Quais os efeitos das mudanças climáticas na saúde? Vão muito além dos desastres naturais; entenda

Shweta Narayan, da Health Care Without Harm (HCWH), vê desafio para o setor de saúde também diminuir suas emissões

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Para a pesquisadora e ativista indiana Shweta Narayan, da Health Care Without Harm (HCWH), referência na discussão do papel dos profissionais de saúde na mitigação da crise climática, é impossível ter pessoas saudáveis em um mundo doente.

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De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), 7 milhões de mortes prematuras por ano, em todo o mundo, acontecem por causa da poluição do ar. Ela diz que as mudanças climáticas estão alterando os padrões das doenças e vê um desafio a mais no setor de saúde, além de estar na linha de frente do tratamento, não contribuir com as emissões de gases do efeito estufa.

Globalmente, o setor de saúde contribui com quase 5% das emissões de gases de efeito estufa. “Se você observar como ele (o setor de saúde) funciona, como o hospital opera, eles são um dos maiores contribuintes para as emissões de gases de efeito estufa, que estão causando a crise”, afirma Shweta. “Em termos de comparação, se fosse um país seria o quinto maior emissor. Então, para nós, que trabalhamos no setor, o desafio é verdadeiro.”

Shweta, que esteve no Congresso Nacional de Hospitais Privados (Conahp), em São Paulo, disse no início do mês esperar que na COP-27, no Egito, a questão de perdas e danos, dos países em desenvolvimento ante as emissões históricas dos países desenvolvidos, fosse enfrentada de frente - a cúpula ainda não chegou a um acordo final até o fim desta sexta-feira, 18. “Você precisa de recursos para fazer essa transição, precisa de apoio financeiro dos países ricos para garantir que as economias marginalizadas possam fazer melhor”, diz Shweta.

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Segundo a OMS, 7 milhões de mortes prematuras por ano, em todo o mundo, acontecem por causa da poluição do ar, como a que é vista nesta foto feita em Nova Délhi Foto: AFP / SAJJAD HUSSAIN

Como as mudanças climáticas se relacionam com a saúde?

Está cientificamente provado que, à medida que o clima muda, os eventos climáticos extremos aumentam, isso tem impacto na saúde humana. Impacto direto e indireto. O impacto direto é mais visível. Quando há uma enchente e as pessoas se afogam ou ficam feridas, é muito visível e em todo o mundo a intensidade das chuvas, a frequência das inundações, estão aumentando. De forma indireta, o impacto é mais lento na saúde humana.

As mudanças de temperaturas e as mudanças climáticas estão mudando os padrões das doenças. Você pode testemunhar isso porque esses pacientes estão indo para os hospitais. E se você interagir com a força de trabalho de saúde, os médicos, nós lhe diremos que talvez eles não tenham visto esse tipo de doença nos últimos cinco anos, mas eles estão vendo isso cada vez mais em seu bairro e sua localidade nos últimos tempos.

Portanto, há uma mudança nos padrões das doenças. A poluição do ar por causa da queima de combustíveis fósseis está causando danos aos pulmões. Está causando problemas em crianças em termos de sua capacidade respiratória. E assim há uma conexão direta. A intensidade e os efeitos são de longo prazo, desnutrição.

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O que precisamos para sobreviver? O que precisamos para ter uma boa saúde? Precisamos de ar puro, água limpa, boa comida. Precisamos de abrigo, de segurança e proteção. As mudanças climáticas estão perturbando tudo isso, todos os fundamentos dos quais depende a sobrevivência. As mudanças climáticas são um problema de saúde.

Faltam dados sobre essa relação?

A Organização Mundial da Saúde diz, e essa é uma estimativa conservadora, que sete milhões de mortes prematuras em todo o mundo acontecem por causa da poluição do ar. Se investirmos na ação climática, nas estratégias e políticas corretas podemos salvar sete milhões de vidas todo ano. Esse é um grande número.

E que tipo de dados estamos procurando? A evidência está ao nosso redor. Se você olhar para as comunidades tradicionais, as comunidades indígenas, nos nossos próprios bairros as pessoas vão te dizer o que mudou nos últimos anos.

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O IPCC tem dito a mesma coisa que a Organização Mundial da Saúde da perspectiva da saúde, a mesma coisa que eu diria, e as pessoas em nossas comunidades.

Os sistemas de saúde estão prontos para lidar com isso?

Essa é uma questão muito interessante e crítica. O sistema de saúde está na vanguarda do combate à crise climática. Quando as pessoas ficam doentes, quando ficam feridas, elas vão para os hospitais. Então, o sistema de saúde está enfrentando a crise climática de frente.

No entanto, se você observar como ele funciona, como o hospital opera, eles são um dos maiores contribuintes para as emissões de gases de efeito estufa, que estão causando a crise. Fizemos um estudo e descobrimos que o setor de saúde, globalmente, contribui com quase 5% das emissões de gases de efeito estufa. Em termos de comparação, se fosse um país seria o quinto maior emissor.

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Então, para nós, que trabalhamos no setor, o desafio é verdadeiro. Apenas para colocar no contexto do Brasil: há um trabalho realmente incrível que os sistemas de saúde brasileiros estão fazendo e eles são realmente líderes nesse sentido.

Em uma de suas palestras você fala sobre as mudanças climáticas, a infância e a educação.

É muito importante falar sobre clima, ambiente e ajudar nosso planeta com nosso estilo de vida, nossas formas de consumir e nossas escolhas. Saber escolher um comportamento que não destrua o planeta. Os jovens são conscientizados? No final das contas, nos próximos 10, 20, 30 anos, eles estarão enfrentando as consequências da destruição ao nosso redor.

No trabalho com a escola, com as crianças e jovens da escola têm dois lados. A consciência para que saibam quais são suas ações, quais são as consequências das ações e como isso pode ser corrigido. E em segundo lugar, este é o legado deles. Estamos apenas segurando este planeta para nossos filhos e precisamos nos certificar que eles não enfrentam as consequências da destruição devido às decisões que estamos tomando.

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