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Brasil só tem a ganhar com Acordo de Paris, defende grupo de ruralistas e ambientalistas

Entidade que reúne mais de 180 membros do agronegócio, do ambientalismo e da academia, divulga comunicado reforçando seu posicionamento para que o País permaneça no Acordo de Paris – condição ainda posta em dúvida por Bolsonaro

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Atualização:

Atualizado às 19h

A Coalizão Brasil Clima, Florestas e Agricultura, entidade que reúne mais de 180 membros do agronegócio, do ambientalismo e da academia, divulga nesta quinta-feira, 13, um comunicado ao novo governo reforçando seu posicionamento para que o País permaneça no Acordo de Paris - condição ainda posta em dúvida pelo presidente eleito, Jair Bolsonaro.

Jair Bolsonaro ao lado de Nabhan Garcia (à dir.), da UDR, que defendeu diversas vezes que o Acordo de Paris não traz "nada" ao País. Crédito: Marcelo Teixeira/Reuters Foto: Estadão

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O grupo, composto por entidades como Sociedade Rural Brasileira (SRB), União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Única), Cargill e Amaggi, mas também por ONGs como Ipam, WWF, Ipam, Imazon, além do Observatório do Clima, defende que o Brasil "tem muito a ganhar" com sua permanência no acordo, estabelecido por 195 países como o principal instrumento para o combate internacional ao aquecimento global.

"O Acordo de Paris representa uma agenda de muitas oportunidades", escreve o grupo, que lista os benefícios para os vários setores: "Para os produtores rurais, o compromisso é visto como importante incentivo à criação de mecanismos que possam compensar produtores com excedentes de áreas preservadas em suas terras, como forma de remunerar o serviço ambiental prestado por essas áreas", aponta o documento.

"Para as florestas e a agricultura, o acordo representa uma indicação clara rumo a uma economia de baixo carbono. Uma parte relevante da economia brasileira está baseada no agronegócio, responsável por 23,5% do PIB nacional e 19% dos empregos formais no país. O setor é altamente dependente das condições climáticas para garantir sua produtividade. As florestas atuam como 'regador' da agricultura brasileira e protegê-las é o melhor caminho para garantir a perenidade do setor", continua.

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O grupo lembra que o Brasil é responsável por 7% dos produtos agrícolas em todo o mundo e que atender a critérios de sustentabilidade "pode atrair mais diferenciais e competitividade a seus produtos, valorizando sua imagem e reputação e abrindo novas portas em mercados internacionais".

Ao fim do comunicado, o grupo pede que o governo considere "os ganhos que o Acordo de Paris pode representar a diversos setores da sociedade", como listado pela coalizão no documento Visão de Futuro para as Florestas e a Agricultura.

Sinais do governo

Defesas como essas foram importantes nas últimas semanas para Bolsonaro voltar atrás, em seu plano de campanha, de fundir os Ministérios da Agricultura com o do Meio Ambiente. Mas o novo governo continua passando mensagens de incerteza sobre a permanência no Acordo de Paris.

Logo depois da eleição, o governo brasileiro desistiu de sediar a Conferência do Clima da ONU no ano que vem, a pedido de Bolsonaro; o presidente eleito continua falando que ainda pensa em abandonar o acordo; e o futuro ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, afirmou em entrevistas que a discussão sobre o aquecimento global é secundária.

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O comunicado da coalizão reforça um cenário que ficou claro desde o período eleitoral: de que, apesar de Bolsonaro contar com o apoio majoritário do agronegócio, há diferentes graus de concordância com o presidente eleito dentro desse grupo tão diverso.

O chamado agro moderno em geral quer a proteção ao ambiente e o cumprimento das metas estabelecidas junto ao Acordo de Paris porque sabe que isso pode impactar as exportações. Já a velha pecuária extensiva, que não quer se modernizar, pressiona por menos fiscalização e endossa o discurso da "indústria da multa".

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