Vacina ideal contra covid-19 tem dose única e armazenamento de 2 a 8 graus, diz Ministério da Saúde

Governo, porém, não descartou a compra de imunizantes com outro padrão; produtos que tiveram melhores dados de eficácia precisam de refrigeração especial

PUBLICIDADE

BRASÍLIA - O secretário nacional de Vigilância em Saúde, Arnaldo Medeiros, disse nesta terça-feira, 1º, que a vacina ideal contra a covid-19 seria de dose única e armazenada em temperatura de 2 a 8 graus. Ele ponderou que se trata de um "perfil desejado" e não descartou a compra de imunizantes que fujam deste padrão, como os produzidos pela Pfizer e pela Moderna, que já concluíram suas pesquisas e estão em fase de registro com as autoridades sanitárias dos Estados Unidos e da Europa.

PUBLICIDADE

As duas vacinas das farmacêuticas americanas precisam ser armazenadas a -70º e -20ºC, respectivamente. Ambas também exigem duas doses. O Brasil testa apenas uma vacina aplicada em dose única, a da Jhonson & Jhonson

"Qual o perfil da vacina desejada? Claro, que confira proteção contra a doença. Que tenha elevada eficácia, segurança. Capaz de fazer indução da memória imunológica. Que tenha possibilidade de uso em diversas faixas etárias e em grupos populacionais", afirmou Medeiros durante evento da pasta sobre combate à Aids.

Uma possível vacina contra a covid-19 poderá ser aprovada se tiver eficácia mínima de 50% Foto: Alex Silva/ Estadão

O governo já expôs, anteriormente, preocupação sobre o armazenamento em temperaturas negativas, pois as unidades básicas de saúde só possuem refrigeradores para produtos que ficam em temperaturas mais altas, de 2 a 8 graus.

A Pfizer afirma que tem um "plano logístico" para apoiar o transporte e armazenamento das doses ao Sistema Único de Saúde (SUS), caso o ministério feche contrato com a companhia. "Para isso, foi desenvolvida uma espécie de container (embalagem em formato de caixa) com temperatura controlada, que utiliza gelo seco para manter a condição de armazenamento recomendada, de - 75 °C, por até 15 dias", diz a empresa em nota divulgada no começo do mês. 

Publicidade

A aposta do governo, por enquanto, é no imunizante desenvolvido pela Universidade de Oxford (Reino Unido) e o laboratório AstraZeneca. O governo investiu cerca de R$ 2 bilhões para comprar 100 milhões de doses desta vacina, além de equipar a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), laboratório ligado ao Ministério da Saúde, para produção independente da droga. Esta vacina é armazenada em temperaturas de 2 a 8 graus, mas deve ser aplicada em mais de uma dose, segundo os estudos.

Em outra frente de atuação para encontrar uma vacina, o Brasil espera receber doses para 10% da população por meio do consórcio Covax Facility, liderado pela Organização Mundial da Saúde (OMS). O País investiu R$ 2,5 bilhões para entrar no consórcio.

O Instituto Butantã, ligado ao governo de São Paulo, desenvolve a Coronavac, em parceria com a farmacêutica chinesa Sinovac. O produto também está no "perfil desejado" do ministério para armazenamento, mas é aplicado em duas doses. Por disputa política com o governador paulista João Doria (PSDB), o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) fez a Saúde negar que comprará doses deste imunizante.

Nesta terça-feira, Medeiros disse que a vacina deve ser de tecnologia de produção barata e voltou a afirmar que o plano de imunização só deve ficar pronto após a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) registrar as primeiras vacinas. 

O plano do ministério tem dez eixos e está sendo discutido em grupos de trabalho. Na tarde desta terça-feira, técnicos do governo e de diversas entidades apresentam estudos feitos nestes grupos. Segundo Medeiros, a conversa ajudará a formar um "esboço" para o plano final. "Esse plano de operacionalização só ficará pronto, fechado, quanto tivermos uma vacina ou mais de uma registrada na Anvisa."

Publicidade

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.