Apesar do ritmo atípico do outono, com a prevalência de dias quentes em vez das temperaturas mais amenas, as doenças respiratórias, comuns nesta estação do ano, estão em evidência na cidade de São Paulo. Segundo a Secretaria Municipal de Saúde (SMS), essas enfermidades representaram 43,4% dos atendimentos realizados em março deste ano. Seguindo a tendência, a plataforma Consulta Remédios (CR), que reúne dados de 3 mil farmácias brasileiras, também registrou um crescimento de 43% nas buscas de medicamentos voltados ao tratamento dessas condições.
Segundo os dados da plataforma, em janeiro foram registradas 1.758 vendas de itens relacionados a gripes e resfriados. Em fevereiro, esse número apresentou uma queda de 14%, totalizando 1.550 itens vendidos. No mês seguinte, março, observou-se um aumento leve, com venda de 1.568 itens. Já em abril o número saltou para 2.223.
Comparando os meses de fevereiro e abril, este último caracterizado pelo outono em sua totalidade (diferente de março, que transita para essa estação já no final do mês), é possível verificar o aumento de 43% nas vendas desses medicamentos.
“As buscas também aumentaram. Durante o mês de fevereiro, por exemplo, as pesquisas por medicamentos da categoria ‘gripes e resfriados’ totalizaram 835.167. Com a chegada do outono, esse número chegou a 1.070.91 de buscas no mês”, afirmou Rafaela Sarturi, farmacêutica da CR, que é uma espécie de marketplace onde as farmacêuticas se cadastram e fazem as vendas de seus produtos direto pela plataforma.
Além das temperaturas mais baixas, o outono também é caracterizado pelo clima seco, o que, de acordo com Sarturi, irrita a mucosa e contribui para a inflamação das vias respiratórias. Outro sintoma comum neste período é a coceira e a vermelhidão nos olhos. “Com a transição climática entre o verão e o outono, algumas doenças respiratórias se tornam mais frequentes, especialmente a gripe, o resfriado e as ‘ites’, como rinite, sinusite, bronquite, entre outras”, explicou a farmacêutica.
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Quando os medicamentos para gripe e resfriado mais buscados em 2024 são listados mês a mês, é possível perceber que algumas classes estão sempre presentes, como de analgésicos e anti-inflamatórios – dipirona e nimesulida são exemplos. “São remédios populares, que não demandam prescrição médica e podem ser usados no tratamento da maioria das doenças típicas do outono e inverno, embora a automedicação não seja recomendada, especialmente em crianças”, ressalta Sarturi.
Entretanto, ao observarmos os medicamentos mais vendidos, há uma predominância dos descongestionantes nasais. Um dos representantes dessa categoria foi o líder de vendas durante os três primeiros meses do ano, mantendo-se em primeiro lugar mesmo no verão. Medicamentos similares também estão entre os mais comercializados, o que levanta preocupações sobre o potencial risco de dependência associado a esses produtos. “É importante destacar que toda medicação possui contraindicações. Além disso, o uso excessivo de descongestionantes pode até mesmo levar ao vício”, adverte a farmacêutica.
Já quando se fala de variação de preços, a CR aponta que existe uma grande disparidade nos valores. Por exemplo, o cetoprofeno, um medicamento utilizado como anti-inflamatório, antitérmico e analgésico, pode ser encontrado no mercado com preços que variam de R$ 6 a R$ 55. “Apesar dessa ampla discrepância de valores, é importante ressaltar que a maioria dos medicamentos utilizados no tratamento dessas condições são de baixo custo”, concluiu Sarturi.
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