Tumor nas amígdalas, como o de músico dos Titãs, pode provocar dor de garganta e engasgos

Branco Mello luta há anos contra reincidência de câncer e passará por nova cirurgia

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Por Layla Shasta
Atualização:

O músico Branco Mello, de 62 anos, vocalista e baixista na banda Titãs, anunciou em suas redes sociais que irá passar por uma nova cirurgia, agora para retirar um tumor em fase inicial nas amígdalas. O cantor luta há anos contra a reincidência de câncer na área da garganta.

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De acordo com o oncologista Pedro De Marchi, líder da especialidade de cabeça e pescoço da Oncoclínicas, embora seja chamada de tumor nas amígdalas, a doença nessa região é classificada como um câncer da orofaringe. Essa é a área do corpo onde estão as amígdalas, a base da língua, o palato mole (tecido que constitui a parte de trás do céu da boca) e a parede posterior da faringe.

Os principais sintomas da doença incluem dor de garganta persistente, dor e dificuldade ao engolir, engasgos frequentes, sensação de massa ou inchaço na garganta e, em casos mais avançados, obstrução e falta de ar. O paciente também pode notar a presença de um nódulo (caroço) no pescoço que cresce com o passar do tempo e dor no ouvido.

Branco Mello ficará afastado temporariamente dos shows Foto: Dantas Jr.

Causas

Há dois grandes grupos de cânceres nessa área: aqueles relacionados ao tabagismo e ao consumo excessivo de álcool, principais fatores de risco para a doença, e os que têm relação com a infecção pelo papilomavírus humano (HPV).

Na última década, pesquisadores observaram a diminuição do tabagismo como causa de câncer de orofaringe. Por outro lado, houve um aumento de casos relacionados à infecção por HPV, especialmente entre pessoas abaixo de 40 anos de idade.

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Como explica o oncologista Cheng Tzu Yen, coordenador da área de tumores de cabeça e pescoço do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, o HPV tem uma predileção pela região da orofaringe e pode ocasionar mutações nas células.

“Seja por fatores comportamentais, como sexo oral sem preservativo, o HPV pode se instalar. Em um desequilíbrio da imunidade do portador, esse vírus pode se manifestar de forma invasiva, causando o tumor”, diz.

Diagnóstico e tratamento

Há o exame físico, para verificar se há anormalidades na região da garganta, como inchaço ou nódulos, mas o diagnóstico é sempre feito por biópsia, em que um pedaço do tumor é retirado e enviado ao patologista para identificar se o achado é benigno ou maligno. O tumor benigno cresce de forma organizada e limitada, não desenvolve metástases e é resolvido ao ser removido cirurgicamente, quando necessário. Já o tumor maligno, ou câncer, cresce descontroladamente, é agressivo e pode invadir outros tecidos.

Após a biópsia, são feitos exames de imagem, como tomografia computadorizada ou ressonância magnética, que ajudam a visualizar a área afetada e definir qual o tipo de tumor.

A partir dos resultados, são escolhidos os tratamentos, que variam de acordo com a extensão da doença. O tumor pode ser alvo de cirurgia, como no caso de Mello, mas quadros mais avançados requerem tratamentos sistêmicos.

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“Como nem sempre (os tumores) são detectados de forma precoce e acabam sendo identificados de forma mais avançada, esses pacientes podem ser tratados com quimioterapia e radioterapia juntos ou com radioterapia isolada”, explica Yen, reforçando a importância do diagnóstico precoce.

A cirurgia pode ser realizada de maneira tradicional, aberta, ou de forma minimamente invasiva, com auxílio de robôs. Segundo Yen, a operação não prejudica a fala ou o canto do paciente, pois não é realizada em um local próximo às cordas vocais.

De Marchi completa que as sequelas da cirurgia estão mais relacionadas à deglutição, mas tudo depende da extensão do procedimento e da necessidade de tratamento complementar com radioterapia ou quimioterapia. “Quanto mais modalidades terapêuticas, mais sequelas.”

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