Energias renováveis

Num período de mudanças climáticas e restrições a emissões cada vez maiores, é importante focarmos nosso desenvolvimento na direção de uma economia de baixo carbono. Nesse sentido, é essencial valorizar as fontes alternativas de geração de energia elétrica que não adicionam emissões e explorá-las de forma crescente e em harmonia com a construção de hidrelétricas com reservatórios para equilibrar a sazonalidade e as oscilações dessas fontes alternativas. Tudo com responsabilidade e critérios técnicos e sem nos deixarmos levar por modismos ou por ações “politicamente corretas”. Essa harmonia é necessária porque as energias da biomassa e eólica, apesar de complementares às hidrelétricas, não atenderiam à “ponta” do consumo. Por isso a importância das térmicas a gás natural para firmar as hidrelétricas a fio de água da Amazônia.

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Por Adriano Pires e Abel Holtz
Atualização:

 

Sabemos que o potencial do Brasil em energia eólica é hoje estimado em cerca de 300 GW a 400 GW, que são empreendimentos de rápida implantação e não têm impacto social de grande monta. Um dos benefícios da inserção da geração dessa energia no parque gerador brasileiro decorre do fato de ela complementar a geração hidrelétrica no Sistema Interligado Nacional (SIN). Por exemplo, de junho a setembro, quando a vazão no Rio São Francisco diminui, ocorre maior incidência de ventos no vale do rio. Logo, a complementaridade poderá contribuir para aumentar a segurança do abastecimento energético, principalmente na Região Nordeste.

 

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A capacidade instalada mundial de energia eólica alcançou em 2009 157,9 GW, um crescimento de 31% em relação a 2008. Em termos absolutos, os EUA têm a maior capacidade de geração eólica (35,1 GW); seguidos por Alemanha, 25,7 GW; China, 25,1 GW; Espanha, 19,1 GW; e Índia, 10,9 GW.

 

A energia da cana-de-açúcar, além do etanol, pode propiciar-nos nos próximos anos, por meio do bagaço da cana, 12 GW somente com as atuais usinas. Ou seja, uma nova Itaipu. No caso da biomassa de cana, a tecnologia já está dominada e seu contínuo desenvolvimento já se dá de forma natural. No caso das eólicas, há uma tendência de ampliação de sua competitividade na medida em que as indústrias se desenvolvam, tornando o Brasil uma plataforma de produção com domínio tecnológico dos aerogeradores e componentes.

 

No caso da biomassa, há problemas para o seu avanço como importante geradora de energia. Por exemplo, a conexão das usinas ao SIN, que poderia ser resolvida com a transmissão sendo levada até as usinas; e a não existência de leilões por fonte e por submercados. Em São Paulo a rede da CPFL, por exemplo, não está dimensionada para transportar produção, mas para suprimento da carga, uma realidade insustentável.

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Está sendo elaborada uma regulamentação que permita estabelecer redes coletoras para interligar as usinas ao SIN. A solução seria planejar uma rede coletora de geração distribuída (GD) composta por ramais de rede básica (>230kV) e uma subestação coletora de GD localizada no centro de gravidade da GD (bioeletricidade, PCHs, UTEs) e “no pé de torre” da rede básica existente, com mínimo custo global.

 

O fato novo e que chamou a atenção no último leilão de energia foi o desempenho da energia eólica. A complementaridade com as UHE’s é biunívoca, seja eólica no Nordeste, seja biomassa no Sudeste. Necessita-se, com urgência, definir a energia assegurada dessas fontes por certificadora independente. Essa definição é fundamental, na medida em que teremos os preços dessas energias próximos à realidade de cada uma e, ao mesmo tempo, impediremos que produtores, no afã de ganhar leilões, forneçam fatores de carga que nunca serão alcançados. A atual assimetria da regulamentação da transmissão está fazendo com que as vantagens dessas fontes sejam transferidas ao preço de produção.

 

É necessário aplicar às fontes eólica e biomassa, o quanto antes, o mesmo conceito do Mecanismo de Realocação de Energia aplicável às hidrelétricas para ampliar o chamado “efeito portfólio”.

 

ADRIANO PIRES É DIRETOR DO CENTRO BRASILEIRO DE INFRAESTRUTURA (CBIE).

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ABEL HOLTZ É ENGENHEIRO, CONSULTOR NA ÁREA DE ENERGIA E NEGÓCIOS

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