Calor aumenta quanto até 2030? Quanto energia limpa vai crescer?

Relatório de agência ligada à OCDE prevê alta da demanda geral de energia; avanço de fontes limpas não deve ser suficiente para cortar emissões a ponto de cumprir Acordo de Paris

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Por Redação
Atualização:

Um relatório divulgado nesta quarta-feira, 16, pela Agência Internacional de Energia (IEA, na sigla em inglês), ligada à Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), prevê aquecimento de 2,4ºC para o planeta Terra até o fim desta década. A China, maior emissor de gases poluentes atualmente, deve ser o território com maior aquecimento.

São Paulo tem batido recordes de temperatura máxima em 2024. Ondas de calor se tornam cada vez mais frequentes. Foto: Werther Santana/Estadão

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A agência diz que o mundo deve aumentar significativamente a produção de energia limpa na segunda metade da década, à medida que a produção de baterias e painéis solares dispara.

“Estamos agora avançando rapidamente para a Era da Eletricidade”, disse o diretor executivo da IEA, Fatih Birol, em uma declaração à imprensa feita no lançamento do relatório anual Perspectiva Energética Mundial.

Segundo o executivo, a energia em todo o mundo será “cada vez mais baseada em fontes limpas de eletricidade”. Mas há excesso de combustíveis fósseis que continua aquecendo o planeta.

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O relatório observa que, mesmo com o aumento da energia limpa, o mundo ainda está muito longe do que é necessário para limitar o aquecimento a 1,5 graus Celsius acima dos tempos pré-industriais – limite estabelecido no Acordo de Paris –, já que as emissões diminuiriam muito lentamente.

A previsão é de que a demanda por petróleo e gás atinja seu pico ainda nesta década e coloque o planeta no caminho para atingir 2,4 graus de aquecimento. A China, maior emissor de gases de efeito estufa do mundo, mas também o principal fabricante de painéis solares e baterias, está impulsionando as tendências globais de energia, conforme o relatório.

Nos últimos anos, o país foi responsável pela maior parte do crescimento na demanda por petróleo, mas agora os veículos elétricos representam 40% das novas vendas de carros internas, e 20% das vendas globais. Isso tem colocado os principais produtores de petróleo e gás “em uma encruzilhada”, aponta o documento.

O relatório indica que as emissões de gases de efeito estufa na China podem atingir o pico até 2025, mas “dada as mudanças em andamento na China, achamos que isso pode ser um pouco pessimista”, disse Bill Hare, CEO da Climate Analytics.

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Hare disse que “há muitas chances” de que as emissões da China já tenham atingido o pico em 2023, mas faltam dados para decretar isso com certeza. O país já representa metade dos carros elétricos nas estradas do mundo e, até 2030, projeta-se que 70% das novas vendas de carros na China serão elétricas.

Com suas maciças adições de novas energias eólica e solar, a China está alinhada com seu objetivo de enfrentar as mudanças climáticas, afirma o documento da IEA. O relatório delineia um futuro em que a adoção de veículos elétricos continua ganhando ímpeto, potencialmente diminuindo até 6 milhões de barris por dia de demanda por petróleo até 2030.

A agência disse que, com base nas tendências e políticas atuais e na disponibilidade de materiais, os veículos elétricos alcançarão 50% das vendas globais de carros em 2030.

Aumento geral da demanda por energia

A expansão da energia limpa, no entanto, está acontecendo paralelamente a um aumento na demanda por energia, incluindo a energia produzida pela queima de carvão, de acordo com a agência sediada em Paris.

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“Isso significou que, mesmo quando vimos crescimento recorde nas instalações e adições de energia limpa, as emissões continuaram aumentando”, disse Lauri Myllyvirta, analista-chefe do Centro de Pesquisa em Energia e Ar Limpos.

A demanda por eletricidade está crescendo ainda mais rápido do que o esperado, “impulsionada pelo consumo industrial leve, mobilidade elétrica, refrigeração e centros de dados e IA”, disse o relatório. Os contornos da transição de aquecimento, veículos e de alguma indústria para a eletricidade, disse, estão começando a ficar claros.

Globalmente, a IEA entende que a expansão da energia eólica e solar ao lado do aumento da adoção de veículos elétricos garantirá um pico na demanda por carvão, petróleo e gás dentro da década, com as emissões de carbono também alcançando seu ponto mais alto e diminuindo.

À medida que a China rapidamente muda para baterias e energia renovável, as empresas de petróleo descobrem que podem vender mais de seu produto para a Índia. A IEA projeta que a Índia adicionará quase dois milhões de barris por dia à sua demanda por petróleo até 2035, potencialmente oferecendo um salva-vidas aos produtores de petróleo que procuram compensar o declínio do crescimento em outras regiões.

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Laveesh Bhandari, presidente do think tank sediado em Nova Delhi, Centro para Progresso Social e Econômico, disse que o crescimento econômico em expansão da Índia significa que ela usará a energia que puder obter.

“Embora a demanda por VE aumentará exponencialmente, o crescimento não poderá cobrir todo o crescimento adicional na demanda por veículos”, disse Bhandari. “Portanto, o uso de veículos movidos a combustíveis fósseis aumentará por algum tempo antes de se estabilizar e cair.”

Com informações da Associated Press.

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