Quais os benefícios da água de coco?

Além de ajudar na hidratação, a bebida concentra sais minerais e vitaminas indispensáveis ao organismo. Veja como incluí-la no dia a dia

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Por Regina Célia Pereira

Diferente de outras frutas suculentas que contêm líquidos entremeados em fibras (caso da melancia), no coco a água se acumula de forma livre. Uma característica rara, para nossa sorte, afinal, basta espetar o canudo e se refrescar. A fórmula é uma mistura nutritiva e com função nobre. “Serve como suprimento ao embrião da espécie”, diz o engenheiro de alimentos Fernando Abreu, da Embrapa Agroindústria Tropical. Conforme se dá seu desenvolvimento, surge uma fração carnosa, que após um ano se solidifica.

É na metade desse ciclo, com seis ou sete meses, que o fruto concentra a maior quantidade de água. “Cerca de 400 ml”, estima o pesquisador. Além da abundância, nessa fase o líquido está mais doce e rico em vitaminas, com destaque para algumas do complexo B e a vitamina C, que tem potente ação antioxidante. Também esbanja sais minerais.

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“Trata-se de uma fonte de potássio, sódio e magnésio, essenciais ao equilíbrio eletrolítico no corpo”, diz a nutricionista Renata Juliana da Silva, professora da Etec Uirapuru/Centro Paula Souza e pós-doutoranda da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Universidade de São Paulo (USP).

No cérebro, o trio participa de processos que envolvem sinais elétricos, como a comunicação entre os neurônios, assim como a transmissão de impulsos nervosos para outras células do corpo. Daí a importância de se manter seus níveis em harmonia.

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Os eletrólitos são eliminados pela urina e suor e tais perdas tendem a ser maiores entre os esportistas. É justamente pela sua formulação que a água de coco tem sido uma aliada dessa turma para aplacar possíveis defasagens.

Água de coco é aliada da hidratação, mas não deve substituir a água normal.  Foto: visitr/Adobe Stock

Auxiliar na hidratação

Mesmo aos que não praticam atividade física, vale destacar, é fundamental garantir esse equilíbrio e caprichar na hidratação, especialmente na temporada de calor.

“Cerca de 70% do nosso corpo é composto por água”, diz o médico nutrólogo Durval Ribas Filho, fellow da The Obesity Society (TOS) e presidente da Associação Brasileira de Nutrologia (Abran). Desde uma singela célula até a mais complicada engrenagem do sistema nervoso, cada uma de nossas estruturas só funciona direito se estiver hidratada. Diversas reações químicas vitais dependem dos líquidos que circulam no corpo – e é por isso que quando o escape hídrico é maior do que o ganho, o corpo dá sinais.

Dor de cabeça, tontura, falta de concentração e queda na pressão arterial são algumas das pistas de que a desidratação está tomando conta.

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Hidratar-se adequadamente traz uma enxurrada de vantagens. Favorece o sistema urinário, prevenindo cálculos renais, ajuda a combater a prisão de ventre, dando aquele empurrão ao trânsito intestinal. Não bastasse, contribui para a saúde da pele e para as funções musculares.

Embora a bebida vinda do coco seja uma opção deliciosa para manter o corpo hidratado, ela entra apenas como coadjuvante. “Não deve ser considerada uma substituta da água no dia a dia”, avisa Tarcila Campos, nutricionista do Centro Especializado em Obesidade e Diabetes do Hospital Alemão Oswaldo Cruz. Afinal, o sabor doce vem de suas doses de carboidrato, em 100 ml são cerca de 5 g do nutriente. “Ainda que ofereça menos do que os refrigerantes e os sucos, não dá para beber à vontade”, recomenda Tarcila. É para ser apreciada sem exageros, dentro de uma alimentação equilibrada.

“Como contém açúcares naturais, caso da glicose e frutose, quando consumida em excesso pode contribuir para o aumento da ingestão calórica e impactar negativamente as pessoas com diabetes ou com resistência à insulina”, diz Renata Juliana.

Ribas-Filho explica que, como a água de coco também é diurética, o exagero pode desencadear algumas disfunções. “Pode chegar, inclusive, a causar mudanças no ritmo cardíaco, em algumas situações”, comenta. Além dos diabéticos, a cautela com a quantidade deve ser redobrada para indivíduos com problemas de pressão arterial, doenças renais e pessoas que apresentam níveis elevados de potássio no sangue, por exemplo.

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Variedade nas gôndolas

A atenção vale também diante de caixinhas e garrafas com a bebida. “Existem diversos produtos e com níveis variados de açúcares, sódio e outras substâncias, de acordo com a origem e processos de fabricação”, comenta o nutrólogo.

Há a versão reconstituída, feita a partir da água de coco desidratada e que costuma levar água potável e açúcar. Também existe a bebida padronizada, de formulação parecida. “Seguem as normas da legislação, sendo que o teor de açúcares adicionados não pode ultrapassar 0,5g/100ml”, afirma Fernando Abreu.

Já a água de coco integral é o líquido puro, sem o acréscimo desses ingredientes.

“A sugestão é priorizar as que têm a indicação ‘100% natural’ no rótulo”, ensina Renata Juliana. A lista de ingredientes deve ser minuciosamente observada e quanto menor, melhor, fica a dica.

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Atualmente, graças às pesquisas e aos cuidados, que começam já no cultivo, dá para preservar a riqueza nutricional e as características sensoriais do líquido vindo do fruto, mesmo depois de envasado. Abreu conta que a Embrapa desenvolveu uma tecnologia, por meio de um processo de filtração, que assegura a qualidade da bebida e ainda garante maior tempo de prateleira.

Aliás, outro ponto de atenção é para as condições em que os produtos estão dispostos nas gôndolas. Há os que pedem refrigeração, geralmente os engarrafados, outros podem ficar acondicionados em temperatura ambiente, caso das caixinhas.

Preste atenção também no prazo de validade e nas orientações sobre conservação.

E para quem tem a oportunidade de beber direto do fruto – melhor ainda se for à beira da praia – é preciso observar alguns detalhes. A casca deve estar livre de trincas e de manchas marrons, que sinalizam ação de enzimas e alteração no sabor.

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Outra dica é a de atentar para as condições sanitárias. “Desde a higiene do local até os cuidados com os utensílios usados, caso do facão”, exemplifica Tarcila.

Daí é só usufruir dessa delícia, dentro do equilíbrio, sempre.

A riqueza do fruto do coqueiro

Além da água, o coco oferece polpa cheia de nutrientes, com uma parcela generosa de gordura, que serve de matéria-prima para sobremesas, entre outros pratos.

Conta-se que a espécie, de nome científico Cocos nucifera, foi trazida ao Brasil pelas mãos de portugueses, no século 16. Sua origem é muito discutida, mas acredita-se que seja proveniente da Ásia. Inclusive, se apregoa que os frutos, resistentes, flutuaram pelos oceanos, alcançando terras distantes. São diversas variedades, algumas ultrapassam 30 metros, mas a que se usa para a extração de água é o do tipo anão, com cerca de 10 metros de altura.

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