COP-30 precisa de suporte do governo e não ‘fogo amigo’, diz secretário do Observatório do Clima

Trava em nomeações de cargos da presidência da conferência e disputas internas sobre exploração de petróleo prejudicam andamento de negociações, segundo Márcio Astrini, colunista da ‘Rádio Eldorado’

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Por Redação
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O quadro não é animador: dados divulgados neste mês pela Organização Meteorológica Mundial mostram a perda de massa nas regiões glaciais por causa do aquecimento do planeta, que teve novo recorde em 2024. O agravamento da crise climática também fez o Brasil perder 3% de sua superfície d’água (em relação à média registrada desde 1985) só em 2024, segundo o MapBiomas, rede colaborativa formada por ONGs, universidades e startups.

Marcio Astrini, secretário executivo do Observatório do Clima, integra o time de colunistas da Rádio Eldorado para a cobertura da COP-30, em Belém Foto: Daisy Serena/Observatório do Clima

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A situação aumenta a “pressão” sobre a Cúpula do Clima das Nações Unidas (COP-30), que será realizada em Belém em novembro, segundo o colunista da Rádio Eldorado, do Grupo Estado, Márcio Astrini, secretário executivo do Observatório do Clima. Além do cenário externo desfavorável às negociações da conferência, a situação dentro do governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) também não é de tranquilidade.

Em sua coluna semanal no Jornal Eldorado sobre os temas mais relevantes da COP-30, Astrini comentou sobre a falta de novas nomeações para compor a presidência da conferência e a “briga” entre setores do governo em torno da exploração de petróleo na Margem Equatorial da Foz do Amazonas.

Desde o anúncio do presidente da conferência, o embaixador André Corrêa do Lago, e da secretária executiva, Ana Toni, quase não houve outras indicações. Isso, segundo Astrini, prejudica o andamento das negociações com os países.

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“O mundo já está jogando contra. Se a gente não se organizar nem pra dentro e destravar nossa burocracia, vai ficar bem difícil caminhar com o que o mundo precisa, que é uma COP com ótimos resultados”, afirma ele.

Entre os problemas no cenário internacional que travam o avanço das negociações, estão a saída dos Estados Unidos do pacto para frear a crise climática, após a eleição de Donald Trump, e as guerras, como as que ocorrem na Ucrânia e em Gaza.

No contexto doméstico, a sete meses da COP ganha os holofotes o impasse sobre o plano de explorar petróleo na região da Margem Equatorial, o que motivou ataques de Lula ao Ibama, que falou em “lenga lenga” na análise do pedido de licenciamento feito pela Petrobrás. Ministra do Meio Ambiente, Marina Silva tem afirmado que a decisão será tomada de forma técnica.

De acordo com Astrini, um sentimento de união e segurança pela presidência da COP é necessário para atingir esses resultados. “Saber que o governo vai dar suporte e não que ali na frente vai ter ‘fogo amigo’. As coisas precisam ser facilitadas, e não dificultadas”, afirma.

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Ouça na íntegra abaixo.