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Vacinação polêmica gerou revolta popular

Fake news sempre tumultuaram campanhas de proteção

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Por Caderno Saúde
Atualização:
3 min de leitura
Frascos de vacina contra a peste bubônica feita no Instituto Oswaldo Cruz - Foto: Acervo Casa Oswaldo Cruz

Em tempos de fake news, a discussão sobre a importância da vacinação, mesmo durante uma pandemia, tem ganhado força e dado fôlego ao movimento antivacina. Há quem desconfie da ciência e de agências governamentais. Há quem tema pela segurança da vacina ou quem acredite em teorias conspiratórias e em tratamentos alternativos. 

Mas essa polêmica não é novidade. Em meados de 1904, quando o Brasil enfrentava um surto de varíola, parte da população também rejeitou a vacina.

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A ideia de um vírus vivo ser inoculado por meio de um líquido no próprio corpo gerou muita estranheza na população e ainda havia a crença de que quem fosse vacinado ficaria com feições bovinas. Porque o medicamento, na verdade, injetava pústulas de varíola de vaca na corrente sanguínea.

Oswaldo Cruz, então, motivou o governo a determinar a obrigatoriedade da vacinação. Apenas os indivíduos que comprovassem ser vacinados conseguiriam contratos de trabalho e matrículas em escolas, por exemplo.

A nova lei levou o povo às ruas e serviu de catalisador para a Revolta da Vacina. A população se recusava a ver sua casa invadida e ter de tomar uma injeção contra a vontade.

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Os jornais lançaram uma campanha contra a medida. O Congresso protestou e foi organizada a Liga Contra a Vacinação Obrigatória. Diante da revolta popular, a Escola Militar da Praia Vermelha se levantou, e o que se viu foi um verdadeiro campo de batalha.

Depois de uma semana, o governo venceu a rebelião, mas suspendeu a obrigatoriedade da vacina. Porém, diante de uma nova epidemia de varíola, em 1908, a população reagiu de forma diferente: por iniciativa própria, procurou os postos de vacinação, ciente da importância da prevenção para a saúde.

Batalhas contra as epidemias

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Principais doenças controladas por Oswaldo Cruz 

Varíola: propôs a vacinação obrigatória

Febre amarela: identificou o mosquito como transmissor, criou brigadas sanitárias para eliminar os focos do inseto e isolou os doentes

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Peste bubônica: vacinou moradores das áreas mais infectadas, promoveu o isolamento dos doentes e fez tratamento com soro antipestoso

O avanço das vacinas no Brasil

1771 – Primeira inoculação da vacina, na Inglaterra

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1804 – Chegada da vacina contra a varíola ao Brasil

1900-1901 – Criação do Instituto Soroterápico do Rio de Janeiro, com direção de Oswaldo Cruz (atual Fiocruz), e Instituto Serumtherápico, com Vital Brazil, em São Paulo (atual Instituto Butantã)

1904 – Revolta da Vacina

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1927 – Início da vacinação contra a tuberculose no Brasil (BCG)

1942 – Eliminação da febre amarela urbana no Brasil

1966 – Campanha de erradicação da varíola

1973 – Criação do Programa Nacional de Imunizações (PNI)

1975 – Campanha contra a meningite meningocócica

1976 – Criação do Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Bio-Manguinhos, da Fiocruz)

1977 – Primeiro calendário básico de vacinação

1980 – Campanha de vacinação contra a poliomielite

1989 – Último caso de pólio no Brasil, em Souza (PB)

1992 – Plano de Eliminação do Tétano Neonatal e do sarampo

1993 – “Operação Gota”, em áreas de difícil acesso e para populações indígenas

1995 – Substituição da vacina monovalente contra o sarampo pela tríplice viral (sarampo, caxumba e rubéola)

1997 – Implantação da vacina contra a rubéola para mulheres em idade fértil

1998 – Substituição da vacina isolada contra tétano (toxoide tetânico) pela vacina dupla bacteriana, tipo adulto (dT)

1999 – Campanha nacional de vacinação contra a gripe (a partir dos 65 anos)

1999 – Incorporação da vacina contra febre amarela ao calendário e introdução da vacina contra o Haemophilus influenzae b (Hib)

2002 – Introdução da vacina tetravalente no calendário (difteria, tétano, coqueluche e Hib), aos dois, quatro e seis meses de vida

2004 – Instituição dos Calendários da Criança, do Adolescente e do Adulto e Idoso

2006 – Introdução da vacina contra rotavírus

2006 – Eliminação do tétano neonatal como problema de saúde pública no Brasil

2008 – Campanha Nacional de Vacinação para Eliminação da Rubéola

2010 – Instituição do Calendário de Vacinação para os Povos Indígenas

2011 – Campanha Nacional de Vacinação contra Influenza

2012 – Introdução da vacina pentavalente (DTP, Hib e hepatite B) e da VIP (pólio com vírus inativo) no calendário infantil

2013 – Inclusão da varicela (catapora) na vacina tetraviral (tríplice viral + varicela)

2014 – Introdução das vacinas contra hepatite A (crianças), contra o HPV (meninas de 9 a 13 anos) e dTpa (gestantes)

2018 – Vacina contra HPV ampliada (meninos de 11 a 15 anos)

Fonte: Radis/Fiocruz

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