BRASÍLIA – O governo brasileiro conseguiu se isolar completamente de seus países vizinhos na América Latina, em relação a operações de controle de incêndios e desmatamento na Amazônia e Pantanal.
No ano passado, quando as queimadas da Amazônia ganharam repercussão internacional devido aos níveis recordes de destruição, o presidente chileno, Sebastián Piñera, chegou a visitar o Brasil e anunciou o apoio do País em ações de combate. Ao lado do presidente Jair Bolsonaro, Piñera confirmou, no fim de agosto de 2019, o envio de quatro aviões chilenos para apoiar as medidas de controle do fogo.
O Estadão apurou que neste ano, porém, quando a Amazônia volta a sofrer com as queimadas e os incêndios castigam o Pantanal, fazendo deste mês de setembro o pior período desde 1998, quando as medições feitas pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) tiveram início, não houve nenhum contato entre Brasil e Chile de ações de cooperação.
Durante uma semana, a reportagem também questionou o Itamaraty sobre qualquer tipo de ajuda que o governo Bolsonaro tenha solicitado de países da América Latina para combater os incêndios, bem como eventuais ofertas de apoio vindas de seus vizinhos. O Ministério das Relações Exteriores informou, inicialmente, que havia contatado até quatro embaixadas para checar as informações. Depois, ignorou os pedidos reiterados de esclarecimento e não deu mais respostas.
Imagens de satélite mostram que a fumaça do Pantanal avança e se desloca sobre os países da América do Sul, com viagens que já chegam a mais de 5 mil quilômetros de distância a partir dos principais focos de incêndio.
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.