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Qual a melhor atividade física para quem tem problemas respiratórios?

Especialistas ressaltam que a prática de exercícios é essencial para quem convive com asma, sinusite, bronquite e outros quadros respiratórios; confira os cuidados necessários nesses casos

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Por Layla Shasta

Para muitas pessoas, a ideia de praticar exercícios físicos quando se tem doenças respiratórias crônicas – como asma, bronquite, doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), sinusite ou sequelas pós-covid –, parece um contrassenso. Afinal, como se exercitar quando a própria respiração já tem seus desafios? Não vai agravar a doença? Essas condições, de fato, exigem uma atenção especial para evitar crises de falta de ar. Mas longe de ser um impeditivo, a atividade física é, na verdade, uma importante aliada para a convivência com essas doenças.

Exercícios físicos proporcionam benefícios para quem tem problemas respiratórios, mas é importante contar com acompanhamento especializado. Foto: Bignai/Adobe Stock

Quem tem problemas respiratórios pode fazer atividade física?

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A resposta é: sim! “Pode e deve!”, afirmam as pneumologistas Lilian Ballini e Daniela Blanco, membros da Comissão de Asma da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT). A prática de atividade física beneficia o corpo em geral, mas o condicionamento cardiovascular é particularmente favorecido.

Segundo Carlos Marçal Camillo, fisioterapeuta e diretor científico da Associação Brasileira de Fisioterapia Respiratória e Terapia Intensiva, os exercícios são tão importantes que inclusive fazem parte de um tratamento baseado em fisioterapia respiratória, técnica que visa reeducar a respiração e prevenir complicações. “Quando o paciente está fora do ambiente hospitalar, o tipo de exercício que a gente fornece é parecido com o de uma academia”, conta ele, que também é professor do Departamento de Fisioterapia da Universidade Estadual de São Paulo (Unesp).

Ele relata que, em muitos casos de reabilitação da respiração, a base da terapia é um treinamento que inclui atividades na esteira e bicicleta.

Os especialistas destacam, porém, que os exercícios devem ser feitos com orientação de uma equipe com profissionais de diferentes áreas da saúde. Assim, o paciente recebe orientações sobre a melhor atividade e intensidade de acordo com a sua capacidade. Essas são medidas importantes para que a atividade física traga apenas benefícios e não provoque nenhum evento adverso.

Qual tipo de exercício é melhor para o sistema respiratório?

Luciana Chiavegatto, fisioterapeuta e professora da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), destaca que, de modo geral, todo exercício trará benefícios. Mas ela e as pneumologistas Lilian e Daniela reconhecem que as maiores aliadas para quem tem doenças pulmonares são as atividades aeróbicas – aquelas que trabalham bastante o fôlego, como corrida, ciclismo, natação e dança.

Esse tipo de atividade aumenta a frequência cardíaca e respiratória, permitindo uma adaptação progressiva a maiores esforços. As especialistas destacam, ainda, a importância de realizar esses exercícios com aumento gradual da intensidade, combinados com alongamento, aquecimento e fortalecimento muscular.

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Como a atividade física pode afetar a função pulmonar?

Não há evidências científicas de que o exercício físico melhore diretamente a função pulmonar, como a capacidade de colocar o ar para dentro e para fora dos pulmões. Por outro lado, manter o corpo em movimento favorece o condicionamento cardiorrespiratório, reduzindo os sintomas dos problemas relacionados à respiração. Isso significa que quanto mais se faz exercícios, mais se reduz a sensação de cansaço ou falta de ar, melhorando a qualidade de vida.

Laura Maria Tomazi, fisioterapeuta e pesquisadora da área de ciências do movimento e respiração na Universidade Federal do Pará (UFPA), explica que os potenciais efeitos da atividade física na função pulmonar são ocasionados pelo aperfeiçoamento do direcionamento de fluxo sanguíneo para a musculatura em atividade e da força muscular. É que, como Camillo ensina, músculos mais eficientes gastam menos energia para fazer as suas atividades. Isso é uma vantagem, pois quando há um menor gasto de energia, precisamos respirar menos, jogar menos oxigênio para o sangue e, assim, o cansaço também é menor.

Quais os cuidados necessários que um paciente com problema respiratório deve ter ao se exercitar?

Quando se convive com um problema de respiração, é preciso ter certa cautela ao se exercitar. As médicas da SBPT e Luciana alertam que as atividades devem ser realizadas sempre com orientação de profissionais de diferentes áreas da saúde. É necessário buscar prescrição sobre a melhor modalidade e intensidade, além de contar com supervisão especializada, considerando a realidade de cada paciente.

Antes de qualquer coisa, o indivíduo deve estar muito bem orientado com relação à sua doença e limitações. É necessário estabelecer, junto aos profissionais de saúde, um plano de ação para manter a atividade física segura. O paciente deve realizar consulta e avaliação médica especializada, com pneumologista, além de acompanhamento complementar com profissionais como médico do esporte, fisiatra, fisioterapeuta ou educador físico, para que seja prescrita a dose, intensidade e o tipo de exercício indicado a cada caso.

Quando uma pessoa com problemas respiratórios não deve se exercitar?

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A pessoa que possui um problema respiratório não deve se exercitar quando estiver diante de uma crise ou fase de piora significativa dos sintomas da doença. Alguns sinais de alerta são febre, aumento do cansaço, falta de ar e aumento da secreção pulmonar. A prática também é contraindicada quando a doença não estiver controlada.

“Quando o paciente apresenta piora dos sintomas e o estado geral de saúde parece ter piorado, esse não é o momento de fazer exercícios, mas sim de procurar um médico”, esclarece Camillo. O fisioterapeuta destaca que isso não quer dizer que esse paciente não deva fazer nenhuma atividade física durante esse período. “É que deve ser uma atividade guiada, e bem específica, para manter um grau de funcionalidade. Uma vez que isso for estabilizado, esse paciente pode voltar a fazer as atividades regulares”, explica.

Para quais problemas respiratórios os exercícios tendem a trazer mais benefícios?

Os especialistas apontam que, atualmente, alguns dos problemas respiratórios com mais evidências científicas de melhora graças aos exercícios físicos são a doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), asma, fibrose, hipertensão pulmonar e bronquiectasia. Apesar disso, eles são unânimes em destacar que todos os pacientes com problemas respiratórios se beneficiam das práticas, cada um à sua maneira.

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Laura aponta que, praticando os exercícios com a regularidade e intensidade recomendada, pacientes com diversos problemas apresentam melhor controle do quadro, previnem o agravamento e apresentam uma melhor saúde global e qualidade de vida. Para Camillo, a mensagem que precisa ficar relacionada ao tema é que cada paciente irá se beneficiar da prática de atividades físicas de formas distintas, mas todos tiram proveito desse hábito.

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