Empresa faz ‘carne’ de fibra de caju e valoriza bioeconomia da Amazônia

Em parceria com a Embrapa, irmãos estão produzindo hambúrguer, almôndegas e outros produtos a partir do bagaço que costumava ser descartado no meio ambiente

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Por Aline Reskalla
Atualização:

Os irmãos Thiago Rosolem e Bruno Rosolem se uniram em um projeto de bioeconomia que, além de ajudar a resolver um sério problema ambiental do Brasil, resultou em um alimento de alto valor nutricional que está gerando renda para as comunidades amazónicas e conquistando o paladar dos brasileiros. Em parceria com a Embrapa, eles estão produzindo hambúrguer, almôndegas e outros produtos a partir da carne do caju, ou melhor, do bagaço da fruta que costumava ser descartado no meio ambiente.

Thiago Rosolem, fundador e presidente da Amazonika Mundi, afirma que ele e o irmão tem uma missão: buscar na natureza muitas das soluções que o mundo precisa com urgência.
Rica em fibra, sem aditivos químicos e com sabor aprovado pelos consumidores de capitais como São Paulo e Rio de Janeiro, a carne de caju começa a chegar também no Sul do país e, em breve, a Minas Gerais.

Rica em fibra, sem aditivos químicos e com sabor aprovado pelos consumidores de capitais como São Paulo e Rio de Janeiro, a carne de caju começa a chegar também no Sul do país e, em breve, a Minas Gerais Foto: Amazonika Mundi

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Além de produzir alimentos saudáveis com ingredientes naturais, o empresário diz que o negócio tem como missão gerar renda para as comunidades locais da Amazonia e outras regiões inserindo na economia local os conceitos de economia circular.

O caju, por exemplo, é uma cultura de grande importância no Nordeste, em estados como Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte e na Bahia como um todo.
“Sempre trabalhamos com alimentação vegetariana e vegana, tínhamos uma vontade de ter um projeto de falafel. Quisemos fazer um produto 100% nacional, como missão mesmo”.

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Nas pesquisas, ele e o irmão acabaram chegando ao caju de forma inusitada. “Estávamos no Rio quando tocou Morena Tropicana, do Alceu Valença, que falava da pele macia, a carne de caju. Foi como um estalo”, relembra.

Eles procuraram a Embrapa, que já vinha realizando estudos para beneficiar o bagaço de caju, transformando-o em um coproduto da cultura de alto valor agregado ao mesmo tempo em que solucionava um grande problema da cajucultura, que é a disposição dos bagaços no meio ambiente, especialmente no Nordeste.

Na carne de caju e em outros produtos que fabricam, eles usam ingredientes totalmente naturais, originários da floresta Amazônica. Afinal, não faria sentido utilizar corantes, conservantes e outros tipos de aditivos químicos em alimentos que nasceram tendo a sustentabilidade como característica principal.

Entre esses ingredientes estão a pimenta indígena assîsî, o óleo de sacha-enchi, o óleo de patauá, extrato de açaí, entre outros. Essas iguarias são fornecidas por comunidades indígenas da floresta, do Xingu, WaiWai, Amazonia Peruana, do Pará, por exemplo.

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No caso da pimenta assîsî, por exemplo, são 87 famílias diretamente impactadas e 3,97 milhões de hectares de área conservada na Terra Indígena Trombetas/Mapuera, enquanto que a produção do óleo de sacha-inchi envolve 500 famílias diretamente impactadas e 750 hectares de área conservada e certificada orgânica.

“Nosso modelo de negócio promove a bioeconomia, que propõe um uso sustentável dos recursos naturais: a ideia é restaurar a biodiversidade e gerar renda ao mesmo tempo. Nesse projeto, as comunidades locais são as nossas grandes aliadas”, afirma Thiago.

A parceria com a Embrapa envolve a transferência de tecnologia e um contrato de 20 anos que prevê o pagamento de royalties. André de Souza Dutra, chefe-Adjunto de Transferência de Tecnologia da Embrapa Agroindústria de Alimentos, avalia que o sucesso do empreendimento está diretamente ligado ao movimento global por mais “sustentabilidade e saudabilidade”.

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“Muito se fala no mercado pelas questões de sustentabilidade e descarbonização. Além disso, entendo que hoje a população brasileira está muito preocupada também com produtos com alto teor de fibra, redução na gordura e sódio, ingredientes naturais, sem conservantes, que é a pegada da Amazônika Mundi”, diz ele.

Dutra garante que o sabor da carne de caju é incrivelmente gostoso. E convida aqueles quem desejam experimentar a iguaria para que visitem o estande da Embrapa na Anuga Select Brazil 2024, principal feira de alimentos e bebidas do mundo que será realizada entre os dias 9 e 11 de abril deste mês, no Anhembi. O endereço do estande é Rua F - Estande: #F.235, nº 12.

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