SP bate novo recorde e registra 1.389 mortes por covid em 24 horas

O índice sofre impacto de casos represados durante a Páscoa, uma vez que o número de testes realizados durante o feriado é menor, de acordo com o Estado; baixo isolamento social prejudica contenção do vírus

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SÃO PAULO - O Estado de São Paulo bateu novo recorde negativo e confirmou 1.389 mortes por coronavírus nas últimas 24 horas, segundo dados divulgados pelo governo João Doria (PSDB) nesta terça-feira, 6. Com isso, o total de óbitos chegou a 78.554 desde o início da pandemia. Para especialistas, o mau resultado está relacionado ao colapso do sistema de saúde em várias cidades e à baixa taxa de isolamento social mesmo com as atuais restrições impostas pelo governo João Doria (PSDB).

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Os casos acumulados de covid somam 2.554.841 em São Paulo, dos quais 22.794 diagnósticos foram notificados no último dia. No Brasil, são 333.153 óbitos e mais de 13 milhões de confirmações da doença desde o ano passado.

O índice desta terça sofre o impacto de casos represados na Páscoa, uma vez que o número de testes realizados durante o feriado é menor. “O número é o maior desde o início da pandemia e tem dados acumulados desde o feriado da última sexta-feira, quando habitualmente são registrados menos óbitos”, diz o governo, em nota. 

Hospitais da Grande São Pauloestãocom alta ocupação de leitos em UTI eenfermaria Foto: Miguel Schincariol/AFP

Cientistas e profissionais de saúde são unânimes em afirmar que o País atravessa o período mais difícil da pandemia, com sobrecarga nos hospitais e taxa de transmissão em patamar elevado. Para tentar frear a escalada de casos e mortes, o governo Doria aumentou restrições em São Paulo, proibindo celebrações religiosas, atividades esportivas e o funcionamento presencial de alguns tipos de loja.

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Iniciada em 15 de março e prorrogada até 11 de abril, a “fase emergencial”, no entanto, não tem sido capaz de reduzir de forma importante a circulação de pessoas no Estado. Segundo dados do Sistema de Monitoramento Inteligente, nas duas semanas anteriores ao endurecimento das restrições, a taxa de isolamento social variou entre 39% e 51%. Desde então, o índice subiu pouco e oscilou entre 43% e 51%. 

“As restrições só estão sendo parcialmente observadas”, avalia o epidemiologista Eliseu Alves Waldman, professor da Faculdade de Saúde Pública da USP. “O problema não são as medidas tomadas, em si, mas a implementação. Na situação em que nós estamos, e sem vacina, deveria haver lockdown. E, se não um fechamento completo de verdade, algo que realmente levasse à diminuição da movimentação de pessoas para 60% a 75%.”

Waldman reforça que o isolamento é a “única forma” de diminuir a circulação do vírus e consequentemente o número de novos casos e de mortes por covid. Ele pondera, contudo, há uma série de dificuldades para implementação de restrições. “Uma parte da população está cansada e outra nunca pôde fazer o isolamento. A situação econômica piorou muito e o impacto nos segmentos mais vulneráveis está sendo terrível.”

Para o cientista, a resistência de setores políticos a medidas de restrição também dificulta o combate à pandemia. “Há o velho ruído de comunicação, visto desde o ano passado, que não muda”, diz. “É uma crise trigêmea: sanitária, econômica e política.” 

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De acordo com dados oficiais, o último recorde de mortes havia sido registrado exatamente há uma semana, no dia 30 de março. Na ocasião, foram confirmados 1.209 óbitos por covid.

Esta foi a sétima vez que São Paulo notificou mais de mil mortes diárias pelo novo coronavírus. Todos esses registros aconteceram em 2021: 1.021 (23 de março), 1.051 (27 de março), 1.082 (1º de abril), 1.160 (31 de março), 1.193 (26 de março).

Segundo o SP Covid-19 Info Tracker, plataforma desenvolvida por cientistas da USP e da Unesp para fazer projeções e monitorar a pandemia em tempo real, a taxa de transmissão (Rt) no Estado está em 1,44. Isso significa que o vírus está em propagação acelerada e os casos devem continuar subindo.

Dados do governo indicam que a taxa de ocupação dos leitos de UTI estava em 90,7% na segunda-feira, 5, com um total de 12.963 pacientes. Havia, ainda, 16.547 pessoas em leitos de enfermaria. De acordo com especialistas, a lotação em hospitais também piora a capacidade de resposta e tende a aumentar o índice de mortalidade mesmo para quem consegue atendimento.

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Coordenador da ferramenta, o professor da Unesp Wallace Casaca avalia que, diante desse cenário, o prognóstico para os próximos dias é pessimista. “O número de novos óbitos não deve cair tão brevemente”, afirma.

Com a atual taxa de transmissão, a tendência é que os novos casos continuem subindo de 15 mil a 20 mil por dia.  “Além disso, o índice de pessoas internadas na UTI, embora tenha parado de subir, está estacionado em um platô muito alto. Estatisticamente, 60% evolui para óbito. Do fundo do meu coração eu gostaria que essa estatística estivesse errada, mas 60% das pessoas que estão internadas hoje devem morrer. Isso dá quase 8 mil pessoas. A situação é dramática.”

Por causa do tamanho da população, a curva epidemiológica do Estado acaba “espelhando” a da capital paulista, segundo explica Casaca. “A cidade de São Paulo tem uma representatividade muito grande no Estado e no Brasil: ela quem dita a tendência”, diz. “Na segunda, só o município de São Paulo reportou 686 novos óbitos. Para ter ideia da dimensão, se fosse um país, o dado colocaria a cidade em segundo lugar do ranking mundial de mortes, atrás apenas do Brasil e na frente até dos Estados Unidos”, diz. “E o que acontece em São Paulo é o colapso do sistema de saúde, que não consegue absorver a demanda atual.”

O especialista alerta, entretanto, que o cenário é preocupante em todas as regiões. “Não há ilha de tranquilidade”, diz. Com hospitais abarrotados e presença de variantes do coronavírus, a região de Sorocaba tem atualmente a maior taxa de transmissão (1.85) do Estado. A propagação também está acelerada Registro (1,68), Barretos (1,57), Baixada Santista (1,51), Presidente Prudente (1,45), Taubaté (1,41), Marília (1,36), Campinas (1,16) e Bauru (1,11.).

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