CAMPINAS - A Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) vai reformar o seu Hospital de Clínicas e criar uma sala de isolamento para casos suspeitos de Ebola e de outras doenças de alto contágio, como H5N1, H7, tuberculose e meningite, em seu pronto-socorro.
"Nós seremos a referência regional para possíveis casos de Ebola", afirma José Benedito Bortoto, diretor da unidade de emergência referenciada do HC. "Essa reforma vai servir para construirmos esse isolamento, que não temos."
Atualmente, o hospital de referência do Estado é o Emilio Ribas, na capital - o único paulista cadastrado no Ministério da Saúde. A referência nacional é o Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas, no Rio.
O Brasil teve apenas um caso suspeito da doença, em outubro, mas exames descartaram a presença do vírus em um paciente que veio da Guiné, um dos três países mais afetados pelo Ebola no mundo. No total, são mais de 8,1 mil mortes em Guiné, Serra Leoa e Libéria, segundo a Organização Mundial da Saúde.
"O problema do Ebola é que o cuidado tem de ser muito maior, pois 70% dos casos são fatais", diz Bortoto. Ele ressalta que a futura sala vai servir também para outras doenças. "A chance de ter um caso de Ebola é muito improvável, mas temos muitos de meningite e tuberculose, que também precisam de tratamento com isolamento."
A reforma, que começou na segunda, deve custar R$ 150 mil e durar 120 dias. Vai também readequar o fluxo na urgência e emergência do HC e inclui obras estruturais no prédio, que é da década de 70 e sofre com falta de manutenção preventiva - em 2014, um vazamento de esgoto afetou o atendimento no hospital.
Casos graves. Apesar de ser um hospital com a finalidade de atender casos graves, o HC também sofre com o excesso de atendimentos de baixa e média complexidade (70% da demanda atual), que devem ser os mais afetados pela reforma, segundo a direção.
"Nosso pronto-socorro deveria atender só os casos mais graves. Como o sistema de saúde de Campinas tem problemas, as pessoas não conseguem atendimento nas unidades básicas e vão para o HC", diz Bortoto. "Não vamos deixar de atender a quem nos procurar, mas queremos que as pessoas com casos menos graves deixem de nos procurar e procurem uma unidade básica de saúde."
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