Albert Einstein, lembra que uma das hipóteses da recidiva no caso de tumores sólidos, que podem ser removidos cirurgicamente, é que células cancerígenas ainda muito pequenas para serem detectadas já se espalhavam antes da remoção.

A recidiva pode ser classificada de acordo com o tempo e o local, segundo Smaletz:

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Tempo

  • Recidiva precoce: em menos de dois anos do fim do tratamento.
  • Recidiva tardia: após dois anos.
  • Recidiva ultra-tardia: após cinco anos.

“Existem algumas doenças oncológicas que podem recidivar de maneira tão tardia quanto 8, 9, 10, 15 anos”, comenta Ferreira.

Local

  • Recidiva local: no mesmo lugar da primeira ocorrência.
  • Recidiva loco-regional: volta no mesmo lugar e acomete áreas próximas.
  • Recidiva a distância: aqui trata-se de metástase. Células cancerosas que caíram na corrente sanguínea ou linfática atingem outro órgão.

Qual é a chance de recidiva?

“A chance de recidiva é baseada no tipo de tumor, no estágio que ele foi diagnosticado e no tipo de tratamento que a paciente fez”, diz Smaletz.

Como os tumores são muito diferentes entre si, é difícil dizer qual a chance deles retornarem. A depender do caso, os médicos costumam apresentar uma estimativa aos pacientes. No entanto, trata-se de um dado populacional, não individual.

“Quando um paciente é diagnosticado num estágio mais precoce (da doença), a chance de recidivar é menor”, afirma Smaletz.

Ferreira adiciona que, para alguns tumores sólidos, um fator que “contribui muito” para a redução da recidiva após o tratamento inicial é a terapia adjuvante, um complemento à cirurgia.

“Em câncer colorretal (como o de Preta Gil), a terapia adjuvante corresponde normalmente à quimioterapia por determinado período de tempo, habitualmente por 6 meses”, exemplifica.

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O impacto de mudanças de estilo de vida, como a adoção de uma alimentação mais saudável e a prática regular de exercícios físicos, na recidiva está em fase de estudo, de acordo com Smaletz.

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