Vacinação infantil: confira as sete dúvidas mais frequentes

Vacinas obrigatórias, necessidade de doses de reforço e imunização simultânea são algumas das questões que podem confundir pais, mães e responsáveis

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Por Ana Luiza Antunes, Camila Santos, Guilherme Santiago e Isabel Gomes

A queda na cobertura vacinal coloca o Brasil, que já foi exemplo mundial de imunização infantil, em um dos piores patamares dos últimos 30 anos. Saímos de uma média de 97% de cobertura vacinal para 75% em 2020, conforme mostram dados do Ministério da Saúde. Os números mais preocupantes se concentram nas taxas de vacinação contra a poliomielite, considerada erradicada no Brasil, e a tuberculose, doença controlada desde nos anos 1960 no País. A cobertura das vacinas da pólio e BCG foi de 70% em 2021, bem abaixo das taxas de 90% e 95% recomendadas pela Organização Mundial de Saúde (OMS) para as duas doenças.

Esse quadro reacende o alerta para o retorno de doenças já erradicadas. A ausência da circulação dessas doenças, graças à vacinação, combinada com a crescente onda de desinformação, desperta dúvidas em pais, mães e responsáveis sobre a importância das imunizações. Para esclarecer essas questões, o Estadão separou sete tópicos essenciais sobre o tema.

De acordo com o Ministério da Saúde, há pelo menos 18 vacinas destinadas a crianças de até 10 anos, conforme previsto pelo Plano Nacional de Imunização (PNI) Foto: Daniel Teixeira/Estadão

1. Quais vacinas meu filho precisa tomar?

De acordo com o Ministério da Saúde, há pelo menos 18 vacinas destinadas a crianças de até 10 anos, conforme previsto pelo Plano Nacional de Imunização (PNI):

  • BCG
  • Hepatite B
  • Poliomielite 1,2,3 (VIP - inativada)
  • Poliomielite 1 e 3 (VOP - atenuada)
  • Rotavírus humano G1P1 (VRH)
  • DTP+Hib+HB (Penta)
  • Pneumocócica 10 valente (Pncc 10)
  • Meningocócica C (conjugada)
  • Febre amarela (atenuada)
  • Sarampo, caxumba, rubéola (SCR)
  • Sarampo, caxumba, rubéola, varicela (SCRV)
  • Hepatite A (HA)
  • Difteria, tétano, pertussis (DTP)
  • Difteria, tétano (dT)
  • Papilomavírus humano (HPV)
  • Pneumocócica 23-valente (Pncc 23)
  • Varicela
  • Influenza

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2. A partir de que idade devo vacinar meu filho?

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Cada vacina tem um período específico de imunização. A maioria deve ser administrada logo nos primeiros meses de vida do bebê, assim como as doses de reforço.

Vacina BCG: Protege contra a infecção de casos graves da tuberculose, em dose única, e deve ser aplicada logo ao nascer, de preferência ainda na maternidade. Caso não seja possível, a criança deve receber a dose na primeira visita ao posto de saúde.

Vacina Hepatite B: Protege contra a hepatite B e também precisa ser aplicada ainda na maternidade, nas primeiras 12 horas de vida. Após a sexta semana, deve ser aplicada a vacina pentavalente, que protege contra a difteria, tétano, coqueluche, haemophilus influenza B e hepatite B.

Vacina VIP/VOP: Protege contra a paralisia infantil ou poliomielite. Deve ter sua primeira aplicação aos 2 meses de idade. É importante lembrar que as primeiras doses são administradas por injeção e as doses de reforço por via oral.

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Meningocócica C: Protege contra casos de meningite e deve ser aplicada aos 3 meses de vida do bebê.

Vacina Tríplice: Protege contra as doenças do sarampo, rubéola e caxumba. Administrada em duas doses, deve ser aplicada quando a criança completar 1 ano.

3. Quais vacinas precisam de dose de reforço?

Todas as vacinas precisam ser aplicadas novamente, exceto a BCG, de dose única. Confira abaixo como funciona o esquema vacinal de cada imunizante.

Hepatite B: Não é necessário reforço após a primeira aplicação, ao nascer. No entanto, aos 2 meses de idade, a criança precisa tomar a vacina pentavalente, que protege contra difteria, tétano, coqueluche, haemophilus influenza B e também contra hepatite B. O esquema da pentavalente é feito com três doses: a primeira é dada aos 2 meses, a segunda aos 4 meses e o reforço com 1 ano.

