WASHINGTON - O presidente da China, Xi Jinping, anunciou nesta sexta-feira, 25, que o país vai lançar um sistemade controle de emissão de carbono em 2017. O chamado "cap and trade" colocará limite sobre as emissões e abre mercado para que as empresas comprem e vendam o direito de produzi-las.
A medida foi anunciada em Washington, ao lado do presidente Barack Obama, durante a primeira das visitas do presidente chinês ao Estado americano. A promessa já era esperada por autoridades americanas e chinesas, que aguardavam que ao menos uma luz fosse lançada à negociação entre os países: a luta global contra as alterações climáticas.
Os dois presidentes anunciaram uma visão comum para um acordo sobre a mudança climática global, um ponto "brilhante" em meio a tensões sobre suposta espionagem cibernética chinesa, políticas econômicas de Pequim e disputas territoriais com seus vizinhos.
A declaração feita nesta sexta-feira complementa um acordo conjunto lançado em novembro do ano passado com compromissos dos dois países de ações contra as mudanças climáticas. Na ocasião, os Estados Unidos anunciaram a meta de chegar a 2025 com emissões de gases de efeito estufa de 26% a 28% menores em relação a 2005.
Já a China comprometeu-se a não mais aumentar as emissões a partir de 2030, quando deverá elevar a participação das fontes renováveis a 20% de sua matriz energética.
A declaração conjunta, apesar de pouco ambiciosa, foi considerada importante para mover a engrenagem das negociações diplomáticas em torno de um acordo global contra o aquecimento do planeta.
Os líderes revelaram um acordo para construir um marco de emissões, elaborado no ano passado, delineando novas medidas para reduzir suas emissões de gases do efeito estufa.
O status da China de país em desenvolvimento resultou na falta de obrigação em prometer cortes de carbono, uma situação que irritou políticos dos Estados Unidos e de outras nações industrializadas. Para Obama, o acordo com o país fortalece suas possibilidades à frente da conferência sobre as mudanças climáticas que ocorrerá em dezembro, em Paris.
Rivalidade. Mas o acordo sobre o clima estava para ser ofuscado por desencontros maiores que reforçam uma rivalidade crescente entre as duas maiores potências econômicas do mundo. Obama disse que os Estados Unidos continuaram a falar sobre suas diferenças com a China.
"Nós acreditamos que as nações são mais bem sucedidas e o mundo progride mais quando nossas empresas competem no campo do jogo, quando as disputas são resolvidas pacificamente e quando os direitos humanos universais de todas as pessoas são respeitados", disse ele em um discurso de boas-vindas, com Xi em pé ao seu lado.
Em uma nota mais conciliadora, Obama reiterou que os Estados Unidos congratulam a ascensão de uma China que é "estável, próspera e pacífica".
Xi, em seguida, falou sobre a necessidade de ser "tolerante" sobre as diferenças entre os países, em "respeito mútuo" e em "atender a outra metade do caminho" a fim de melhorar as relações. Enquanto os dois líderes falaram, dezenas de manifestantes - a favor e contra Xi - agitaram bandeiras, bateram tambores e gritaram palavras de ordem.
Sexto emissor. Outro país que anunciou mudanças foi a Indonésia, sexto maior emissor global de gases de efeito estufa. O governo informou para as Nações Unidas suas metas de emissões para a Conferência do Clima, que será realizada em dezembro, em Paris. O plano apresentado pelo país prevê 29% de queda das emissões em 2030 em relação à quantidade estimada de emissões, caso o país não fizesse nada para contê-las.
A previsão é de que, nesse cenário, a Indonésia chegue a 2030 emitindo 2,88 bilhões de toneladas de CO2. Com a proposta de redução, as emissões serão de 2 bilhões de toneladas. Com apoio internacional, a Indonésia se compromete com redução ainda maior, chegando a 2030 com 1,7 bilhão de toneladas.
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