SÃO PAULO - O governo de São Paulo anuncia neste domingo, 11, uma nova antecipação no calendário de vacinação contra a covid-19 no Estado. Na quarta mudança no cronograma realizada desde o mês passado, ficou determinado que toda a população com mais de 18 anos deve estar imunizada até o dia 20 de agosto. A gestão estadual também prevê iniciar a imunização dos adolescentes de 12 a 17 anos a partir do mês que vem.
Pelo novo cronograma, os adolescentes de 12 a 17 anos com deficiência, comorbidades e gestantes seriam vacinados primeiro, já a partir de 23 de agosto. Depois, viriam os jovens sem comorbidades, com a imunização se encerrando em 30 de setembro.
"O governo de São Paulo antecipa a vacinação de adultos, completando esse universo até 20 de agosto, diminuindo em 26 dias o que estava previsto. É fruto da aquisição de doses extras da Coronavac sob custo do governo de São Paulo. Com essas 4 milhões de vacinas prontas, vamos concluir o cronograma. Daqui a 40 dias, todos os adultos terão recebido ao menos a primeira dose", afimou o governador João Doria.
De acordo com o governador, o grupo de adolescentes é formado por 3,2 milhões de jovens.
Com as atualizações, o cronograma de vacinação fica assim:
- Adultos de 37 a 39 anos: 8 a 14 de julho
- Adultos de 35 e 36 anos: 15 a 18 de julho
- Adultos de 30 a 34 anos: 19 de julho a 4 de agosto
- Adultos de 25 a 29 anos: 5 a 12 de agosto
- Adultos de 18 a 24 anos: 13 a 20 de agosto
Cronograma para adolescentes:
Até o momento, o único imunizante com autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para ser aplicado em adolescentes com mais de 12 anos é o da Pfizer, que recebeu aprovação da agência no mês passado.
A permissão foi feita após a apresentação de estudos do laboratório apontando segurança e eficácia da vacina para este grupo. Com a liberação, a bula da vacina Comirnaty passará a indicar esta nova faixa etária para o Brasil.
Mesmo assim, as doses da Pfizer não serão guardadas para a imunização dos adolescentes. "Nós não guardamos estoque. Nós mantemos aqui que o Ministério da Saúde coloca e, neste momento, a recomendação do PNI (Programa Nacional de Imunizações) é que as doses que vêm chegando a todos os Estados é que se guarde a vacina da AstraZenenca, porque ela já vem para segunda dose. Toda vacina que chegar da Pfizer será utilizada para esse público que estamos trabalhando até os 18 anos, porque, neste mês de julho, a gente tem uma previsão de entrega da Pfizer", explica Regiane de Paula, coordenadora-geral do Programa Estadual de Imunização (PEI). Ainda de acordo com Regiane, a previsão é de que a remessa de agosto seja maior.
Volta às aulas
Na última quarta-feira, 7, a gestão estadual publicou no Diário Oficial a retirada do limite máximo de alunos nas escolas de educação básica que era, até então, de 35%. O secretário estadual da Educação, Rossieli Soares, já havia informado em junho que pretendia acelerar a volta às aulas no segundo semestre, acabando com os índices de ocupação por escola.
Wanderson Oliveira, epidemiologista e coordenador da Comissão Médica de Educação do Estado de São Paulo, celebrou a imunização dos jovens que estão fora das escolas, especialmente os que têm comorbidades, que correm risco ao serem expostos ao vírus, mas têm impactos no desenvolvimento quando não podem ter acesso às aulas e momentos de socialização.
"Estamos lutando há muitos messes para o retorno da atividade escolar com segurança. A gente está voltando às aulas com crianças que não têm comorbidades, professores vacinados e este seria o último grupo a voltar para esse ambiente de estimulação e interação. É um momento importante de virar o jogo com a vacina."
Médico infectologista e presidente do Departamento de Imunização da Sociedade Brasileira de Pedriatria, Marco Aurélio Sáfadi diz que os impactos da doença são menores em crianças e adolescentes, mas que os casos de mortes e sintomas que interferem na qualidade de vida não podem ser negligenciados.
