Tombada como patrimônio cultural nacional, a antiga casa de Chico Mendes foi atingida pela cheia recorde que afeta a maior parte dos municípios do Acre. Imagens publicadas pelo Comitê Chico Mendes nas redes sociais mostram o antigo endereço do líder seringueiro praticamente submerso, apenas com a parte superior visível. O imóvel havia reaberto ao público há menos de quatro meses, após passar por obra de reforço e restauro.
De acordo com a Prefeitura de Xapuri, o acervo da residência foi removido na segunda-feira, 26. Naquele momento, as águas do Rio Acre atingiam os fundos do imóvel e os banheiros. O nível da enchente se elevou nos dias seguintes.
Ao menos três pessoas morreram e mais de 24 mil estão desalojados e desabrigadas após as inundações no Acre, que deixaram 19 municípios em estado de emergência.
A casa tem um histórico de danos com cheias. Em 2015, outro ano de cheia atípica na região, o imóvel chegou a ficar praticamente submerso, enquanto as águas chegaram a quase um metro de altura no ano passado. Para evitar maiores danos, parte da estrutura — constituída de madeira amazônica — foi amarrada.
Móveis originais da casa e outros itens do acervo foram removidos pela Secretaria Municipal de Cultura e Turismo e o Corpo de Bombeiros, segundo a prefeitura. Local onde o ativista viveu e foi assassinado, em 1988, a casa é tombada em nível nacional desde 2011.
Diretor do Departamento de Patrimônio Material e Fiscalização do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), Andrey Schlee lamentou a situação em rede social e disse que o espaço será recuperado. “Nossa total solidariedade ao povo de Xapuri/AC, tragicamente atingido pelas fortes chuvas que atingem o Norte do Brasil. Vamos, mais uma vez, recuperar a Casa de Chico Mendes!”, afirmou.
A antiga casa do líder ambientalista havia sido reaberta para visitação em novembro após cinco anos fechada. O restauro havia incluído a substituição de peças de madeira da fachada e a recuperação de telhas danificadas, dentre outras intervenções, com custo de cerca de R$ 92 mil.
Segundo o Iphan, a casa foi construída com técnicas da carpintaria tradicional da região, com o formato em “v” e de barro, como um chalé. É dividida em quatro cômodos — sala, cozinha e dois quartos —, além dos banheiros dos fundos.
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