Nesta quinta-feira, 29, a funkeira e youtuber Dani Russo explicou a seus 13 milhões de seguidores no Instagram o motivo de seu sumiço nas redes sociais: ela teve uma crise relacionada à Síndrome do Pensamento Acelerado, com a qual teria sido diagnosticada no ano passado, e teve que ser internada. “Já estou sendo medicada. Já já está tudo ok. Mandem melhoras pra mim família”, escreveu.
Na época do diagnóstico, Dani estava em tratamento contra ansiedade e depressão e contou que dava entrada no hospital a cada três meses com sintomas como insônia, dor no estômago, vômitos e dificuldade para se alimentar. Como indica a definição de síndrome, trata-se de uma condição clínica que reúne sintomas que podem ter diferentes causas.
No caso da Síndrome do Pensamento Acelerado, as origens podem ser quadros de transtornos como ansiedade, bipolaridade e Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH), e mesmo fazer parte dos efeitos do consumo de algumas drogas, como a cocaína.
O que é o pensamento acelerado?
Do ponto de vista da psiquiatria, o pensamento humano é classificado em três graus: “Existe o pensamento com o curso normal; o pensamento acelerado, que quando ele começa a ser tão rápido que a pessoa tem dificuldade para expressá-lo, o que chamamos de taquipsiquia; e ele também pode estar lentificado em algumas condições psiquiátricas, o que a gente chama de bradipsiquia”, explica Mario Louzã, coordenador do Ambulatório de TDAH em Adultos do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (IPq/HCFMUSP).
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Segundo o médico, o sintoma aceleração do pensamento pode ser percebido no discurso do paciente que busca ajuda ou relatado por ele, que muitas vezes se queixa que não consegue acompanhar o ritmo do próprio raciocínio. Uma vez percebido, é preciso identificar a doença de base. “Essa aceleração abre um leque de possíveis doenças, e você precisa fazer o que a gente chama de diagnóstico diferencial, porque os tratamentos vão ser variados conforme a doença’', esclarece Louzã.
Como tratar a Síndrome do Pensamento Acelerado?
Se a doença base for o transtorno de ansiedade, por exemplo, o tratamento contempla medicamentos ansiolíticos ou antidepressivos que também tenham ação ansiolítica. No caso do transtorno bipolar, os remédios vão buscar controlar o episódio de aceleração do pensamento e estabilizar o humor do paciente. Por fim, as pessoas diagnosticadas com TDAH são tratadas com medicação para diminuir a hiperatividade física e mental.
Quais são os sintomas da Síndrome do Pensamento Acelerado?
Para a psicóloga Maura de Albanesi, além de associado a doenças de ordem psíquica, um pensamento acelerado também pode corresponder a um hábito adquirido que pode ser desaprendido, relacionado a situações como empregos ou períodos da vida carregados de muito estresse. “É um piloto automático que diz o tempo todo ‘estou com problema’. E isso traz falta de sono, traz hipersensibilidade, irritablidade”, pontua.
Segundo ela, esse quadro emocional está frequentemente ligado à percepção da pessoa de que só é possível ser amado, valorizado e reconhecido se é útil e produtivo. A condição pode ser tratada com acompanhamento psicoterapêutico que, dependendo do caso, pode estar aliado a um tratamento psiquiátrico medicamentoso.
O processo terapêutico, explica, passa por identificar a raiz emocional que causa essa reação. “É como se a pessoa estivesse sendo dominada por algo que ela não tem consciência, então a gente sempre vai buscar o que está dentro desse inconsciente. É como se você tivesse uma árvore linda que não está dando os frutos necessários, então você precisa ir até a raiz e ver se tem algo de diferente no solo, um veneno nas folhas… Para entender qual é o padrão de comportamento que essa pessoa adquiriu e de onde ele surgiu”, exemplifica a psicóloga.
Além do processo de autoconhecimento, ela ressalta que é importante fazer mudanças no estilo de vida que comportem uma rotina mais saudável, como realizar pausas durante o dia, praticar atividade física, alimentar-se corretamente, respeitar as horas de sono necessárias e os limites físicos de cada corpo. “Não pode emendar da manhã até a noite em uma aceleração constante, sem parar”, conclui.
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