Uma equipe de cirurgiões tenta salvar um paciente, mas em vão. Já não há mais batimentos cardíacos e a batalha está perdida. Devastada, a equipe começa a deixar a sala, menos uma mulher, a única que ainda acredita que algo pode ser feito. A cena poderia ser a clássica de uma série de televisão que retrata o ambiente de um hospital, mas aqui se trata apenas de uma metáfora para contar sobre florestas tropicais, desastres ambientais e as emergências climáticas que o planeta e a humanidade atravessam. O coração já sem vida representa as florestas, Joaquim Phoenix é o cirurgião e a médica que não desiste é uma mulher indígena.
O filme Guardiões da Vida é um curta-metragem de três minutos e uma produção das organizações Amazon Watch e Extinction Rebellion e tem como objetivo levantar fundos para ambas, que juntas trabalham em prol da conscientização e mobilização de atores sociais em prol das florestas. A película é a primeira de uma série de 12 episódios que explorará as questões mais urgentes para a sobrevivência de toda a humanidade.
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Para Phoenix, o filme é um chamado à ação. "O fato é que estamos cortando e queimando florestas tropicais e o os efeitos negativos dessas ações estão em todo o mundo. As pessoas não percebem que ainda há tempo, mas apenas se agirmos agora e fizermos mudanças significativas. Isso inclui nossas decisões de consumo, porque não podemos esperar que os governos resolvam essas questões para nós. Não podemos esperar até a próxima eleição para fazer essas mudanças. Temos uma responsabilidade pessoal de fazer mudanças em nossas próprias vidas e agir agora". Recentemente, Phoenix foi preso em um protesto organizado pela atriz Jane Fonda em Washington DC, nos Estados Unidos, quando falou sobre a ligação das mudanças climáticas e a agricultura animal.
Ao lado de Phoenix, uma série de estrelas de Hollywood participam do curta incluindo Rosario Dawson, Matthew Modine, Q'orianka Kilcher, Oona Chaplin, Adria Arjona e Albert Hammond Jr., do The Strokes, tendo Shaun Monson como diretor do filme. "A Amazônia é chamada de pulmão ou coração do mundo, mas, no lugar de imagens documentais, propusemos um ambiente de emergência com médicos e enfermeiras tentando salvar um paciente invisível com insuficiência cardíaca sistêmica. A reviravolta do curta não é apenas revelar quem são os paramédicos, mas quem eles tentam salvar", afirma o diretor.
No entanto, uma mulher indígena que salva a Amazônia não é uma metáfora, mas uma realidade e quem acompanha os movimentos delas por ocupar os espaços de poder sabe bem disso. Para Sônia Guajajara, coordenadora-executiva da Apib (Articulação dos Povos Indígenas do Brasil), o filme é muito importante para os povos indígenas do Brasil neste momento. "Este filme é uma prova do engajamento artístico internacional em torno da Amazônia e do entendimento do papel dos povos indígenas na defesa das florestas, do planeta e da vida. Precisamos da solidariedade internacional e do suporte daqueles que possam ampliar nossas vozes para que pedidos por ajuda cheguem a mais pessoas, dando visibilidade à nossa luta e denunciando a destruição da Amazônia e a violência contra os povos que defendem a sua existência".
Q'orianka Kilcher, atriz que interpreta a médica indígena do filme, disse que sente, como atriz indígena, uma forte responsabilidade de usar a influência para ampliar as vozes que raramente são ouvidas, incluindo todos os defensores indígenas ao redor do mundo. O próximo filme da série abordará o tema da negação, perguntando por que nós, como espécie, escolhemos ignorar os sinais de alerta em vez de decidir agir agora na emergência climática e ecológica.
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Eu na Floresta
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