Superbactéria: cinco bebês morrem em UTI neonatal de Cuiabá após infecção

Nove crianças foram infectadas por uma superbactéria que está na categoria crítica na avaliação da OMS. MP instaurou inquérito para investigar o caso

PUBLICIDADE

Por Fátima Lessa
Atualização:

Cuiabá - Cinco bebês morreram em decorrência de uma infecção pela superbactéria Klebsiella pneumoniae carbapenemase (KPC), na UTI neonatal do Hospital Estadual Santa Casa de Cuiabá, em Mato Grosso. No total, as infecções atingiram um total de nove crianças, das quais quatro se recuperaram.

PUBLICIDADE

As mortes aconteceram entre os dias 16 e 21 de fevereiro, mas só vieram à tona neste mês. O Ministério Público de Mato Grosso (MP-MT) instaurou inquérito para investigar as mortes. O Conselho Regional de Medicina de Mato Grosso (CRM-MT) em nota, disse que o caso “será apurado e julgado, dentro dos princípios da legalidade com direito a ampla defesa e ao contraditório”.

Em nota, a Secretaria de Estado de Saúde de Mato Grosso (SES-MT) informou que “os cinco pacientes já chegaram ao Hospital Estadual infectados” e negou que as crianças tenham contraído a bactéria dentro do hospital. Uma médica que trabalhava na UTI disse que o surto aconteceu depois que uma bebê infectada pela KPC foi internada, em janeiro.

Os cinco pacientes já chegaram ao Hospital Estadual infectados, diz o governo Foto: Google

A uma TV local, ela disse que oito crianças foram infectadas depois da internação da bebê infectada transferida de “um hospital particular da capital, que também atende pelo Sistema Único de Saúde (SUS) para tratamento mais especifico”.

Segundo ela, o hospital Santa Casa foi em busca de medicamentos para tratar do surto. Não houve negligência, reforçou. “Os bebês foram tratados com o antibiótico que foi comprado.”

Publicidade

Em nota, a Secretaria de Estado de Saúde de Mato Grosso (SES-MT) informou que “os cinco pacientes internados entre os dias 16 e 21 de fevereiro e direcionados de outras unidades de saúde, que não são geridas pelo Estado, já chegaram ao Hospital Estadual infectados por uma bactéria multirresistente”, mas que a infecção não foi o motivo da internação.

Ainda segundo a nota, “para receber os pacientes, o Hospital Estadual realizou exame protocolar de cultura de vigilância para determinação do tipo de leito, isolamento de contato e proteção”. “O exame identificou a existência da infecção.” E que a infecção pela bactéria multirresistente “só foi identificada no momento em que os pacientes deram entrada no Hospital Estadual”.

Segundo a SES, “as equipes especializadas do Hospital Estadual Santa Casa envidaram todos os esforços para conter as infecções, que já eram consideradas graves no momento da internação dos pacientes na unidade”.

De acordo com a nota, “as equipes da Vigilância do Estado e do Município, do Conselho Regional de Medicina de Mato Grosso (CRM-MT) e da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) foram notificadas e também auxiliaram no processo de contenção da infecção”. E informaram, por último, que os   “leitos ocupados pelos pacientes infectados foram bloqueados, desinfectados e já estão em pleno funcionamento”.

Bactéria está em categoria considerada crítica

A bactéria Klebsiella pneumoniae conhecida popularmente por superbactéria, recebe esse nome por ser resistente à maioria dos antibióticos.

Publicidade

Desde 2017 ela integra a categoria “crítica”, a mais preocupante, na lista da Organização Mundial da Saúde (OMS) isso significa, segundo especialistas, que a busca pelo desenvolvimento de novos remédios “é mais urgente, já que esses microrganismos evoluíram se tornando mais fortes e desenvolvendo formas poderosas de driblar antibióticos existentes”.

Ainda segundo os estudos, as infecções provocadas por elas são mais comuns em hospitais. Médicos afirmam que nas “unidades de saúde, a propagação acontece principalmente no contato com fluidos do paciente infectado, como por meio de sondas e cateteres”.

Tudo Sobre
Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.