O Ministério da Saúde pediu à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) análise para liberar o uso da vacina Jynneos, que já tem sido usada em outros países contra a varíola dos macacos (monkeypox). O imunizante é fabricado pela empresa Bavarian Nordic, com sede na Dinamarca.
A solicitação da pasta para a liberação da vacina foi feita quatro dias depois de a agência decidir pela dispensa da obrigação de registro para importação de medicamentos e vacinas que previnem e tratam doença, em reunião extraordinária realizada na última sexta, 19. A decisão tem caráter temporário e foi tomada para tornar o processo de imunização da população no País mais ágil.
O Brasil espera receber 50 mil doses da vacina adquiridas através do fundo rotatório da Opas, braço da Organização Mundial da Saúde (OMS) para a América Latina. A previsão de chegada, inicialmente marcada para o fim deste mês, foi adiada para o início de setembro. A entrega, que também foi previamente anunciada como divida em duas remessas, agora será em três lotes.
A baixa quantidade de doses, segundo afirmou o ministro da Saúde Marcelo Queiroga em coletiva de imprensa na última segunda-feira, 22, será totalmente destinada aos profissionais da saúde que lidam diretamente com pacientes e materiais infectados pelo vírus. "Essas 50 mil doses não têm o poder de controlar esse surto", admitiu.
"A questão é que essa é uma vacina antiga, não é nenhuma vacina nova de uma tecnologia inovadora, cujos resultados a longo prazo nós não conhecemos. É uma vacina de vírus inativado, com uma pequena indústria da Dinamarca produzindo para atender uma necessidade restrita", complementou o ministro.
Ainda segundo Queiroga, a impossibilidade de a Bavarian Nordic "escalar a produção" apresenta um desafio para o País, caso seja recomendada a imunização em massa ou direcionada para públicos prioritários da população brasileira, algo que não é cogitado por ora. Nessa hipótese, o ministro afirmou que o Brasil dependeria da produção nos próprios parques industriais, citando o laboratório de Manguinhos, da Fiocruz, e o Instituto Butantan como possibilidades.
O processo de avaliação passará pela Comissão Técnica da Emergência Monkeypox criada pela Anvisa, e a decisão final caberá a Diretoria Colegiada da agência. Os diretores da entidade vão analisar se as características da vacina Jynneos são as mesmas aprovadas pelas autoridades sanitárias estrangeiras, que deram o aval para a aplicação do imunizante em outros países.
Até o momento, o Brasil contabiliza 3.896 casos confirmados de varíola dos macacos e uma morte. De acordo com o levantamento do Ministério da Saúde, o Estado que registrou mais diagnosticos para a doença foi São Paulo, com 2.528 casos, seguido de Rio de Janeiro (445), Minas Gerais (206) — onde foi notificado o único óbito —, Goiás (260) e Distrito Federal (156).
Os números colocam o Brasil como 3.º país do mundo com mais casos registrados. Em 20 de julho, o Ministério da Saúde somava 449 pessoas infectadas. O balanço atual de 3.896 pacientes representa um aumento de 767,7% em um mês. Além disso, nas últimas semanas, o País teve a confirmação dos primeiros dois casos da monkeypox em bebês com menos de um ano. Sinal de que, além do cresscimento de casos, há também a abrangência da faixa etária dos contaminados.
No mundo, o número de casos da monkeypox já ultrapassa os 41,5 mil diagnosticados, identificados em 96 países. O alto número de infectados tem levado ao aumento de demanda e, por consequência, da concorrência entre as nações para a aquisição da vacina e dos medicamentos que auxiliam no tratamento à doença, conforme declarou o diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom, na última quarta-feira, 17.
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