Como é o navio-petroleiro que funciona como museu em Baku, sede da COP? Veja vídeo

‘Berço’ da indústria petroleira celebra história dos combustíveis fósseis em espaços culturais; confira imagens

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Foto do author Priscila Mengue

ENVIADA ESPECIAL A BAKU - Ao longo dos quilômetros de calçadão às margens do Mar Cáspio, vê-se muitas das transformações que Baku viveu em décadas: as “torres de fogo”, o passado soviético e as grandes obras arquitetônicas. Por ali, perto de um importante centro de artes, o movimento era mais de nativos do que de turistas no domingo, 10, véspera do início do mais importante evento sobre mudanças climáticas do mundo: a COP-29, sediada na capital do Azerbaijão.

É nesse trecho que se avista um navio parado junto à orla. Nas laterais, indica-se o seu uso atual: Surakhani Ship Museum. Apesar do que o nome possa indicar, não se trata apenas de um museu sobre navegação. Mais do que isso: de um museu sobre navios-petroleiros. Baku é considerada como o “berço” da indústria petroleira no mundo.

Surakhani Ship Museum funciona em antigo petroleiro Foto: Priscila Mengue/Estadão

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Para entrar, basta pagar 10 manats (cerca de R$ 35). Deixando o passaporte temporariamente, é possível sair com um audioguia. A visita adentra diferentes andares e cômodos do navio — que é um ex-petroleiro da Azerbaijan Caspian Shipping CJSC (ASCO), posteriormente aposentado e transformado em museu, aberto em 2021.

A ideia foi inspirada em exemplos do Reino Unido, Holanda e Turquia. Mas nenhum antecessor era ligado à história da indústria dos combustíveis fósseis.

“O navio-tanque-museu Surakhani desempenha o papel de uma ponte que liga o passado e o futuro da Azerbaijan Shipping Company às antigas tradições marítimas”, diz a descrição do espaço. “Foi um dos maiores e mais modernos petroleiros do seu tempo. Desempenhou papel importante na história do transporte marítimo de petróleo do Azerbaijão”, completa.

Museu fica na orla do Mar Cáspio, em Baku Foto: Priscila Mengue/Estadão

Com 123,5 metros de comprimento e 4,6 mil toneladas, transportou petróleo pelo Cáspio por décadas, desde 1957. Foi construído quando o território do Azerbaijão integrava a União Soviética. Em seus últimos anos, foi usado por uma refinaria.

Embora seja uma embarcação com décadas de história, não é tão antiga quanto o pioneiro Zoroaster, o primeiro petroleiro do mundo. Igualmente azerbaijano, foi criado pelos irmãos Nobel 80 anos antes, em 1877.

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Parte dessa história é contata em outra atração turística de Baku, a Villa Petrolea. Essa é a antiga mansão, do século 19, da mais importante família de “barões de petróleo” da história do Azerbaijão.

Na visitação ao navio-museu, a pessoa primeiramente é apresentada ao funcionamento básico de um navio, os tipos de equipamentos presentes e as diferentes funções de cada membro da tripulação. Aos poucos, essas instruções se encontram com a história de abundante presença de petróleo na região (que teria sido narrada até por Marco Polo séculos atrás). Hoje, os combustíveis fósseis representam cerca de um terço da economia do Azerbaijão.

Museu reúne objetos antigos, réplicas e arquivo em imagens Foto: Priscila Mengue/Estadão

Objetos de acervo, imagens históricas e réplicas compõem a parte expositiva. Há, também, alguns espaços interativos, como de simulação de comunicação por Código Morse. Além disso, um espaço exalta o chamado “líder máximo” do Azerbaijão, Heydar Aliyev, pai do atual presidente (no poder há cerca de 20 anos). Todo o material está em azeri (ou azerbaijano) e inglês.

Ao longo da exposição, reconhece-se que a produção e o transporte intensos de petróleo resultaram em poluição. A situação foi especialmente grave a partir dos anos 1940 e 1950, com o início da extração no mar. “Poluição foi infelizmente um problema comum porque a nova tecnologia não estava madura”, diz um trecho.

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