O governo de São Paulo anunciou nesta terça-feira, 6, a criação Centro de Operações de Emergências (COE) de combate ao mosquito Aedes aegypti, frente ao que autoridades classificaram como uma “antecipação” da temporada de dengue no Estado. Segundo os dados apresentados, foram registrados 60% mais casos provaváveis da doença nas cinco primeiras semanas de 2024 em relação ao mesmo período do ano passado.
A primeira medida desse Centro será uma repasse, de forma imediata, de R$ 200 milhões do tesouro estadual aos municípios, conforme disse Felicio Ramuth, governador em exercício. De forma inédita, a Defesa Civil estará envolvida nesse combate (chamado de “guerra contra a dengue” repetidamente pelos secretários), como braço operacional da Saúde.
“Hoje, a dengue é o maior problema de saúde pública que temos no Estado de São Paulo”, afirmou Eleuses Paiva, secretário de Saúde. Segundo ele, o COE fará um trabalho de monitoramento de 24 horas e permitirá entender como a doença se comporta no Estado e adotar as melhores medidas. O Centro reúne oito secretarias - Saúde; Casa Civil; Casa Militar e Defesa Civil; Segurança Pública; Desenvolvimento Social; Comunicação; Educação; Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística -, além do Conselho de Secretários Municipais de Saúde (Cosems/SP).
Ao todo, até a quinta semana epidemiológica, encerrada no sábado, 3, o Estado teve mais de 55,6 mil notificações de casos prováveis de dengue. Desses, 29.386 foram confirmados, ante 19.094 do mesmo período do ano passado. Quatro óbitos foram confirmados no Estado. O número de vítimas caiu em relação à 2023, quando 24 mortes haviam sido registradas. As autoridades associam essa redução ao melhor preparo das equipes de saúde, afinal, segundo eles, desde setembro o governo se prepara para enfrentar a doença em um cenário de elevação das temperaturas motivado pelo El Niño. A dengue não tem tratamento específico, mas um protocolo de hidratação adequado ajuda a evitar o agravamento de quadros e salva vidas.
O Estado não vive uma epidemia, afirmou o secretário. Até a quinta semana, a incidência é de 67 casos para cada 100 mil habitantes. Paiva explicou que, para que fosse considerado um cenário epidêmico, esse número precisaria ser de 300, algo que já é visto em alguns municípios.
“Se fosse uma guerra, estaríamos sendo atacados em todos os limites fronteiriços”, compara Paiva. Segundo ele, as cidades em situação mais crítica estão nos limites com outros Estados, como Rio de Janeiro, Minas de Gerais e Paraná.
Quanto ao desenrolar das próximas semanas epidemiológicas, há uma certa incerteza. “Há fatores, principalmente o ambiental, que não podemos controlar. Então pode ser que (mesmo) com toda a estratégia que está sendo desenhada aqui, o fator ambiental, chuvas muito intensas, calor e mais o Carnaval, tenhamos ainda um aumento expressivo do número de casos”, afirmou Regiane Cardoso de Paula, coordenadora de Controle de Doenças de SP.
A tônica da coletiva é da necessidade da população colaborar no combate ao mosquito transmissor. Isso porque 75% a 80% dos criadouros estão dentro das casas das pessoas, disseram. Por isso, falaram que focarão também nas ações de conscientização e educação - com auxílio das escolas inclusive -, e fizeram um apelo para que os munícipes paulistas abram as portas para os agentes de vigilância.
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Adolfo Lutz
O governo também anunciou um aporte ao Instituto Adolfo Lutz, sem informar os valores, para que ele adote mais “automação”. “Para que a gente possa ter uma resposta mais eficiente, possa atender um número de casos maiores e ter uma resposta num curto espaço de tempo”, explicou Paiva.
Segundo ele, o prazo de resposta, hoje, é de cinco a 10 dias. Com mais automação, a ideia é que exames fiquem prontos entre 48h e 72h.
Vacina
Treze cidades do Estado de São Paulo foram selecionadas para receber doses da vacina contra a dengue Qdenga, distribuída pelo Ministério da Saúde. Segundo os representantes do Estado de SP, que fará o repasse aos municípios, as doses ainda não foram recebidas
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