Os países em desenvolvimento e emergentes – exceto a China – precisarão de mais de US$ 2 trilhões por ano para financiar o combate à mudança climática, afirma um relatório solicitado pela presidência da Conferência do Clima (COP-27) e divulgado nesta terça-feira, 8. Quase metade do valor deve ser liberado por investidores externos.
Os investimentos nos mercados emergentes e países em desenvolvimento – excluindo a China – devem servir para “reduzir as emissões, reforçar a resiliência, enfrentar as perdas e danos provocadas pela mudança climática e restaurar a terra e a natureza”, afirma o relatório de especialistas encomendado pela presidência egípcia da COP e a presidência britânica da COP precedente.
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O valor total necessário para os objetivos deve alcançar US$ 2,4 trilhões por ano até 2030, afirma o documento publicado no terceiro dia da 27ª conferência internacional sobre o clima. Do total, aproximadamente US$ 1 trilhão deve proceder de investidores internacionais, de países desenvolvidos ou instituições multilaterais. O restante sairia das próprias economias desses países, de fontes privadas ou públicas.
O atual nível de investimentos nos países emergentes e economias em desenvolvimento (exceto a China) alcança US$ 500 bilhões. A análise, de 100 páginas, descreve uma série de medidas globais para tentar manter vivo o objetivo de aumento máximo da temperatura em 1,5ºC.
“Os países ricos deveriam assumir que é do seu próprio interesse”, explicam os economistas Vera Songwe, Nicholas Stern e Amar Bhattacharya, autores do relatório.
Eles apresentam propostas concretas como a refundação dos bancos multilaterais de desenvolvimento ou o aumento dos empréstimos com taxas de juros reduzidas ou nulas dos países ricos. Atualmente, o financiamento climático oscila ao redor de US$ 30 bilhões. O valor deve dobrar nos próximos três anos.
Os países emergentes incluem aqueles em desenvolvimento que registraram um grande crescimento nas últimas décadas, como Brasil, Índia, África do Sul, Indonésia ou Vietnã. A China, que é a segunda maior economia mundial e a maior emissora de gases do efeito estufa, é um caso à parte. /AFP
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