O governador João Doria confirmou nesta segunda-feira, 21, que o Estado de São Paulo vai receber 5,5 milhões de doses da vacina Coronavac, no dia 24, quinta-feira, véspera de Natal. De acordo com o governo, será o maior carregamento de vacinas já recebido pela América Latina. Novos lotes já estão agendados, informou o governador. Serão 400 mil doses no dia 28 e mais 1,6 milhão no dia 30. Considerando os 3,1 milhões já armazenados no Instituto Butantã, Doria esperar somar cerca de 10,8 milhões de doses da vacina contra o novo coronavírus até o dia 30 de dezembro.
“A matéria-prima para 5,5 milhões de doses chegará em mais um voo vindo da Sinovac, em Pequim, representando o maior lote de vacinas já desembarcado no Brasil e também no continente latino-americano", disse Doria. As vacinas estão prontas para distribuição e aplicação na população, mas dependem da aprovação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Até o momento, o órgão federal ainda não autorizou o uso de nenhuma vacina contra a covid-19 no País. Doria também manteve a previsão de iniciar a vacinação contra o coronavírus no estado no dia 25 de janeiro.
O anúncio sobre a chegada de novos lotes da vacina ocorre paralelamente ao aumento de casos. O secretário da Saúde de São Paulo, Jean Gorinchteyn, revelou aumento de 3% no número de casos e 6% no número de mortes em relação à última semana. A taxa de ocupação na UTIs é de 61%. Dados das companhias de telefonia móvel mostraram que a taxa do isolamento no estado no sábado, 19, foi de 40%. Nesta terça-feira, dia 22, o Centro de Contingência poderá definir novas ações de contenção da doença, restringindo ainda mais o funcionamento de estabelecimentos comerciais. "Nas últimas quatro semanas, tivemos aumento de 54% no número de casos e 34% no número de óbitos e 13% de incremento nas internações", disse o secretário.
Dimas Covas, presidente do Instituto Butantã, parceiro do laboratório chinês Sinovac na produção da vacina, confirmou que o estudo completo dos testes de eficácia será encaminhado para a Anvisa no dia 23. Simultaneamente, os dados será apresentados no China. No mesmo dia, o governo vai pedir o registro da Coronavac no Brasil e também na NMPA, instituição chinesa responsável pela regulação de medicamentos.
"Vamos iniciar três processos ao mesmo tempo no dia 23. Um é o registro do produto na China, ponto importante por se tratar de uma vacina mundial. Paralelamente, nós iniciamos no Brasil o registro e o pedido de uso emergencial. A Anvisa estabeleceu uma regra de 10 dias úteis para se pronunciar. Estamos confiantes na qualidade dos dados e também na interlocução com a Anvisa", revelou Covas.
Se houver
Na última quarta-feira, 16, o governo federal incluiu a Coronavac no plano nacional de vacinação. O governo paulista diz que aguarda uma formalização da intenção de compra das doses pelo Ministério da Saúde.
Compra de seringas
Doria anunciou ainda a aquisição de 100 milhões de seringas e agulhas para aplicação da vacina durante a campanha marcada para o dia 25 de janeiro. “Estamos ampliando o estoque para termos certeza e convicção de que nenhum insumo faltará ao estado de São Paulo. Todos os insumos serão distribuídos nos 645 municípios do Estado”, disse Doria.
Para a aquisição, a Secretaria de Saúde dividiu as compras em 27 pregões, entre 18 e 23 de dezembro. Cada pregão prevê a aquisição de 2 milhões de unidades de seringas de 1 e de 3 ml e três tipos de agulhas. A estratégia fracionada pretende garantir estoques de acordo com o cronograma e públicos prioritários. As empresas vencedoras poderão entregar os insumos até julho, de acordo com a definição de cada um dos pregões.
O governo estadual já havia adquirido, neste segundo semestre, outras 21 milhões de seringas e agulhas para as vacinações de rotina do ano, contando com uma reserva estratégica de 11 milhões para a imunização do novo coronavírus. Na primeira fase da vacinação está prevista a imunização de 9 milhões de pessoas dos grupos prioritários: profissionais de saúde, idosos, moradores de casas asilares, indígenas e quilombolas.
Existe grande preocupação das autoridades com as festas de final de ano. Celebrações em estabelecimentos comerciais, como bares, restaurantes, hotéis e salões de festas estão vetadas. Outro tema debatido pelo comitê de gestão de crise do Palácio dos Bandeirantes é o apoio logístico às prefeituras do litoral de São Paulo para impedir aglomerações e desencorajar turistas a fazer o “bate e volta”, viagem rápida, para acompanhar a virada do ano.
"Precisamos do apoio das municipalidades. Aumentamos a fiscalização. Nós quintuplicamos o número de fiscais de 200 para mais de mil profissionais. Mas precisamos da ação dos municípios. Muitas as aglomerações também acontecem dentro das casas. O distanciamento é fundamental", disse Jean Gorinchteyn.
Membro do Centro de Contingência contra o Coronavírus do Estado de São Paulo, João Gabbardo disse mostrou preocupação com a mutação do coronavírus identificada no Reino Unido. Os governos de Argentina, Canadá, Chile, Colômbia e Peru, acompanhando países europeus, anunciaram que pretendem suspender todos os voos do Reino Unido devido ao avanço de uma cepa mais contagiosa do coronavírus em território britânico. "Essa variante preocupa muito. A preocupação com o aeroporto de Guarulhos é extreamente importante, mas essa é uma atribuição da Anvisa, responsável pelo controle dos portos e aeroportos no Brasil", afirmou Gabbardo. "Não existe indicativo de gravidade. Também não existe indício de que as vacinas não garantam imunidade contra essa variante. Pelas informações que temos, as vacinas oferecem proteção contra essa variação do coronavírus", completou.
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