Os dermatologistas têm um mantra: o melhor protetor solar é aquele que você realmente vai usar. Porém, as formulações em spray dificilmente são a primeira indicação dos especialistas. Em um estudo publicado na revista científica Journal of Drugs in Dermatology, que consultou mais de 500 dermatologistas norte-americanos, só 69% sugeriam essa opção aos pacientes.
Mas isso não tem a ver com a efetividade do produto, que caiu nas graças do consumidor por ser considerado mais fácil e prático de aplicar – especialmente em áreas com muitos pelos. Segundo especialistas ouvidos pelo Estadão, o problema está na maneira como as pessoas costumam utilizar essa versão de protetor. É que há uma série de cuidados necessários para aplicá-lo corretamente. No entanto, muitas pessoas dão algumas borrifadas e acham que já estão seguras.
“Somente um jato não vai cobrir toda a área que necessita de proteção”, alerta Aparecida Machado de Moraes, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD). O uso adequado de protetor solar é importante para evitar queimaduras solares, manchas, o envelhecimento e, sobretudo, o tipo de tumor mais frequente no Brasil, o de pele.
Os especialistas listaram os principais pontos que devem ser considerados na hora de utilizar o protetor em spray. Confira-os a seguir.
- Agite o frasco: “Ele tende a se ‘separar’. Agite para uniformizar os princípios ativos que estão lá dentro”, orienta Andrey Augusto, dermatologista do Hospital Israelita Albert Einstein.
- Evite aplicar em um ambiente que esteja ventando.
- Aplique a uma distância de 10 a 15 centímetros da pele: “Mais do que isso, a névoa que se forma não é tão densa, e tende a se dispersar no ambiente. Ou seja, não vai tanto produto para a pele”, explica Augusto.
- Espalhe com as mãos: após borrifar na pele, espalhe o produto com as mãos, para uniformizar a cobertura.
- Não borrife diretamente no rosto: a orientação dos especialistas é pulverizar na mão e, aí sim, passar no rosto, para evitar possíveis irritações no nariz e nos olhos.
- Não faça a aplicação perto do fogo: a maioria dos frascos contém álcool e/ou outros componentes potencialmente inflamáveis.
- Garanta que você esteja aplicando a quantidade correta de produto na pele: a orientação dos especialistas é aplicar 2 miligramas de protetor por centímetro quadrado de pele. Falando assim, parece impossível garantir a quantidade correta, mas a SBD ensina uma regrinha simples utilizando uma colher de chá. Infelizmente, ela não funciona para as formulações em spray, então a dica dos profissionais é fazer uma segunda aplicação alguns minutos após a primeira.
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Cuidados extras
- Confira o tempo de ação: nem todos os produtos conferem proteção imediata. Alguns precisam de pelo menos 15 minutos em contato com a pele para começar a fazer efeito. Leia o rótulo com instruções do fabricante.
- Reaplicação: em um dia ou atividade de muita exposição solar, é necessário refazer a aplicação de qualquer protetor solar a cada duas horas e após entrar na água.
Ardência
Não há uma contraindicação absoluta para o protetor solar em spray, mas eles podem causar ardências em algumas regiões do corpo, conforme explica Aparecida.
“Para permitir o jato, a fórmula muitas vezes têm algum derivado alcoólico. Ele pode, em algumas situações, ressecar um pouco a pele, arder um pouco em algumas áreas, como dobras, próximo da axila”, fala ela.
Augusto recomenda que pacientes que sofrem com dermatite consultem seus dermatologistas antes de lançarem mão dessa formulação.
Dica
Augusto comenta que, em um dia de muita exposição solar, pode ser interessante utilizar primeiro um protetor em creme (por ser mais fácil de observar se está cobrindo todas as áreas necessárias) e recorrer ao spray para as reaplicações. “Alguns estudos mostram que a primeira aplicação do dia é a mais importante, porque é a que você faz de uma maneira um pouco mais consciente”, conclui.
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