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Poliomielite VIP/VOP: A vacina injetável precisa ser aplicada em três doses. A primeira é dada aos 2 meses, a segunda aos 4 meses e a terceira aos 6 meses. Há ainda duas doses de reforço, que são aplicadas aos 15 meses e aos 4 anos de idade. Vale ressaltar que o reforço é feito com a VOP, a famosa vacina em gotinha.

Meningocócica C: O esquema básico do imunizante é feito com duas doses e um reforço. A primeira é aplicada aos 3 meses, a segunda aos 5 meses e a dose de reforço com 1 ano.

Tríplice viral: O imunizante é administrado quando a criança completa 1 ano e é aplicado em duas doses, ou seja, a primeira com SCR (sarampo, caxumba e rubéola) e a segunda com SCRV (sarampo, caxumba, rubéola e varicela). Com 1 ano e 3 meses, a criança precisa voltar ao posto de saúde e aplicar mais duas doses da vacina tetraviral, que além de proteger contra as três doenças da tríplice, protege contra a varicela. Neste caso, a primeira dose é com SCR e a segunda com a dose da varicela. Não é necessário reforço de nenhuma delas.

4. Todas as vacinas estão disponíveis no SUS?

Sim, todas as vacinas obrigatórias para crianças são ofertadas de forma gratuita no Sistema Único de Saúde (SUS), nas Unidades Básicas de Saúde (UBS).

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Em São Paulo, há 469 endereços de UBS onde é possível realizar a imunização. A lista de unidades e os respectivos endereços podem ser consultados aqui.

5. Quando ocorrem as campanhas nacionais de vacinação de 2022? É preciso esperar pelas campanhas para vacinar meu filho?

Anualmente, o Ministério da Saúde promove quatro campanhas nacionais de vacinação. São elas: Campanhas de Multivacinação, Campanha de Seguimento contra o Sarampo, Campanha Nacional de Vacinação contra a Poliomielite e a Vacinação contra a Influenza.

Neste ano, a vacinação contra a influenza ocorreu de abril a junho. De acordo com o Ministério da Saúde, esse imunizante fica disponível nos postos de saúde até acabar o estoque. Portanto, é necessário consultar a UBS do seu bairro. Nesse mesmo período, entre abril e junho, também foi incentivada a vacinação contra o sarampo. Embora o período já tenha passado, ainda é possível vacinar os pequenos nos postos de saúde, uma vez que as doses ficam disponíveis o ano inteiro.

As campanhas de poliomielite e a multivacinação foram realizadas de forma simultânea, entre 7 de agosto e 30 de setembro. Porém, independentemente da campanha, as doses de todos os imunizantes (pólio, hepatite, meningite etc.) são oferecidas de forma contínua na rede pública.

Portanto, embora todas as campanhas nacionais deste ano já tenham sido realizadas, é possível levar seu filho ao posto de saúde mais próximo para completar o esquema vacinal.

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6. Se eu fui vacinado, meu filho também precisa ser imunizado?

Os filhos sempre precisam se vacinar, independentemente se a mãe é vacinada ou não. Quando os anticorpos maternos passam para o feto, eles duram cerca de seis meses. Depois disso, acaba a vida útil dos anticorpos. O bebê precisa ser vacinado seguindo o calendário infantil.

7. Há algum risco de aplicar mais de uma vacina de forma simultânea?

Não há risco na aplicação de vacinas de forma simultânea. Evidências científicas mostram que a administração simultânea de múltiplas vacinas não leva a um aumento de eventos adversos do sistema imunológico em crianças. Além disso, a aplicação de várias vacinas ao mesmo tempo tem a vantagem de reduzir as idas a centros de saúde ou hospitais, o que se torna mais prático para os pais e eleva a probabilidade de completar o calendário de vacinação. Outra vantagem é que a oferta combinada de imunizantes – como a vacina contra sarampo, caxumba e rubéola – reduz o número de injeções na criança.

Tem outras dúvidas sobre a imunização infantil? Participe dos nossos grupos oficiais! O Vacina Estadão chega ao Telegram e volta ao Facebook para que você, leitor, possa enviar as suas perguntas e se informar com qualidade. Durante um mês, especialistas e autoridades na área da saúde vão esclarecer questões relacionadas à vacinação infantil. Quer saber mais? Entre no canal Vacina Estadão no Telegram e na comunidade Vem pensar com a gente, do Estadão no Facebook.

Fonte: Ministério da Saúde e Sociedade Brasileira de Imunologia (SBim)

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