Embora seja um exame simples e usado há décadas, o ergométrico – o popular teste da esteira – ainda é muito atual e serve como a primeira opção para diagnosticar problemas diante de sintomas cardíacos, como a falta de ar e a dor no peito. Mas ele também é importante para avaliar quem tem doenças sistêmicas, caso da covid longa, e precisa praticar atividade física como parte do tratamento.
Essas informações fazem parte de uma nova diretriz, recém-divulgada pela Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), que reúne uma revisão de mais de mil estudos sobre o tema. “Esses exames são orientados por sintomas cardiológicos e são essenciais como parte de um checkup”, diz o cardiologista Augusto Uchida, chefe da Ergometria do Hospital Israelita Albert Einstein.
Embora o da esteira seja o mais comum, o médico explica que há vários tipos de testes ergométricos. Em comum, todos avaliam como o coração trabalha enquanto faz esforço, permitindo detectar doenças que podem não dar sinais com o órgão em repouso. Eles são usados para diagnosticar obstruções, hipertensão e insuficiência cardíaca, além de acompanhar a resposta a tratamentos, o ajuste do uso de remédios e a recuperação pós-cirúrgica.
Em casos de pacientes com falta de ar, por exemplo, é possível saber se a origem é cardiovascular ou pulmonar, ou ambos – e ainda se a pessoa apenas está “fora de forma.”
“A atividade física é parte do tratamento de diversas doenças, incluindo as metabólicas, como diabetes e a obesidade, e até câncer. Algumas, como a covid longa, causam o comprometimento pulmonar e também podem agredir o sistema cardiovascular. Os testes ergométricos contribuem para definir melhor suas consequências, além de proporcionar informações para a prescrição individualizada da atividade física, que é parte da reabilitação e do tratamento”, explica o cardiologista Tales de Carvalho, coordenador da diretriz da SBC.
No entanto, esses exames devem ser feitos por médicos especializados e aptos a lidar com intercorrências, pois problemas graves podem surgir justamente no momento do teste. O local precisa ter equipamentos como desfibriladores, drogas para controlar arritmias e pessoal treinado para atuar no caso de uma ressuscitação cardiopulmonar.
A Agência Einstein ouviu os especialistas para explicar os exames. Confira a indicação de cada um deles a seguir.
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Teste ergométrico
É o mais básico e a primeira opção para fazer um diagnóstico de arritmias, obstruções e hipertensão, entre outros. Nele, o paciente é monitorado por meio de eletrodos, que fazem um eletrocardiograma enquanto ele caminha na esteira ou pedala numa bicicleta. Um aparelho mede a pressão arterial. O teste é interrompido quando a pessoa chega à exaustão física ou ao esforço físico máximo, ou quando aparecem sintomas desconfortáveis ou alguma anomalia no monitoramento.
“Com o surgimento de novos exames mais sofisticados, acreditava-se que o velho teste ergométrico estava ficando ultrapassado. Queremos ressaltar que ele ainda é extremamente útil, com grande custo-efetividade, e oferece muitas informações para diagnóstico, prognóstico e tratamento”, diz Carvalho.
Teste cardiopulmonar de exercício
Similar ao teste da esteira, a principal diferença é que o paciente faz o exercício usando uma máscara, que cobre o nariz e a boca e serve para avaliar a capacidade pulmonar. Com informações sobre a troca de gases, ele permite analisar o consumo de oxigênio, a produção de gás carbônico e a ventilação pulmonar e mostra como está o condicionamento físico. Essencial para atletas, também é recomendado para quem pratica atividade física regularmente, pois indica a melhor frequência cardíaca para uma atividade segura, ajudando a elaborar esquemas de treino.
“O teste aprimora a prescrição de exercício nos programas de reabilitação cardiovascular também para pacientes, inclusive os muito debilitados, com insuficiência cardíaca, doença pulmonar crônica ou doença coronária grave, entre outros”, diz Carvalho.
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Com imagens
Quando os testes anteriores geram dúvidas, explica o cardiologista, podem ser feitos exames de esforço que associam imagem. São eles:
- Ecoestresse
Trata-se do ecocardiograma, que é uma espécie de ultrassom do coração, em que o médico visualiza imagens do órgão enquanto a pessoa faz o exercício, normalmente pedalando. Pode ser solicitado quando há dúvidas sobre obstruções.
- Cintilografia do miocárdio
É um exame de medicina nuclear, que utiliza o contraste (uma substância radioativa) e ajuda a visualizar o funcionamento e a irrigação do coração, apontando isquemias, entre outros problemas. É feito em pacientes de maior risco ou que já tenham doenças das coronárias, por exemplo.
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