Ciclone no RS: Alckmin anuncia repasse de R$ 741 milhões para áreas afetadas

Presidente em exercício vai à região quase seis dias após a tragédia; ausência de Lula foi alvo de críticas. Maior catástrofe climática do Estado tem 46 mortes

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Foto do author Paula Ferreira
Por Paula Ferreira e Luciano Nagel
Atualização:

O presidente em exercício, Geraldo Alckmin (PSB), anunciou neste domingo, 10, que o governo federal destinará cerca de R$ 741 milhões de recursos para minimizar os danos causados pelo ciclone no Rio Grande do Sul. Os recursos serão alocados em diferentes ministérios, que utilizarão a verba para reconstruir o Estado ou para antecipar benefícios financeiros aos moradores da região atingida. Há 46 mortes até agora, na maior catástrofe climática da história do Estado.

Alckmin visitou áreas atingidas por ciclone neste domingo Foto: Luciano Nagel/Estadão

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Alckmin visita o Rio Grande do Sul quase seis dias após a tragédia. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ter sido criticado por aliados e pela oposição por não ter visitado a região. Na quinta-feira, 7, Lula participou em Brasília das comemorações do Dia da Independência, gravou vídeo comendo jabuticaba do pé e viajou rumo à Índia, onde participa de encontro do G-20.

O pacote de medidas anunciado por Alckmin inclui desde recursos para reconstruir estradas, reparo de unidades básicas de saúde, reconstrução das cidades, até antecipação de benefícios. O governo federal também atualizará o decreto de calamidade pública, passando de 79 municípios para 88 nessa situação.

“Temos três desafios. O primeiro é salvar vidas, o que foi feito e com enorme empenho, no sentido de buscar pessoas e salvar vidas. E continua o trabalho hospitalar de saúde. O segundo é reconstruir as cidades que foram destruídas. É impressionante a violência das águas. E o terceiro é salvar o emprego, recuperar a economia. Vamos encaminhar esses projetos. Precisamos de crédito mais alongado e com juros mais baixos”, disse Alckmin em coletiva de imprensa neste domingo.

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O presidente em exercício afirmou ainda que o montante de recursos destinados à crise no Rio Grande do Sul pode aumentar:

“Esse total dá R$ 741 milhões, que já estão autorizados, mas certamente vai crescer. Por exemplo, não estamos incluindo aqui o MEC, mas as escolas que tiverem problemas o governo vai disponibilizar recurso para recuperá-las”, explicou.

O governo inseriu no novo PAC um programa de prevenção a desastres, além disso, estuda incluir 1038 municípios sob risco de desastres ligados às mudanças climáticas em um estado constante de emergência para facilitar realização de obras e repasse de recursos.

“ Infelizmente em razão das mudanças climáticas esses desastres começam a ser mais frequentes. Então, o governo incluiu no novo PAC o programa de prevenção e desastres com contenção de encostas, drenagem. Conversei com o governador Eduardo Leite sobre a questão do Rio Taquari, os estudos para ver questão de dragagem e recomposição de matas ciliares”, contou Alckmin.

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Chuvas fortes causam mortes, estragos, enchente e deixam centenas de pessoas desabrigadas. No Bairro Entre-Rios, o Rio Passo Fundo subiu deixando diversas casas embaixo d'água. Foto: PAGOS

Antecipação do Bolsa Família e do BPC

Alckmin afirmou que, para ações compartilhadas entre o Ministério do Desenvolvimento Social (MDS) a Previdência Social, serão destinados R$ 57,4 milhões.

Segundo Alckmin, o pagamento do Bolsa Família para pessoas da região será antecipado para 18 de setembro. Além disso, o pagamento do Benefício de Prestação Continuada (BPC), repassado a idoso com idade igual ou superior a 65 anos ou à pessoa com deficiência de qualquer idade que tenha renda familiar per capita menor que um quarto do salário mínimo, será antecipado para o dia 25.

Normalmente o pagamento desses benefícios é feito de forma escalonada, mas devido ao desastre, todas as pessoas receberão o recurso nessas datas. Além da antecipação do pagamento, famílias beneficiárias do BPC poderão fazer uma espécie de “empréstimo” de mais um salário mínimo e pagar o valor em 36 parcelas, sem juros e sem correção.