"Mesmo quando ocorre sem sintomas graves, pode se manifestar com sintomas persistentes prejudicando a qualidade de vida. É importante priorizar quem tem doenças pulmonares crônicas, doenças neurológicas, deficiências mentais, as adolescentes gestantes. Essa iniciativa é correta e traz tranquilidade para uma série de famílias."
Indagado sobre os estudos com a Coronavac, imunizante feito em parceria entre o Instituto Butantan e a farmacêutica Sinovac, realizados com crianças com mais de 3 anos na China, o diretor do instituto, Dimas Covas, informou que o material já foi encaminhado para a Anvisa.
"Os estudos de segurança em crianças a partir de 3 anos já está de posse da Anvisa. Esperamos que seja incorporada essa utilização na autorização de uso emergencial sem a necessidade de estudos adicionais feitos aqui no Brasil." Ao Estadão, a Anvisa disse neste domingo não ter recebido o pedido por parte do Butantan para alteração da bula e inclusão das crianças e adolescentes.
Secretário de Estado da Saúde, Jean Gorinchteyn avalia que é necessário que mais estudos sejam realizados para que a vacinação de crianças comece a ser planejada.
"Para que nós estejamos vacinando uma população pediátrica, em tenra idade, é muito importante que tenhamos trabalhos que deem sustentação de segurança e eficária. Tanto Programa Nacional de Imunizações quanto Programa Estadual de Imunizações precisam estar respaldados com esses estudos para que, com as deliberações e a chancela da Anvisa, possamos deflagrar uma cobertura vacinal para faixas etárias pediátricas."
Antecipações no calendário
As antecipações do calendário no Estado começaram em 2 de junho, quando o governador João Doria anunciou que o término da vacinação, inicialmente previsto para dezembro, seria em 31 de outubro. Em 9 de junho, ele antecipou para 18 de outubro. E, no dia 13 de junho, para 15 de setembro.
A meta anterior era vacinar a população adulta sem comorbidades até 15 de setembro. O Estado tem à disposição quatro tipos de vacinas: Coronavac, do Instituto Butantan, AstraZeneca/Fiocruz, Pfizer e Janssen.
A nova antecipação das doses também depende da entrega de doses pelo Ministério da Saúde. "O Ministério da Saúde tem o compromisso de entregar não só para São Paulo, mas para os demais Estados, as doses de vacina que estão comprometidas. Os quatro milhões nos dão a possibilidade de antecipar o calendário. E, sim, vamos trabalhar com essa possibilidade de antecipação, lembrando que o Instituto Butantan, no dia 14, começa a entrega da vacina do Butantan, que são as mesmas que compramos diretamente com a Sinovac. Mas é necessário que o ministério cumpra o que está no site dele", explica Regiane.
A plataforma Vacinômetro, que acompanha o número de vacinados no Estado, mostra que foram aplicadas 28.645.293 doses desde o início da campanha, das quais 21.410.886 foram a primeira dose e 6.495.872, a segunda. Com dose única, foram 738.535. No Estado, foram contabilizados 3.860.960 casos da doença e 132.065 óbitos por covid-19 até este sábado, 10.
Para agilizar o momento da vacina, a população deve se cadastrar no site Vacina Já. Não é obrigatório, mas, segundo o governo, economiza até 90% no tempo de atendimento nos postos. O formulário pode ser preenchido no site ou via WhatsApp, pelo número +55 11 95220-2923.
Cidade de SP promete novo calendário nos próximos dias
A Prefeitura de São Paulo informou que a cidade segue as orientações técnicas do Programa Nacional de Imunizações (PNI) e do Programa Estadual de Imunizações, inclusive para a abertura de novas faixas etárias da vacinação contra a covid-19. “Com isso, o calendário do município será atualizado nos próximos dias”, disse. A capital paulista começa a imunização de pessoas com mais de 37 anos na segunda-feira, 12. /COLABOROU ÍTALO LO RE
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