O secretário estadual de Saúde de São Paulo, Eleuses Paiva, informou nesta segunda-feira, 19, que o Estado não tem estoque de vacinas contra mpox (antigamente chamada de varíola dos macacos).
Segundo Paiva, a pasta enviou ofício ao Ministério da Saúde na última quinta-feira, 15, para saber se há previsão de compra de novas doses e quantas estariam à disposição de São Paulo, mas não obteve resposta até agora. “É importante sabermos se vamos ter essa arma ou não”, disse ao Estadão após a inauguração do Centro Líder de Inovação em Saúde Digital.
Em resposta enviada nesta terça-feira, 20, o ministério afirmou que está em diálogo com a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) para verificar a possibilidade de novas doses, “considerando a escassez global do imunizante e sua eficácia contra a variante atual”.
De acordo com o pasta, se a aquisição for possível, será necessária nova licença da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e a definição de grupos prioritários.
“A prioridade agora”, disse o ministério, “é reforçar a vigilância para garantir respostas rápidas e eficazes”. Na última quinta, 15, a pasta instalou o Centro de Operações de Emergência em Saúde (COE) para coordenar ações relativas à doença.
O Estado de São Paulo registrou 315 casos de mpox entre janeiro e julho deste ano. O número é maior do que o observado no mesmo período de 2023, quando foram confirmados 88 casos, mas está distante das 4.129 infecções de 2022, quando houve surto da doença.
Para Paiva, o cenário “ainda não é preocupante”. “(Mas) O vírus é extremamente transmissível”, ponderou. Por isso, segundo o secretário, o governo estadual tem capacitado profissionais para o diagnóstico da doença.
No Sistema Único de Saúde (SUS), a obrigação de adquirir imunizantes é do governo federal. Aos Estados compete a distribuição para os municípios, principais responsáveis pela aplicação das vacinas.
Na quinta-feira, 15, o ministério anunciou à imprensa que negocia a compra da vacina que combate o vírus. De acordo com Paiva, a secretaria não recebeu nenhuma comunicação oficial sobre essa negociação.
Emergência de saúde global
A mpox voltou a ser considerada uma emergência de saúde global pela Organização Mundial da Saúde (OMS) na última quarta-feira, 14, após o avanço de casos em países africanos, puxado por uma cepa diferente do vírus, considerada mais letal.
Por ora, não há registro de casos da nova variante no País. “A variante 1B da mpox, que motivou a OMS a declarar Emergência de Saúde Pública, não está em circulação no Brasil”, afirmou o ministério.
Em 2024, foram confirmados 709 casos da cepa 2B no País, “uma queda significativa em relação aos mais de 10 mil casos em 2022, durante o pico da doença”, disse a pasta.
Vacinação
No País, a vacinação contra mpox foi iniciada em 2023, após a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) liberar o uso provisório de um imunizante conhecido como Jynneos ou Imvanex.
Na época, o ministério distribuiu 49 mil doses do imunizante, que, ao contrário de outras vacinas, pode ser usado tanto antes quanto depois do contato com alguém contaminado (pré ou pós-exposição ao vírus).
Por essa característica e pelo número reduzido de doses, foi definido que a vacinação pré-exposição seria destinada a pessoas vivendo com HIV e profissionais de laboratório que trabalhassem diretamente com o vírus.
Já a vacinação pós-exposição seria para pessoas que tivessem contato direto com fluidos e secreções corporais de casos suspeitos, prováveis ou confirmados para mpox.
Sintomas
Entre os sintomas da doença estão lesões na pele, linfonodos inchados (ínguas), febre, dor no corpo, dor de cabeça, calafrios e fraqueza. O intervalo entre o contato com o vírus e o início da manifestação da doença varia entre 3 e 16 dias.
As lesões podem ser planas ou com relevo, com a presença de líquido claro ou amarelado, e tendem a surgir em qualquer parte do corpo, sobretudo no rosto, pés e na palma das mãos.
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.