Um guia para iniciantes sobre queda de cabelo nos homens

A calvície atinge metade dos homens até os 50 anos de idade; confira o que é preciso saber sobre tratamento e prevenção

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Por Christopher Solomon (The New York Times)
Atualização:

É um dia de pesadelo para qualquer homem: olhar no espelho e admitir que as entradas estão aumentando.

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Metade dos homens terá algum tipo de calvície de padrão masculino até aos 50 anos de idade – e ainda mais depois disso. Embora a genética e os hormônios tenham papéis importantes na queda de cabelo, os mecanismos exatos ainda não são totalmente compreendidos, razão pela qual os tratamentos para contê-la e revertê-la continuam imperfeitos, diz Arash Mostaghimi, vice-presidente de ensaios clínicos e inovação do departamento de dermatologia do Brigham and Women’s Hospital em Boston.

Mas você pode fazer algumas coisas antes e depois da chegada desse dia fatídico. Aqui está o que você precisa saber sobre o que funciona, quais são as novidades em termos de tratamento e o que é melhor evitar.

Metade dos homens terá algum tipo de calvície de padrão masculino até aos 50 anos de idade Foto: Eiko Ojala/The New York Times

O que causa a calvície de padrão masculino

A cabeça humana média tem cerca de 100 mil fios de cabelo. Cada um deles está conectado a um folículo, que pode conter de um a cinco fios.

“São basicamente órgãos independentes”, explica Mostaghimi sobre os folículos do couro cabeludo. “Têm suas próprias células-tronco. E se regeneram”.

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Normalmente, a queda de cabelo nos homens ocorre devido ao aumento de uma enzima no couro cabeludo que converte a testosterona em uma forma mais potente, chamada di-hidrotestosterona (ou DHT), ensina Mostaghimi. As razões pelas quais um homem pode ter mais DHT do que outro não são bem compreendidas, mas há um componente genético.

Quando os homens têm excesso de DHT no couro cabeludo, o hormônio inicia um processo complexo que leva à miniaturização do cabelo, no qual os cabelos e os folículos começam a encolher. (É por isso que os homens muitas vezes ficam com os cabelos mais finos nas áreas onde estão ficando carecas).

Essa queda de cabelo ocorre em uma sequência previsível: primeiro nas têmporas, depois na coroa da cabeça, onde são encontrados os maiores níveis da enzima agressora e sua testosterona modificada, conta Mostaghimi. Daí a expressão “calvície de padrão masculino”.

Como tratar (e prevenir) a queda de cabelo

Se você está preocupado com a queda de cabelo, o primeiro passo é marcar uma consulta com um dermatologista. Mas a dermatologia é um campo muito grande, então procure um médico que seja apaixonado por queda de cabelo, orienta Danilo C. Del Campo, dermatologista de Chicago especializado em queda de cabelo.

Quando você deve procurar um especialista? Idealmente, antes de ficar preocupado de verdade, dizem os dermatologistas, porque os medicamentos geralmente são melhores para evitar a queda de cabelo do que para revertê-la. “Quanto mais cedo você começar, maior será a probabilidade de manter os cabelos que ainda tem”, afirma Mostaghimi.

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Os tratamentos de primeira linha

Os dermatologistas geralmente recomendam dois medicamentos aprovados pela Food and Drug Administration [FDA, a agência sanitária dos Estados Unidos]: minoxidil e finasterida.

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O minoxidil é o mais conhecido. “Funciona bem para fazer o cabelo crescer”, diz Del Campo, quando os pacientes o aplicam pelo menos diariamente ou, de preferência, duas vezes ao dia. Vem em espuma ou em gotas. Del Campo recomenda o uso de uma formulação sem propilenoglicol, que pode irritar o couro cabeludo.

Demora alguns meses para o cabelo maduro crescer de novo, mas o minoxidil tópico não funciona bem para todo mundo e os especialistas dizem que muitas pessoas não gostam de aplicá-lo com tanta frequência. Além disso, como acontece com qualquer tratamento para queda de cabelo, se o paciente parar de usá-lo, vai perder todos os ganhos e a linha do cabelo vai continuar recuando, avisa Mostaghimi.

Outra opção é tomar minoxidil em forma de pílula, um uso off-label que alguns dermatologistas recomendam há anos. Entretanto, as pílulas fazem com que o cabelo cresça indiscriminadamente, até mesmo na barba ou nas axilas, embora isso varie de acordo com o paciente, explica Del Campo.

A finasterida tem aprovação para ser usada em forma de pílula para a queda de cabelo masculina, com prescrição médica. Estudos sugerem que a maioria dos homens que usam finasterida mantêm ou melhoram a cobertura capilar em cinco anos.

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Tomar finasterida por via oral traz um pequeno risco de disfunção erétil, informa Del Campo, que geralmente termina quando o paciente para de tomá-la. Ainda assim, ele disse: “É uma coisa que levo a sério quando discuto o assunto com meus pacientes”.

A finasterida também está disponível na forma de spray ou gotas. As formulações tópicas não são aprovadas pela FDA, mas ficaram populares entre fornecedores na internet, que podem prescrevê-las usando apenas um questionário online. Já se demonstrou que essas formulações funcionam com menos efeitos colaterais do que a pílula, diz Del Campo, mas ele enfatiza a importância de conversar com um dermatologista antes de comprar medicamentos prescritos online.

