Wegovy: Anvisa aprova medicamento para sobrepeso e obesidade para crianças e adolescentes

Decisão foi baseada em estudo que mostrou redução de 16% no IMC de adolescentes com obesidade; novidade é vista positivamente por especialistas

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Foto do author Ana Lourenço
Atualização:

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou o Wegovy, medicamento da Novo Nordisk à base do princípio ativo semaglutida (apresentado em 2,4 mg), para o tratamento para sobrepeso e obesidade de crianças e adolescentes a partir de 12 anos. O remédio já tinha seu uso aprovado para adultos desde janeiro deste ano. A semaglutida age como se fosse o GLP-1, um hormônio que sinaliza ao cérebro a sensação de saciedade.

A nova indicação foi baseada no estudo ‘Step Teens’, que demonstrou redução de 16,1% no índice de massa corporal (IMC) em adolescentes com obesidade que tomaram o remédio.

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Para o estudo, 201 adolescentes entre 12 a 18 anos receberam Wegovy ou placebo uma vez por semana, durante 68 semanas. Ao mesmo tempo, passaram por mudanças no estilo de vida, para comparar eficácia, segurança e tolerabilidade do medicamento.

Enquanto aqueles que receberam medicação tiveram redução de 16,1% no IMC, quem tomou placebo viu uma redução de apenas 0,6%. Além do IMC, foram percebidas reduções no peso corporal e melhora em relação aos fatores de risco cardiometabólicos. Por outro lado, houve incidência maior de eventos adversos gastrointestinais (principalmente náuseas, vômitos e diarreia) no grupo com semaglutida em relação ao do placebo (62% vs. 42%).

Wegovy, medicamento da Novo Nordisk para obesidade, foi aprovado no Brasil para uso entre crianças e adolescentes Foto: REUTERS / REUTERS

“A obesidade é uma doença que pode começar na infância ou adolescência, e até 90% dos adolescentes com obesidade podem continuar convivendo com a doença na idade adulta. Esses pacientes também correm um risco maior de desenvolver problemas de saúde graves relacionados com o peso e, de acordo com o Atlas Mundial da Obesidade 2023, o Brasil terá 7,7 milhões de crianças com obesidade até 2030″, declarou a Novo Nordisk em nota sobre a aprovação.

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O médico Matheus Alves Alvares, coordenador do Departamento de Endocrinologia Pediátrica do Sabará Hospital Infantil (SP), concorda. “A gente vê a obesidade aumentando exponencialmente em todas as faixas etárias, desde as crianças até os adultos. Por isso, encaro essa notícia como algo positivo e como nova medida de tratamento”, conta ele.

Claro que as mudanças no estilo de vida, com dieta equilibrada e prática de exercícios, são essenciais. Mas, de acordo com Alvares, a novidade pode ajudar diversos pacientes adolescentes que, mesmo seguindo esses hábitos saudáveis, não conseguem se manter na meta de peso adequada.

“E sabemos que o excesso de peso quando na infância ou adolescência é prejudicial no futuro. Então, quanto mais precocemente você conseguir tratar, melhor”, afirma. “O ideal sempre é focar na mudança de estilo de vida, mas, em casos refratários, em que a criança não consegue, eu vejo com bons olhos (ter a opção do remédio)”, reforça.

O especialista ressalta que, do ponto de vista de estilo de vida, não dá para se esquecer de dois importantes fatores: excesso de telas e problemas para dormir. “Estudos mostram que crianças com sono desregulado, entre outros comportamentos de risco, também podem desenvolver sobrepeso e obesidade”, diz.

Nas redes sociais da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e Síndrome Metabólica (Abeso), a coordenadora de Departamento de Obesidade Infantil, Livia Lugarinho, aproveitou para abordar o preconceito de muitos diante da aprovação da Anvisa. “Por falta de assimilação de que a obesidade é uma doença, existem pessoas que ainda estranham que um adolescente precise de medicamento para controlar a condição. Duvido, porém, que teriam a mesma reação se fosse um remédio para reduzir glicemia de um jovem com diabetes. A obesidade é igualmente uma doença crônica preocupante”, declarou.

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Apesar da autorização, o remédio ainda não está disponível no Brasil. A previsão é de chegar às farmácias em 2024. Quando isso acontecer, seu preço máximo, de acordo com a CMED (Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos) será de R$ 2 484, nas doses mais altas, a depender do Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) de cada Estado. Em São Paulo, por exemplo, essa versão pode custar até R$ 2 383,43.

A compra dependerá de prescrição médica. Além de comprometimento do paciente aderir a outros comportamentos, como redução no consumo de calorias e prática de exercício físico. A aplicação subcutânea ocorre uma vez por semana.

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