Requisições de kit intubação à indústria afetam hospitais privados, que têm estoque para 48 horas

Ministério da Saúde solicitou estoques da indústria de medicamentos para atender demanda do Sistema Único de Saúde (SUS); associação de unidades particulares diz que houve desorganização da cadeia de suprimentos

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Foto do author Marco Antônio Carvalho

A Associação Nacional de Hospitais Privados (ANAHP) declarou em carta aberta nesta sexta-feira, 19, que as requisições do governo federal feitas à indústria para aquisição de remédios do chamado kit intubação estão desorganizando a cadeia de suprimentos e ameaçam o estoque das unidades particulares de saúde. Em algumas, segundo a entidade, medicamentos usados no atendimento a pacientes com covid-19 podem se esgotar em até 48 horas. 

Equipe médica atuando em hospital de São Paulo no combate à pandemia de covid-19 Foto: Tiago Queiroz/Estadão

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O Ministério da Saúde requisitou na quarta-feira, 17, estoques da indústria de medicamentos para suprir a demanda do Sistema Único de Saúde (SUS) diante da alta nas internações em todas as regiões do País. A requisição diz respeito a sedativos, analgésicos e bloqueadores musculares  usados para intubar pacientes. Para a Anahp, a decisão do ministério afeta recursos que já tinham sido contratados e ameaça também a rede particular.

Em carta aberta, a associação disse que a situação é crítica e “se medidas urgentes não forem tomadas em âmbito nacional mais pacientes morrerão”. A Anahp, que tem 118 hospitais associados, entre eles o Hospital Albert Einstein e Hospital Sírio-Libanês, disse que um levantamento desta quinta-feira apontou a escassez de medicamentos também na rede privada.

O estoque atual de remédios para intubação varia de 4 a 19 dias, segundo o comunicado. A organização confirmou que em alguns casos o estoque só dura mais 48 horas, mas não detalhou a que unidades essa previsão se refere.

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Estoque atual médio nas unidades privadas da Anahp

  • Propofol – 4 dias 
  • Cisatracurio – 4 dias 
  • Atracúrio – 4 dias 
  • Rocuronio – 9 dias 
  • Midazolam – 14 dias 
  • Fentanila – 19 dias

“Entendemos a preocupação do governo em garantir os insumos necessários para a atenção aos pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS), mas a situação do setor privado também é bastante preocupante e, certamente, atingirá o seu ápice nos próximos dias”, detalha a carta. 

“Caso essas instituições fiquem sem as medicações necessárias para os procedimentos exigidos em pacientes acometidos pela covid-19, a alta demanda dos hospitais privados sobrecarregará ainda mais o setor público – agravando a situação do sistema de saúde brasileiro”, complementa a associação.

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A Anahp solicita atenção urgente do Ministério da Saúde e órgãos competentes “em relação à questão crítica que a saúde está vivendo, colocando em risco a vida dos pacientes”.

O Conselho Federal de Farmácia (CFF) manifestou, em nota nesta semana, "extrema preocupação com a falta de medicamentos essenciais à qualidade da assistência e a manutenção da vida de pacientes em estado grave". Conforme o órgão, há relatos de falta de bloqueadores neuromusculares, sedativos e outros medicamentos usados em terapia intensiva, como o midazolan, para intubação, e imunoglobulina, indicado para amenizar os sinais e sintomas da artrite reumatoide.

O governo federal já teve de requisitar estoques do kit intubação entre junho e setembro de 2020, quando houve falta destes medicamentos em diversos locais. /COLABORARAM MATEUS VARGAS, FABIANA CAMBRICOLI E JOÃO PRATA

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