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Substância do Ozempic reduz risco de infarto e de morte em pacientes com obesidade, mostram estudos

Tratamento com semaglutida diminuiu risco de ataque cardíaco em 28% e de óbito em 18%, segundo pesquisas divulgadas hoje

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Foto do author Giovanna Castro
Foto do author Fabiana Cambricoli
Atualização:

Novos dados dos estudos com o medicamento para obesidade Wegovy, nome comercial para a substância semaglutida (apresentado em 2,4 mg) – mesmo princípio ativo do Ozempic, utilizado para tratamento de diabetes –, demonstraram que o risco de morte de pacientes obesos em tratamento com o remédio é 18% menor que o daqueles que não fazem o tratamento. O risco de ataques cardíacos, principal causa de morte no mundo, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), cai cerca de 28% com o uso.

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Os resultados foram anunciados pela farmacêutica dinamarquesa Novo Nordisk neste sábado, 11, em um congresso da American Heart Association (Associação Norte-americana do Coração) e publicados no New England Journal of Medicine.

“Esse estudo é um marco na história do tratamento da obesidade porque ele reforça a necessidade de tratá-la como uma doença crônica e progressiva e, portanto, proporcionar aos pacientes um tratamento de longo prazo. Isso abre uma janela de oportunidade para que os pacientes com obesidade estejam conscientes de que existem tratamentos que reduzem eventos cardiovasculares”, disse ao Estadão Ricardo Cohen, Diretor do Centro de Obesidade e Diabetes do Hospital Alemão Oswaldo Cruz.

Medicamento Wegovy vem em formato de caneta. Farmacêutica responsável é a Novo Nordisk, da Dinamarca. Foto: Victoria Klesty/REUTERS

O endocrinologista Bruno Halpern, presidente da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e Síndrome Metabólica (Abeso), escreveu em sua página no Instagram que a apresentação dos resultados dos estudos representa um dia feliz e histórico “para quem advoga por um tratamento sério e ético contra a obesidade”.

“Embora saibamos que a obesidade está associada a maior risco cardiovascular e de outras doenças, não havia evidência direta que o tratamento clínico mudasse desfechos cardíacos, e muitos estudos anteriores, com outras medicações, foram uma decepção, com resultados neutros ou até maléficos. [...] Um estudo como esse tem potencial de reescrever essa narrativa: sim, tratar a obesidade tem como objetivo reduzir riscos e podemos fazer isso!”, afirmou ele, ressaltando que o tratamento, além de efetivo, é seguro.

Em entrevista ao Financial Times, o vice-presidente executivo de desenvolvimento da Novo Nordisk, Martin Holst Lange, disse que eles demonstram que o medicamento é “incrivelmente poderoso” no combate ao risco cardiovascular, confirmando as expectativas positivas de especialistas.

Em agosto, as pesquisas já tinham indicado um índice de 20% de diminuição do risco de eventos cardíacos. Agora, a expectativa da empresa farmacêutica é de que os novos dados convençam mais sistemas de saúde e seguradoras a pagar pelo tratamento, visto o ganho em qualidade de vida para os pacientes e a redução dos custos no longo prazo. O tratamento com o Wegovy tem um preço tabelado nos Estados Unidos de mais de 1,3 mil dólares por mês, o que é considerado alto.

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No Brasil, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou o medicamento para o tratamento para sobrepeso e obesidade em adultos e, em setembro, liberou o medicamento para crianças e adolescentes a partir de 12 anos. A previsão é de que o medicamento seja disponibilizado aos pacientes brasileiros em 2024. Enquanto isso, o Ozempic, que é aprovado no País para diabetes, tem sido prescrito off-label (com indicação diferente da receita) para obesidade.

O preço máximo do Wegovy no Brasil, de acordo com a Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED), será de R$ 2.484, nas doses mais altas, a depender do Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) de cada Estado. Em São Paulo, por exemplo, essa versão pode custar até R$ 2.383,43.

O remédio funciona à base do princípio ativo semaglutida (apresentado em 2,4 mg), que age como se fosse o GLP-1, um hormônio que sinaliza ao cérebro a sensação de saciedade. A compra dependerá de prescrição médica e a aplicação subcutânea ocorre uma vez por semana. Os resultados dependem também do comprometimento do paciente em aderir a outros comportamentos, como redução no consumo de calorias e prática de exercício físico.

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