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Revolução tecnológica

A maturação das vacinas de mensageiro (mRNA) abre vários caminhos

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Por Adium/Moderna - Estadão Blue Studio
4 min de leitura
A técnica do mRNA vai muito além das doenças infecciosas, possibilitando, por exemplo, vacinas específicas contra tumores Foto: Getty Images

A pandemia do coronavírus acelerou uma plataforma de produção de vacinas que estava havia mais de uma década sendo gerada. A norte-americana Moderna, criada em 2010 em Cambridge (cidade do Estado de Massachusetts vizinha a Boston), era uma das empresas do setor de saúde que, desde o seu nascimento, já identificava a revolução que estavas prestes a ocorrer com a chegada das vacinas montadas a partir do mRNA. Esse tipo de técnica, hoje, é uma possibilidade real que vai muito além do combate a doenças infecciosas. Não será surpresa se, em alguns anos, vacinas específicas para diferentes tumores, por exemplo, estiverem à disposição dos pacientes.

Como estava tudo bem encaminhado dentro dos laboratórios da Moderna, que contava com a parceria de cientistas do prestigiado Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas dos Estados Unidos, a empresa começou de forma pioneira a testar sua vacina de mRNA para covid-19, na fase 1, ainda em 2020. Quando chegou à fase 3, os testes mostraram uma eficiência de 95% do imunizante.

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“Estamos diante de uma revolução. E essa vacina é a primeira de muitas que serão feitas com essa tecnologia”, afirma a infectologista do Instituto Emílio Ribas de São Paulo Rosana Richtmann. De acordo com a médica, uma das grandes vantagens dos imunizantes de mRNA é que eles podem ser atualizados rapidamente para combater novas variantes em circulação, por exemplo. Seja para covid-19 ou outras doenças infecciosas. “É como se estivéssemos usando uma receita de bolo”, afirma Rosana.

Do ponto de vista genético-molecular, a vacina de mRNA sintetizada nos laboratórios imita algo que já ocorre normalmente no corpo humano. De maneira rápida, um pedaço específico do RNA do vírus SARS-CoV-2 e suas variantes é produzido artificialmente no laboratório, em processo desprovido de células, e isolado para que se monte o imunizante. Esse pequeno segmento é misturado a uma nanopartícula lipídica, também sintetizada em laboratório, que protege o RNA viral e o conduz para o interior das células humanas, após a administração da vacina.

Esquerda para direita - Dra. Rosana Richtmann / Dra. Marcela de Azevedo Foto: Arquivo Pessoal

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Na sequência, a célula humana reconhece o mRNA do vírus e, da mesma maneira que produz todas as proteínas do corpo, utiliza o mRNA como molde para confeccionar proteínas virais (proteínas Spike ou espícula) no citoplasma celular. É importante ressaltar que esse processo ocorre no citoplasma da célula, e não no núcleo, onde se localiza o DNA. Portanto, não existe nenhum risco de alteração do material genético. Como a proteína produzida não é de humanos e sim de um vírus, ocorre ativação do sistema imune de defesa do indivíduo. Quando ocorre esse reconhecimento por parte do sistema imunológico, o corpo produz um exército de células imunes e substâncias que protegem o organismo quando o ataque real do vírus acontecer.

No caso dos humanos, o mRNA mora no citoplasma das células e ele é molde para a produção de todas as proteínas do corpo humano, como, por exemplo, colágeno e queratina. Da mesma forma, os vírus também fabricam proteínas utilizando mRNA. Quando ocorre a infecção, o mRNA do vírus é utilizado pelo corpo humano para fabricação de proteínas virais. Por serem proteínas virais e não queratina ou colágeno humano, por exemplo, o corpo humano se assusta e monta uma resposta imunológica a essa invasão. Quando o corpo consegue produzir mediadores imunológicos que dão conta do recado e eliminar o vírus do organismo, a pessoa se cura da infecção.

O pulo do gato da vacina de mRNA é que ela imita a invasão do vírus, sem causar a doença. A resposta é muito boa com esse tipo de vacina justamente porque ela simula bem todo o processo de infecção e, claro, sem causar a doença, porque o que está introduzido no indivíduo é apenas um fragmento do RNA viral, e não toda a sequência de RNA que compõe o vírus.

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Além de ser eficaz, a segurança também é alta, como atesta a médica Rosana, infectologista do Emílio Ribas. “Em 2020, eu fui voluntária dessa vacina. Se você me perguntar, eu não tinha certeza se ela iria funcionar, mas, em relação à segurança, eu sabia que em três dias, no máximo, aquele RNA mensageiro sairia do meu corpo e pronto. Não há risco nenhum de interferência no nosso DNA”, exclama Rosana.

Por ser um método eficiente, seguro e versátil, a plataforma do mRNA, explica a geneticista Marcela de Azevedo, Medical Science Liaison da Adium, abre caminho para vários outros saltos em saúde.

“Em vez de uma proteína viral, por exemplo, você pode produzir, pelo mesmo raciocínio, uma proteína faltante em um indivíduo, como uma enzima, que pode ser a causa de uma doença rara metabólica”, avalia.

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As vantagens da nova geração de vacinas

  • Eficaz
  • Segura
  • Desenvolvimento rápido
  • Produção flexível e em grande escala
  • Ação contra multivariantes
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