A comparação entre a finasterida e o minoxidil é complicada, pois os estudos muitas vezes medem os resultados de maneiras diferentes. O minoxidil tem obtido melhores resultados para o crescimento de cabelos, ao passo que a finasterida, segundo Mostaghimi, é considerada melhor para mantê-los.

Mas você não precisa limitar suas opções. “Geralmente se aceita que o tratamento combinado funciona melhor do que qualquer coisa isoladamente”, comenta Carolyn Goh, professora clínica associada de dermatologia da UCLA Health, porque esses medicamentos parecem funcionar por vias diferentes, com potencialidades diferentes.

Em geral, os planos de saúde não cobrem nenhum dos dois.

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Terapias secundárias

Existem outras alternativas, mas os especialistas dizem que essas terapias devem ser usadas junto com os medicamentos. Uma opção são as injeções de plasma rico em plaquetas (PRP). Nesse processo, o sangue do paciente é coletado, e o plasma é separado e injetado de volta em seu couro cabeludo.

Não é barato: custa de US$ 500 a US$ 1.500 por sessão, e os pacientes normalmente se submetem a três ou quatro sessões iniciais, com sessões de manutenção todos os meses, diz Del Campo.

Uma meta-análise recente concluiu que o PRP parecia promissor para alguns pacientes, mas era difícil afirmá-lo com confiança, pois os estudos foram realizados com metodologias diferentes. Especialistas como Del Campo não o recomendaram como tratamento único.

No Brasil, até o momento, a técnica do plasma rico em plaquetas só está liberada para pesquisas e o Conselho Federal de Medicina proíbe sua utilização em consultórios.

Outra opção é a terapia com laser de baixa frequência – geralmente com capacetes ou pentes. Embora haja evidências de que a estimulação do couro cabeludo com esses dispositivos possa ajudar no crescimento do cabelo, diz Mostaghimi, eles costumam ser caros (até US$ 2.500). Além disso, os consumidores às vezes têm dificuldade de distinguir entre dispositivos legítimos e fraudes, disse ele. Esses tratamentos devem ser vistos apenas como um complemento de outra terapia.

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Transplantes capilares

Alguns dermatologistas consideram os transplantes capilares o padrão-ouro da restauração capilar. Segundo os médicos, a tecnologia evoluiu muito nos últimos 25 anos. Durante o transplante capilar, os folículos são removidos de um local e recolocados onde são necessários. Isso pode ser feito removendo uma faixa da parte de trás do couro cabeludo ou realocando folículos de toda a cabeça.

O processo tem suas ressalvas. Primeiro, o transplante geralmente não dá resultados imediatos. E a linha original do cabelo continua recuando, então a habilidade do cirurgião faz muita diferença. Os pacientes também vão obter os melhores resultados se continuarem usando os medicamentos, informa Goh. Além disso, os transplantes são a opção mais cara: começam em cerca de US$ 7.000 e chegam a custar muitas vezes esse valor.

Desinformação e fraudes

Quando se trata de queda de cabelo, há muitos falsos remédios e muitos mitos também. Há quem diga que usar boné com muita frequência pode causar calvície, há quem culpe a falta de gorro em climas frios. As duas coisas são falsas, adverte Del Campo.

Algumas pessoas acreditam que o problema é lavar demais o cabelo; outras dizem o contrário. (Tudo falso, segundo os dermatologistas). Alguns sugerem que uma queimadura de sol no couro cabeludo pode estimular o crescimento. (Não faça isso).

Esfregar cebola ou alho na cabeça também não vai estimular o crescimento. (E ainda pode irritar o couro cabeludo, diz Del Campo).

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O óleo de alecrim viralizou no TikTok nos últimos anos. As evidências de sua eficácia são escassas, segundo os dermatologistas. Mas Del Campo diz que não vê problema em as pessoas experimentarem, observando que alguns produtos têm substâncias químicas adicionais que podem causar reações alérgicas.

Por fim, o papel da hereditariedade acrescenta mais uma camada de confusão. Você deve olhar para seu pai ou para o pai de sua mãe para ver seu futuro? Infelizmente, nenhum dos dois é um indicador muito confiável. Embora os genes tenham um papel importante na calvície, dizem os cientistas, eles não a predizem com certeza.

A calvície às vezes começa mais cedo de uma geração para outra, acrescenta Goh. Um neto pode começar a perder cabelo com menos idade do que seu avô tinha no início do processo, diz ela. “Pode acontecer quando você ainda é muito jovem”.

Nosso cabelo é uma das maneiras pelas quais dizemos ao mundo quem somos – e também afeta a forma como o mundo nos vê. Portanto, sua perda pode causar verdadeiro sofrimento. Mas você pode mudar as coisas começando uma conversa franca com um médico assim que aparecem os primeiros sinais.

“Há muitas opções, e o futuro é muito, muito brilhante para quem está lidando com o problema”, aponta Del Campo. “Ninguém precisa enfrentar isso sozinho”.

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Este artigo foi originalmente publicado no The New York Times.

/ TRADUÇÃO DE RENATO PRELORENTZOU

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