THE WASHINGTON POST - Apresse-se para chegar ao ponto de ônibus. Apresse-se ao subir as escadas. Brinque de pega-pega com seus filhos. Brinque com o cachorro. Aspire a sala de estar com um toque extra. Aumentar o vigor e o entusiasmo de nossas atividades diárias pode ter um impacto substancial em nossa longevidade, de acordo com um novo estudo sobre intensidade de movimento e mortalidade.
O estudo concluiu que apenas três minutos por dia de atividades diárias vigorosas estão associados a um risco 40% menor de morte prematura em adultos, mesmo quando eles não se exercitam regularmente. “É uma pesquisa fantástica”, disse Ulrik Wisloff, diretor do K.G. Jebsen Center for Exercise in Medicine na Norwegian University of Science and Technology, em Trondheim. Ele estuda extensivamente a atividade e a longevidade, mas não esteve envolvido no novo estudo.
Os resultados da pesquisa juntam-se às crescentes evidências científicas de que adicionar um pouco de intensidade às nossas vidas traz grandes benefícios para a nossa saúde, sem precisar de equipamentos extras, instrução, academia ou tempo.
A ideia de que a forma como nos movimentamos influencia no nosso tempo de vida não é nova. Muitas pesquisas vinculam o exercício regular a uma expectativa de vida mais longa, incluindo as diretrizes formais da saúde pública, que recomendam pelo menos 150 minutos por semana de exercícios moderados para saúde e longevidade.
Pesquisas mais focadas, no entanto, sugerem que intensificar alguns de nossos exercícios – certificando-se de que nossos batimentos cardíacos e respiração aumentem – amplia os benefícios para a saúde.
Em um estudo de grande escala de 2006 do laboratório de Wisloff, por exemplo, foi constatado que apenas 30 minutos por semana de exercícios intensos diminuíram o risco de morte por doenças cardíacas em cerca da metade dos homens e mulheres que participaram, em comparação a pessoas sedentárias.
Da mesma forma, um estudo publicado no ano passado no JAMA Internal Medicine concluiu que as pessoas que se esforçam mais durante o exercício têm cerca de 17% menos probabilidade de morrer prematuramente do que outras pessoas que fazem a mesma quantidade de exercício, mas em um ritmo mais suave e moderado.
Ambos os estudos, no entanto, e pesquisas anteriores semelhantes, foram baseadas na lembrança subjetiva das pessoas de quanto e com que intensidade elas se exercitaram. “Se formos honestos, a maioria das pessoas é alérgica à palavra ‘exercício’”, disse Emmanuel Stamatakis, professor de atividade física e estudos de saúde da Universidade de Sydney, na Austrália, que liderou o novo estudo.
Reconhecendo esse comportamento, ele e seus colegas começaram a se perguntar sobre os efeitos das atividades sem exercício – aquelas tarefas e movimentos frequentes que ocupam grande parte de nossos dias. Seria importante para a saúde das pessoas se essas atividades fossem concluídas mais rapidamente, com mais dificuldade, com um pouco mais de entusiasmo?
Para descobrir, os pesquisadores recorreram aos extensos dados armazenados no UK Biobank, que inclui registros de saúde de centenas de milhares de homens e mulheres britânicos. A maioria deles usou um acelerômetro por uma semana após ingressar no Biobank para rastrear seus movimentos diários. Os cientistas obtiveram registros de 25.241 desses adultos, com idades entre 40 e 69 anos, e todos disseram aos pesquisadores que nunca se exercitaram.
Surtos físicos
Os cientistas, então, começaram a analisar suas atividades diárias em detalhes minuciosos, determinando a intensidade de seus movimentos quase segundo a segundo, com base na rapidez dos passos e outros dados. A análise consumiu três meses de tempo constante no computador, disse Stamatakis. Mas, no final, os pesquisadores conseguiram mapear os breves movimentos dos participantes, como quando alguém correu para pegar um trem ou atrás de uma criança. Esses “surtos físicos” podem durar apenas um minuto. Mas eles têm impacto no risco de mortalidade.
Comparando os padrões de atividade com os registros de morte por um período de cerca de sete anos depois que as pessoas ingressaram no Biobank, os cientistas descobriram que homens e mulheres que praticavam em média 4,4 minutos por dia do que os cientistas chamam de atividade física de estilo de vida intermitente vigorosa tinham cerca de 30% menos probabilidade de terem morrido nesses sete anos do que aqueles que raramente se movimentavam rápido.
Espalhar essas breves explosões de atividade aumenta os benefícios na longevidade. Quando as pessoas conseguiam pelo menos três surtos separados de movimento durante um dia, cada um durando apenas um minuto, seu risco de mortalidade caía 40%, em comparação com pessoas que nunca se apressaram. Eles não se exercitavam, apenas aumentavam o ritmo de algo que estavam fazendo, pelo menos três vezes ao dia.
Por fim, os pesquisadores realizaram uma análise semelhante dos dados de 62.344 homens e mulheres do Biobank que se exercitam, embora a maioria em ritmo moderado. Quando essas pessoas conseguiam alguns minutos de atividade mais intensa na maioria dos dias, seja durante seus treinos ou tarefas diárias, seus riscos de mortalidade eram menores do que se exercitassem regularmente de forma moderada. “Há algo sobre a intensidade”, disse Stamatakis.
Para fortalecer suas próprias atividades, continuou Stamatakis, mova-se com força e rapidez o suficiente para que a conversa pareça impossível. Tente atingir esse nível de falta de ar três a quatro vezes ao dia, por um minuto ou dois, de preferência enquanto estiver fazendo algo que precise fazer de qualquer maneira.
Este estudo é limitado, no entanto. É associativo, mostrando apenas uma relação entre golpes rápidos de esforço e nossa expectativa de vida, e não nos diz por que a intensidade conta, embora outras pesquisas indiquem que exercícios extenuantes melhoram a resistência e a saúde cardiovascular mais do que exercícios mais leves, disse Stamatakis.
O resultado do estudo, concluiu ele, é que a pressa em realizar tarefas diárias pode nos adicionar anos a mais de vida no futuro.
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