Psicólogos brasileiros oferecem atendimento online gratuito a afetados pela guerra no Oriente Médio

Atendimento, oferecido pelo Hospital Albert Einstein em português, está disponível para pessoas que estejam no Brasil ou em uma das áreas afetadas pelo conflito (Israel ou Palestina) ou estrangeiros que tenham alguma relação com o Brasil

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Foto do author Fabiana Cambricoli
Atualização:

Brasileiros afetados pelo conflito entre Israel e o grupo terrorista Hamas podem receber atendimento psicológico online por meio de um serviço gratuito criado pelo Hospital Israelita Albert Einstein para dar suporte às vítimas da guerra no Oriente Médio.

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O atendimento está disponível para pessoas que estejam no Brasil ou em uma das áreas afetadas pelo conflito (Israel ou Palestina) e também é aberto a estrangeiros que tenham alguma relação com o Brasil ou dupla nacionalidade. A única obrigatoriedade é que o paciente fale português, já que esse é o idioma usado durante as consultas psicológicas.

Segundo Ana Lucia Martins, coordenadora do serviço de psicologia do Einstein e responsável técnica do projeto, a ideia surgiu da necessidade de dar suporte para a comunidade brasileira que viva nesses países ou tenha relação com eles, mas que não necessariamente conseguirá um atendimento psicológico no local.

“Há serviços estruturados em Israel, por exemplo, mas sabemos que nem todos os brasileiros que vivem na região dominam o idioma local e, em um atendimento psicológico, é importante que paciente e psicólogo dominem o mesmo idioma porque são muitas nuances nos relatos”, explica. O Ministério das Relações Exteriores estima que 14 mil brasileiros vivam em Israel e 6 mil, na Palestina.

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Psicólogos ajudam afetados pela guerra a lidar com emoções e luto pela perda de pessoas próximas Foto: Ariel Schalit/AP Photo

Ana conta que a equipe, formada por 11 psicólogos e 4 enfermeiros, é composta por funcionários do Einstein e profissionais voluntários. A instituição recebeu contato e currículos de mais de 300 psicólogos com interesse em atuar de forma voluntária no atendimento de afetados pela guerra, mas a coordenadora explica que é necessário que o profissional tenha formação e capacitação específica para lidar com pacientes em situação de catástrofe ou guerra.

“Atender uma pessoa que está passando por uma situação de crise devido a uma guerra não é algo comum para a nossa cultura. É importante que o profissional tenha esse tipo de preparo para conseguir endereçar essas questões adequadamente”, esclarece Ana.

Ela afirma que a psicoterapia em uma situação de guerra ou catástrofe tem uma abordagem diferente das sessões regulares. “Quando a gente faz psicoterapia, geralmente olhamos para nossas decisões e sentimentos para que a gente possa trabalhar, se desenvolver, modificar algumas coisas. Esse trabalho em crises e emergências não é um trabalho de transformação, é um trabalho de fortalecimento. A gente vai fazer um diagnóstico de como ajudar a pessoa a se fortalecer para enfrentar essa situação”, conta.

A especialista diz que, entre os pacientes que procuraram o serviço, há pessoas com experiências distintas, como pessoas que perderam um familiar ou que têm parentes no front de batalha, ou então que tiveram que se deslocar ou que estão angustiados com o futuro do conflito.

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“Todos que passam por situações que envolvem conflito e situações de emergência e catástrofe têm sentimentos muito desencontrados, duas ou três emoções ao mesmo tempo. A pessoa pode estar em sofrimento por alguém que ela perdeu, mas feliz porque outro familiar sobreviveu. É uma situação de extremo desequilíbrio emocional, a gente não está habituado a sentir tantas emoções fortes ao mesmo tempo. Isso chacoalha a vida”, diz.

Ela diz que o papel dos psicólogos em uma situação como essa é oferecer uma escuta sem julgamentos ou críticas, ajudando o paciente a reorganizar as emoções e a encontrar formas de lidar com a nova realidade.

“As pessoas ficam curiosas sobre o que a gente fala (numa situação como essa), mas o principal é como a gente ouve. É entender o que a pessoa está precisando para se sentir melhor ou menos pior. Nesses casos, ela tem dificuldade de julgar a situação, ver o que ficou, o que está bom, o que ela pode preservar, quais são os recursos que ela pode mobilizar”, explica Ana.

Outra função importante do suporte psicológico nesses momentos é oferecer acolhimento e escuta, já que nem todas as pessoas podem ou querem falar com pessoas próximas.

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“Elas estão vivendo dor, raiva, mas já estão em um ambiente complicado e, muitas vezes, sentem que não têm um espaço para colocar isso para fora. Está todo mundo tão sofrido que a pessoa não se sente no direito de desabafar. Só que sabemos que, no estresse pós-traumático, uma das coisas mais importantes para mitigar o sofrimento é que ela possa falar quantas vezes quiser sobre o que sente e, às vezes, o entorno dela não dá conta de ouvir. O atendimento psicológico é um espaço que ela pode expressar tudo isso”, diz Ana.

Segundo o Einstein, 113 pessoas já buscaram o atendimento desde que ele foi aberto, no dia 13 de outubro. Os interessados devem preencher um formulário neste link e aguardar o contato da equipe, que é feito em até 24 horas.

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