SÃO PAULO - O governo de São Paulo informou em coletiva realizada nesta quarta-feira, 1.º, que cerca de 5 mil idosos com 60 anos ou mais serão vacinados com a terceira dose da Coronovac no município de Serrana. A aplicação em massa começa na próxima segunda-feira, 6, e terá o objetivo de garantir o acompanhamento do Projeto S, estudo clínico conduzido pelo Instituto Butantan na cidade.
"O Butantan está fazendo a doação para a prefeitura do município de Serrana de 5 mil doses de vacinas e rapidamente a prefeitura, juntamente com o Butantan, vão providenciar a vacinação desse contigente de pessoas nas próximas duas ou três semanas", informou o presidente do Instituto Butantan, Dimas Covas.
Segundo ele, a vacinação com a dose adicional permitirá o acompanhamento em relação à ameaça representada pela variante Delta, que já soma 757 casos confirmados no Estado de São Paulo. "Serrana é um verdadeiro laboratório epidemiológico, que agora avança para essa fase de vacinação", acrescentou Covas.
Como parte do Projeto S, a vacinação com as duas doses primeiras doses da Coronavac aconteceu entre março e abril deste ano na cidade de Serrana. Em junho, segundo o Butantan, os casos sintomáticos de covid-19 tiveram redução de 85% na cidade do interior paulista. As internações caíram 86% e as mortes, 95%.
De acordo com Dimas Covas, os benefícios não ficaram restritos somente à população vacinada, "mas foram observados em toda a população do município, incluindo a proteção de crianças e adolescentes".
O governador João Doria (PSDB), por sua vez, defendeu que a cidade de Serrana é um exemplo não só para o País, mas a nível mundial. "Fico feliz que essa projeção (da vacinação) já se reproduza também na geração de empregos e oportunidades para a população de Serrana", disse.
Em defesa da Coronavac
Ainda durante a coletiva, o secretário estadual da Saúde, Jean Gorinchteyn, e outros especialistas da área médica, como o infectologista do Hospital Emílio Ribas Sérgio Cimerman, defenderam a importância de utilizar a Coronavac também na vacinação da terceira dose, principalmente para acelerar o processo de vacinação. "Nós não podemos deixar nenhuma vacina (de) fora, nós precisamos que todas estejam e sejam incluídas no nosso Programa Nacional de Imunização", disse Gorinchteyn.
Já o coordenador do Comitê Científico do governo estadual, João Gabbardo, citou a nota técnica 27/2021, do Ministério da Saúde, que apontou "amplificação da resposta imune" após utilização da terceira dose da Coronavac, para defender que a vacina seja administrada como dose adicional. Isso permitiria, segundo ele, antecipar a segunda dose da Pfizer em faixas mais jovens e incluir o grupo de trabalhadores da área da saúde no calendário da terceira dose.
Na última semana, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, anunciou a aplicação no País da terceira dose da vacina a partir de 15 de setembro em idosos com mais de 70 anos e imunossuprimidos. Conforme a pasta, a imunização deverá ser feita preferencialmente com uma dose da Pfizer ou, de modo alternativo, com a vacina da Janssen ou da AstraZeneca. Segundo Dimas Covas, ao descredenciar a Coronavac como terceira dose mesmo após os resultados da nota 27/2021, o ministério tem um posicionamento que pode ser considerado "até mais político" do que técnico.
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