O MDS também repassará aos municípios R$ 800 por desabrigado, em duas parcelas de R$ 400, que serão transferidas às prefeituras para atender à população.

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Ciclone causou a maior catástrofe climática da história do Rio Grande do Sul. Foto: Corpo de Bombeiros/Divulgação

Construção de 1500 casas

Outra medida anunciada pelo governo federal é a construção de casas na região atingida. O governo alocará R$ 195 milhões no Ministério das Cidades e no Ministério da Integração e Desenvolvimento Regional para construção de unidades habitacionais. Segundo o ministro das Cidades, Jader Filho, os municípios devem estar vinculados ao decreto de calamidade pública para solicitar as casas. El não especificou quando o sistema será aberto.

“ O governo determinou para os municípios atingidos por tudo isso (a construção) de 1,5 mil unidades habitacionais, unidades habitacionais de interesse social. Vamos reabrir o programa para municípios atingidos para que vocês possam dar entrada. É importante estarem vinculados a questão da calamidade pública, porque todas (as casas) estão vinculadas a questão da calamidade”, disse o ministro.

Operações emergenciais

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Cerca de R$ 26 milhões foram destinados ao Ministério da Defesa para financiar operações com helicópteros, maquinário e outros equipamentos utilizados para atender emergencialmente a população e nas operações de resgate. Alckmin explicou que as Forças Armadas poderão inclusive auxiliar na construção de pontes na região e outros aparatos.

Governo federal anunciou a construção de casas na região atingida pelo ciclone. Foto: Prefeitura de Lajeado/Divulgação

Reconstrução dos municípios

O Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional empregará R$ 185 milhões para reconstrução das cidades atingidas pelas chuvas e ações de defesa civil. Além disso, o valor será empregado também para ajuda humanitária às vítimas. Até o momento, o governo recebeu apenas 11 planos de trabalho por parte dos municípios. Alckmin afirmou que é importante que esses documentos sejam entregues para que os recursos sejam repassados.

“O governo não pode liberar um recurso sem ser solicitado então é importante no caso dos municípios a apresentação do plano de trabalho. Cada um apresentar o seu plano de trabalho para poder ser liberado o recurso, mas o será mais rápido possível”, justificou.


Distribuição de alimentos

O governo federal alocou R$ 125 milhões no Ministério do Desenvolvimento Social e no Ministério do Desenvolvimento Agrário para compra de alimentos por meio do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA). Alckmin explicou que serão comprados alimentos de agricultores da região e distribuídos para as famílias locais.

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Cerda de 20 mil cestas serão distribuídas, as primeiras 5 mil chegam neste domingo.

Reformas de Unidades Básicas de Saúde e kit de medicamentos

Para o Ministério da Saúde, serão destinados R$ 80 milhões para que a pasta reforme unidades básicas de saúde, reconstrua equipamentos de saúde destruídos e construção do hospital de campanha, que foi instaurado em Roca Sales. O ministério também enviou kits com medicamentos para as cidades atingidas.

Recuperação de pontes e estradas

Outros R$ 16 milhões serão utilizados pelo Ministério dos Transportes para fazer a recuperação de trechos da BR 116 que foram atingidos pela chuva. O recurso também será usado para recuperação de pontes no local.

Em Roca Sales, o nível das águas do Rio Taquari subiu 13 metros, deixando várias pessoas desabrigadas e até sem ter como sair de suas casas.  Foto: PREFEITURA DE ROCA SALES

Liberação de saque do FGTS

A Caixa Econômica Federal vai permitir o saque de parte do FGTS por pessoas que tenham sido atingidas pelas chuvas. Segundo Alckmin, quem tem saldo na conta e não fez retirada nos últimos 12 meses poderá sacar até R$ 6.220.

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Além disso, para os empresários locais, a Receita Federal vai prorrogar a data de pagamento de tributos federais. Os impostos de setembro poderão ser pagos em dezembro, e os de outubro, em janeiro.

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