Quando é hora de um motorista idoso parar de dirigir?

Essa conversa pode ser dolorosa para muitas famílias; especialistas contam como abordar o assunto de maneira cuidadosa e empática

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Por Catherine Pearson (The New York Times)

Sherrie Waugh já foi xingada, insultada e chorou durante seu trabalho de administrar testes de direção. Normalmente, essas reações extremas acontecem quando ela é forçada a dar um veredicto perturbador: é hora de pendurar as chaves do carro.

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Waugh, especialista certificada em reabilitação de motoristas no The Brain Center, um consultório particular de neuropsicologia em Indiana, muitas vezes trabalha com indivíduos mais velhos, submetendo-os a uma avaliação que mede coisas como habilidades visuais, tempo de reação e velocidade de processamento.

“Eu tive um senhor com demência de início precoce, que apenas sentou aqui chorando,” diz Waugh. “Sua esposa estava no carro e ela estava chorando. E todos voltamos, e todos estávamos chorando. Porque é tão difícil.”

As decisões sobre quando uma pessoa idosa (ou alguém cujas circunstâncias físicas ou mentais tornam perigosa a condução de um veículo) deve parar de dirigir costumam ser angustiantes. Elas podem abalar o senso de independência e identidade do motorista e aumentar as responsabilidades que muitos cuidadores familiares assumem.

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“É uma perda importante para pessoas mais velhas,” analisa Lauren Massimo, professora assistente na Penn Nursing. “Foi descrito para mim como desumanizante.”

Mas é importante levantar preocupações assim que elas surgirem, disseram os especialistas, e há maneiras de tornar a conversa sobre conduzir um carro menos dolorosa para os motoristas mais velhos e seus entes queridos.

A conversa com um idoso sobre a necessidade de ele abandonar o hábito de dirigir deve ser cuidadosa e empática.  Foto: Francesco Ciccolella

Dê uma boa olhada no problema

Antes de pedir a um parceiro ou pai para desistir de dirigir, faça uma avaliação, dizem os especialistas. Waugh, por exemplo, fica surpresa com o número de cuidadores que ela vê levantando preocupações sobre motoristas mais velhos com os quais eles, na verdade, não andaram de carro recentemente.

“Se eles precisam pegar algo no supermercado, entre no carro”, orienta. Fique atento: eles estão perdendo semáforos ou placas de segurança? Eles estão lutando para manter o limite de velocidade ou permanecer na faixa? Eles estão ficando confusos sobre os trajetos, especialmente em rotas familiares? Esses são todos sinais de que suas habilidades de direção podem estar diminuindo.

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E tenha cuidado com o ageísmo, especialmente ao descobrir como abordar a conversa.

“Realmente não é sobre a idade deles”, afirma Marvell Adams Jr., CEO da organização sem fins lucrativos Caregiver Action Network. “É sobre mudanças em sua capacidade, o que pode acontecer com qualquer um.”

Adams sugere esta abertura para uma conversa: “‘Ei, sabe, eu notei que parece que seus pneus estão ficando desgastados. Você está batendo na calçada mais frequentemente?’”. Sua própria mãe tomou a decisão de parar de dirigir por conta própria depois que ela acelerou em vez de frear.

Coloque a decisão em outra pessoa

A conversa sobre dirigir é uma das partes mais difíceis do trabalho de Massimo como provedora de cuidados de saúde que trabalha com pacientes com doenças neurodegenerativas, ela afirma. Mas ela está feliz em aliviar os cuidadores desse fardo.

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“Faça com que o provedor seja o vilão” ela sugere.

Muitos clientes de Waugh chegam até ela através de encaminhamentos de médicos de atenção primária, neurologistas ou oftalmologistas, embora os familiares também entrem em contato diretamente. Mas, dizem os especialistas, avaliações profissionais de direção podem oferecer objetividade e clareza.

Waugh acompanhou recentemente um cliente mais velho que costumava dar aulas de direção e estava contrariado que sua esposa e médico vinham instigando-o a parar de dirigir. Durante a avaliação, ele lutou para concluir testes de memória de curto prazo, incluindo um labirinto simples e um exercício de contagem. Quando Waugh mostrou a ele seus resultados, ele finalmente entendeu que representava um risco de segurança para si mesmo e para outros na estrada.

Tenha soluções prontas

Embora desistir de dirigir raramente seja fácil, serviços como entrega de supermercado e aplicativos de compartilhamento de viagens podem diminuir o inconveniente e oferecer continuidade de autonomia e independência, lembra Adams.

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Faça um plano de como você ajudará um motorista aposentado a se locomover. Além de aplicativos de compartilhamento de viagens, os especialistas mencionam transporte público bem como contato com amigos e membros da família que podem dar caronas.

Considere também estratégias de redução de risco, orienta Adams. Talvez seu parceiro ou pai esteja seguro para dirigir durante o dia, mas não à noite nem na rodovia.

Embora os motoristas mais velhos e seus familiares possam hesitar em fazer isso, olhe para frente. “Faça com que isso seja parte da conversa desde o início” recomenda Cheryl Greenberg, que orienta idosos e suas famílias sobre transições e planejamento de vida na Carolina do Norte. “Você sabe, ‘você tem 60 anos e está dirigindo muito bem, mas mãe, o que você faria se chegasse o tempo e você se sentisse menos confortável e menos capaz?’”

Todos os especialistas dizem que é importante dar espaço para grandes emoções em torno dessas conversas. “Seja empático”, indica Greenberg. “Não entre e diga simplesmente ‘bem, agora você não precisa mais dirigir.’ Ouça. Faça perguntas que possam ajudá-los a estar centrados no processo.”

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